Monday, 30 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Abaixo a sisudez

JORNALISMO LIGHT

O Wall Street Journal, tradicional jornal financeiro ? e segundo maior diário americano ? decidiu afrouxar o colarinho: mudou o design, aderiu às cores e introduziu nova seção semanal, Personal Journal, tudo para conquistar anunciantes e um público mais jovem e feminino.

Segundo Felicity Barringer e Lorne Manly [The New York Times, 1/4/02], a estratégia do Journal é investir em matérias para o consumidor, aumentando a cobertura de saúde, tecnologia, automóveis e finanças pessoais, assuntos que acreditam serem mais atraentes para o mercado publicitário. O diário quer também renovar e diversificar o público leitor: a maioria dos assinantes é formada por homens de 50 e poucos anos. A mudança está sendo conduzida por Joanne Lipman, editora responsável pelo sucesso jornalístico e financeiro do Weekend Journal, caderno que cobre entretenimento, turismo e transação de imóveis. Para o analista Steven N. Barlow, o êxito do Weekend estimulou o diário a expandir o conceito.

Howard Kurtz [The Washington Post, 1/4] observa que o Journal não é o único a seguir a tendência: “Coincidentemente, os dois maiores (e mais sérios) jornais da nação estão acrescentando seções de notícias soft“. O New York Times também anunciou o lançamento de Escapes, seção sobre carros, passeios e casas de veraneio.

A disputa pela paternidade da idéia já começou. “É lisonjeiro que eles tenham decidido começar uma nova seção que parece ter sido feita nos moldes de Weekend Journal [lançado há quatro anos]”, disse o porta-voz do Journal. Gerald Boyd, editor administrativo do Times, responde que Escapes faz parte de um projeto de expansão da seção de cultura que já tem cinco anos: “Nos sentiríamos da mesma forma quer o Journal estivesse fazendo isso ou não”.

Para Kurtz, o que não está em discussão é que os jornais estão de olho nos mesmos anunciantes de alto padrão, sem os quais tais seções não existiriam. Os executivos reagem: “Não criamos estão seção para apenas vender anúncios. Não pensamos desta maneira”, afirmou Boyd. Já o Journal aposta na demanda: para Lipman, “existe uma verdadeira fome por este tipo de informação”.