Monday, 30 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Reali Júnior

GRUPO KIRCH

"Grupo alemão Kirch está perto da falência", copyright O Estado de S. Paulo, 05/04/02

"O grupo alemão Kirch Media, que detém os direitos das Copas do Mundo de 2002 e 2006, além da F-1, poderá ter sua falência decretada nos próximos dias.

O grupo dirigido pelo magnata alemão Leo Kirch deve US$ 6,5 bilhões e as negociações entre os bancos credores e seus acionistas minoritários encontra- se num impasse total. Entre esses acionistas encontram-se a empresa Fininvest, do atual primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, Rupert Murdoch e o príncipe saudita Al Waleed. Segundo revelam fontes bancárias alemãs , ?a situação do grupo é critica e um pedido de falência poderá ser formulado a qualquer momento?. O Grupo Kirch havia herdado os direitos da Copa do Mundo do Japão e da Coréia do grupo suíço ISL, cuja falência foi decretada no ano passado.

O grupo controla cinco canais de televisão, um terço do mercado alemão de TV aberta e emprega 5.500 pessoas. Sua aventura na área da televisão a cabo levou o grupo a esse forte endividamento, mais de três vezes superior ao da TV Globo brasileira, que também enfrenta uma situação financeira difícil, provocada por seus investimentos em TV a cabo. Os analistas consideram que Leo Kirch, de 75 anos, que possui junto com sua família 79 % das ações do grupo, se deu mal ao entrar no mercado de televisão paga e a cabo, comprometendo outros setores lucrativos como, por exemplo os direitos de transmissão de televisão. Hoje, são os seus três principais acionistas minoritários, com 21% do capital, que estariam pretendendo assumir a maioria do Kirch Media, através de um aumento de capital, o que explica a resistência desses acionistas nas negociações com os principais bancos credores, entre eles o Bayerische Landesbank, HypoVereinsbank, Commerzbank e DZ Bank.

Os bancos credores responsabilizam os acionistas minoritários, que se recusaram a participar de um crédito de urgência de 150 milhões de euros, garantindo a sobrevivência do grupo durante algumas semanas. Se isso tivesse ocorrido, seria facilitado, numa segunda fase, um aumento de capital de 800 milhões de euros, do qual todos participariam. Essa não é a primeira vez que Leo Kirch enfrenta uma situação delicada, mas essa é a crise mais grave que o grupo já atravessou em razão do volume alcançado por seu endividamento.

A eventual falência desse homem de negócios da Baviera poderá ter repercussões políticas importantes durante a campanha eleitoral alemã, no mês de setembro. O adversário do social-democrata e atual chanceler Gehard Schröder será Edmund Stoiber, candidato da CDU-CSU, ministro presidente da Baviera e que sempre apoiou Leo Kirch, através do banco Bayerische Landesbank. Os meios financeiros alemães estão apostando no anúncio da falência nas próximas horas, mas não se pode esquecer que Leo Kirch soube contornar, no passado, situações quase tão delicadas quanto esta."