THE WASHINGTON POST
Atentados suicidas não são novidade. O que tem sido novidade no conflito entre israelenses e palestinos é seu uso contra a população civil e a grande freqüência com que têm ocorrido. Depois dos ataques de 11 de setembro, os leitores ficaram mais sensíveis a esse fenômeno e como ele é reportado nos jornais.
Na opinião do ombudsman Michael Getler (7/4), o Washington Post tem feito um bom trabalho na cobertura dos atentados suicidas, mas deixa a desejar no que diz respeito a transmitir o efeito que causam na sociedade israelense. Ao mesmo tempo, o jornal tem apresentado artigos de peso sobre o sofrimento que o ataque do exército de Israel leva à população civil palestina.
Os leitores têm opiniões controversas. Não raro sugerem que o Post tem tendência para defender os palestinos. Essa acusação foi feita, por exemplo, contra a matéria de 23/3 de Daniel Williams, que trata de uma moça de 23 anos que cometeu atentado explodindo-se. Getler acha que o artigo revelou aspectos interessantes, como o desespero que motiva os jovens suicidas e o papel dos agentes que os recrutam, poucas vezes comentado.
Houve reclamações de que o jornal teria dado pouco destaque à notícia de que palestinos usaram uma ambulância para transportar explosivos, motivo pelo qual soldados israelenses agora revistam esse tipo de veículo. Em outra reportagem de Williams, a Cruz Vermelha coloca em dúvida se isso teria mesmo ocorrido. A organização Médicos Sem Fronteiras divulgou documento no qual afirmam que a "obstrução à ajuda médica para civis palestinos atinge níveis alarmantes".
Getler termina lembrando que esta guerra é difícil de cobrir, pois ocorre em dois países com dois ou três idiomas. "Envolve um Israel democrático com acesso dos jornalistas ao governo, e territórios palestinos sem um governo de verdade, com líderes inacessíveis de grupos militantes, mas com muitas pessoas que estão sofrendo e cuja história precisa ser contada."