CASA BRANCA & TV
Cansados de ver Bush na TV, Thomas Daschle, líder da maioria democrata no Senado, e Richard Gephardt, líder na Câmara, escreveram aos presidentes da CNN, MSNBC e Fox News para reclamar da "falta de cobertura televisiva de eventos com a presença de líderes eleitos do partido democrata", enquanto a Casa Branca "recebe um nível extraordinário de atenção".
Howard Kurtz [The Washington Post, 13/4/02] revela que os legisladores estão levando a questão tão a sério que pediram ao Comitê Nacional Democrata para estudar a cobertura da CNN. De 1?. de janeiro a 21 de março, segundo a carta, a CNN transmitiu 157 eventos ao vivo envolvendo Bush e representantes do governo, e apenas sete com democratas eleitos, padrão semelhante a outras redes.
Os canais não precisam de um cronômetro, argumentam, mas é preocupante que "a cobertura favorável de redes a cabo à Casa Branca abafem a voz do partido democrata". A porta-voz de Daschle explica: "Não estamos dizendo que queremos cobertura igual, exata, equilibrada. Entendemos que o governo recebe mais atenção do que um partido". "Mas qualquer discurso da Casa Branca sobre política doméstica é tratado com a mesma importância e relevância do que aqueles sobre a guerra contra o terrorismo. Temos democratas no senado fazendo coisas relevantes para a guerra que deveriam ao menos ser consideradas na cobertura", completa o porta-voz de Gephardt. Phil Griffin, vice-presidente da MSNBC, responde: "As pessoas que ditam a política externa estão na Casa Branca. E, infelizmente para os democratas, os republicanos estão no cargo."
A cada semana, o governo monta estratégias para lidar com o Oriente Médio, o Afeganistão e os programas de TV de domingo. "Nós realmente pensamos em quem é a pessoa certa para aparecer no Meet the Press", admite o chefe de pessoal da Casa Branca, Andrew Card. "Freqüentemente falo com o presidente sobre quem são os melhores mensageiros."
A Casa Branca usa um sistema de rotação de convidados disponíveis para participar de Meet the Press, Face the Nation, This Week, Late Edition e Fox News Sunday. Até agora, o campeão de aparições foi Colin Powell (27 vezes), seguido por Condoleezza Rice (20), Donald Rumsfeld (19) e Dick Cheney (17). Howard Kurtz [The Washington Post, 15/4] revela que o rodízio deixa muitos âncoras frustrados. Sam Donaldson, um dos apresentadores de Week, diz que os funcionários empurram convidados do segundo escalão dizendo que "se não aceitar esse e aquele, pode encontrar dificuldade na semana que vem". Adam Levine, que dirige a operação, responde que não faz chantagem com os programas, mas "se você vê pessoas sendo tratadas de forma injusta fica relutante em participar da próxima vez".
Levine, ex-produtor de TV, estuda transcrições de participações anteriores e organiza uma sessão de perguntas para testar o entrevistado antes da gravação, preparação cansativa que desanima muitos funcionários. O diretor de Segurança Interna, Tom Ridge, foi interrogado por quase duas horas num destes treinos. "O importante é tentar pensar como um produtor de notícias de TV", diz Levine.
Bob Schieffer, âncora do Nation, é um dos insatisfeitos com o fato de a Casa Branca ter abandonado a prática de conceder entrevistas exclusivas. Todos os programas agora são obrigados a dividir convidados com os rivais. "Não gostamos, mas com uma guerra em andamento, temos que ser um pouco mais flexíveis."