Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Diferente, mas nem tanto

WIRED

A Wired, mantendo a tradição de constantes mudanças, vai estrear novo design na edição de junho. A revista de informática, sob comando do novo editor-chefe, Chris Anderson, tenta manter a cabeça fora d?água nesta época sinistra para a "nova economia". No ano passado, a quantidade de páginas de anúncio caiu 45%. Não se sabe até quando a editora Conde Nast a publicará, apesar de ser empresa conhecida por levar adiante publicações em dificuldades ? como Vanity Fair e New Yorker. Mas Si Newhouse, o proprietário, demonstrou que sua tolerância diminuiu ao acabar com Mademoiselle.

O redesenho tem a intenção de reafirmar a importância da Wired. De acordo com Dan Fost [San Francisco Chronicle, 12/4/02], o visual continua inconfundível e característico. O uso arrojado de cores, por exemplo, continua ? mesmo que não sejam as clássicas néon.

Novas seções serão criadas, e outras, eliminadas. "Preocupava-me o fato de que muito do conteúdo era facilmente confundido com publicidade", comenta Anderson, indicando outro aspecto que deverá mudar. O criador da nova cara da Wired é Darrin Perry, que foi diretor de criação da revista da ESPN e da Sports Illustrated.

Drew Schutte, editor que cuida das finanças, está confiante. "Acho que atingimos o fundo do poço em fevereiro. As coisas têm melhorado desde então." A Wired concorre ao prêmio National Magazine na categoria "excelência geral" para circulação entre 500 mil e 1 milhão de exemplares. O vencedor será conhecido em 1?/5.

BLOGS

A onda dos web logs ? ou simplesmente blogs-, diários virtuais cuja premissa básica é constante atualização, começa a revelar um novo meio de difusão de informações alternativas. Dentre os milhares de blogs com conteúdo altamente restrito, que só interessa ao círculo de conhecidos do autor, surgem verdadeiras revistas online com quantidade enorme de leitores.

Andrew Sullivan, antigo editor do The New Republic, por exemplo, anunciou que seu blog começou a dar lucro – ainda que dependendo em parte de doações. Em março, 200 mil pessoas visitaram seu sítio, em que faz comentários direitistas sobre assuntos genéricos, como padres pedófilos ou a crise no Oriente Médio. Apesar de o rendimento ser modesto, Sullivan planeja ganhar no futuro o mesmo que em seu emprego no jornal. O professor de Direito Glenn Reynolds chegou a registrar 43 mil visitas em seu blog.

O fenômeno destes sítios pessoais que atingem audiências altíssimas pode indicar algo sobre o futuro do jornalismo online. Por que os grandes jornais estão patinando na rede e não conseguem acertar a mão, enquanto uma só pessoa chega a resultados lucrativos? Primeiro, porque os blogs têm mais liberdade de publicar informações ou opiniões que a grande imprensa não poderia. Isso pode ser verificado pelo fato de muitos dos "campeões de audiência" serem de orientação direitista. Com posição contundente, colocam idéias muitas vezes provocativas e exaltadas, o que atrai público. Outro motivo para o êxito desses diários eletrônicos é eles serem mais bem adaptados ao ambiente virtual. "O jornal é leitura. A internet é conversa", define Jems Lileks, colunista do Minneapolis Star Tribune e autor de blog. A maior participação dos leitores e o fluxo de informação por vezes mais rápido que o de grandes jornais online são os pontos fortes deste meio. Há bloggers fazendo reportagens em tempo real com tecnologia sem-fio, o que seria impensável em portais que têm revisores e editores que emperram o fluxo de informação.

O que pode segurar a explosão dos blogs como novo meio de se fazer jornalismo é o custo da tecnologia necessária para sítios de alto índice de visitação e a dúvida do leitor com relação à sua confiabilidade.