O Comitê para Proteção dos Jornalistas [19/5/06] condenou um incêndio criminal ao jornal Tribuna Livre, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Três homens armados entraram na redação do jornal na quinta-feira (18/5), atacaram cinco funcionários e incendiaram o parque gráfico e as cópias da edição do dia já impressas. Depois, os criminosos jogaram uma bomba caseira no local e fugiram a pé. O jornal havia coberto por quase uma semana a onda de violência que atingiu a cidade e outras regiões do estado de São Paulo.
‘Estamos chocados com este ataque brutal ao Tribuna Livre. Pedimos às autoridades uma completa investigação do caso, e que os responsáveis sejam levados à justiça. É uma afronta que criminosos armados determinem o que a mídia pode ou não cobrir’, afirmou a diretora-executiva do CPJ Ann Cooper.
Os criminosos disseram aos jornalistas que o Tribuna Livre não deveria publicar nada sobre a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), responsável pelos ataques em São Paulo e pelas rebeliões ocorridas em diversos presídios do estado. Henrique Vettman, diretor do jornal, afirmou em declaração que o ataque não vai silenciar a linha editorial do Tribuna Livre.
Venezuela encerra investigação contra jornalista
A organização Repórteres Sem Fronteiras [17/5/06] parabenizou a decisão de uma corte de Caracas, na semana passada, de encerrar a investigação contra o jornalista Napoleón Bravo, crítico do governo do presidente Hugo Chávez. O repórter era acusado de insultar a Suprema Corte da Venezuela durante um programa que apresenta na emissora de TV Venevisión, em 2004.
Bravo, que trabalha atualmente para a Unión Radio, teria chamado a Suprema Corte de ‘bordel’ e a acusado de estar sob controle político. A investigação do jornalista foi iniciada em fevereiro deste ano; seis dias depois ele foi proibido de deixar o país e obrigado a fornecer relatórios regularmente a um juiz.
A reforma do código criminal adotada em março de 2005 aumentou as penalidades para ofensas cometidas pela imprensa, especialmente referentes a insultos ou difamação de figuras públicas – o que piorou a situação do jornalista. Bravo foi, então, condenado a 15 meses de prisão. Seu advogado, Alberto Arteaga, alegou que o repórter não poderia ser acusado por esta nova lei, pois ele teria criticado a Suprema Corte como um todo, e ninguém individualmente. O escritório do procurador-geral ainda pode apelar da decisão.
Repórter argentino sofre roubo eletrônico
O repórter Daniel Santoro, do jornal argentino Clarín, teve sua troca de e-mails com o juiz Daniel Rafecas sobre um caso de tráfico de drogas roubada em 11/5. As mensagens foram enviadas ao advogado de um dos réus. A organização Repórteres Sem Fronteiras condenou em seu sítio [18/5/06] o caso de roubo eletrônico e espionagem sofrido por Santoro. Segundo a RSF, o jornalista ‘está certo em considerar o roubo dos e-mails como violação de confidencialidade das fontes’.
O caso, chamado de Viñas Brancas, trata de uma suposta tentativa de dois cidadãos sérvios para levar 171 kg de cocaína para a Europa. Cópias de todos os e-mails entre Santoro e o juiz foram parar, de alguma maneira, na mesa de Juan Manuel Ubeira, advogado de um dos sérvios. Na opinião de Santoro, a troca de e-mails foi copiada com o objetivo de desacreditar o juiz e sabotar a investigação judicial.