MÍDIA ESPORTIVA
Comentário de M.N. sobre a matéria "Fonte e repórter, parceria polêmica", de Marinilda Carvalho, publicada na edição 170 deste Observatório
Em relação à reportagem ? que belo espaço ganhei, hein? Obrigado [veja remissão abaixo]. Peço considerar:
1) O seu lead foi infeliz. O Ricardo Teixeira ao telefone não disse absolutamente nada do que lá você inventou e chutou no segundo tópico de seu texto. Ouça a gravação "em anexo". Merecerei desculpas, urgente. Ou seja, desculpas no site.
2) Meu sotaque é de mineiro legítimo de Muzambinho, MG. Há 50 anos e meio. Se a senhora tivesse tido o cuidado de garimpar ou de entrar em "Biografia", em meu site <www.miltonneves.com.br> também esse seu erro teria sido evitado. Ou por que não veio a São Paulo? Entrevista é olho no olho, viu?
3) A audiência do Terceiro Tempo é maior no Rio. Consulte o Ibope antes de escrever. E era maior ainda ai nos tempos do SuperTécnico.
4) O tal Guilherme Estanislau do Amaral é surdo ou mentiroso! Repito: surdo ou mentiroso!!! Ou foi inventado por você, sei lá! É só ouvir o que te envio para te ajudar a se consertar. É som original, do dia, do fato. Aliás, a senhora deveria ter ouvido antes, deveria ter pedido a fita. Escrever de orelhada não é antiético? Você deu uma "soninhada". E ouça também o Dr. Paulo Amaral, ex-presidente do São Paulo, dizendo, espontaneamente, e igualmente na TV Record, que foi consultado também pelo Ricardo Teixeira para escolher o técnico para a Seleção. E o Dr. Paulo Amaral é jornalista? E agora, como ficam você e seu "internauta", Marinilda? E a atendi duas vezes pela tradicional excelência de propósito de sua publicação. Não atendi a mais ninguém. Leia o TeleJornal do Estadão do dia 28/4/2002. Ah, leia também Alberto Helena Júnior no Caderno de TV do Diário de São Paulo, do mesmo dia. Você entenderá melhor por que o rancor de alguns coleguinhas.
5) Nunca disse à senhora, naquele raciocínio, que "se o Brasil perdesse eu ia ser o culpado". Que asneira é essa? Eu disse: "Revelei antes do Mundial porque acho que ganharemos 7 jogos em junho e se falo depois ninguém acreditaria." Ou seja, se revelo depois de a Seleção e do Felipão ganharem a Copa eu seria chamado de oportunista. Você sabia que esse seu atabalhoado parágrafo não teve nenhum nexo? Leia aí de novo.
6) Minerva? Que minerva? Ouça a fita. Soube do "desempate" depois de "votar". E agora?
7) Vítima se explicando? Mas, é claro!!! Meu inconformismo ao telefone foi porque a senhora não queria explicações do que claramente é o mais importante daquele caso, ou seja: fui agredido covarde e levianamente e acusado de ter recebido vantagem econômica (grana) para "indicar o Felipão". A senhora não viu integralmente o programa do sujeito também? Orelhou de novo? Esse é o ponto central, Marinilda! Isso tem que ser investigado: meu covarde agressor tem razão ou eu sou mesmo um injustiçado? Sacou? Se revelei tarde ou cedo demais, se perdi uma grande reportagem, se fui (ou sou) mau jornalista, se sou vaidoso etc… tudo bem, aceito qualquer crítica, a opinião é livre, estou na área e sujeito a críticas, mas em minha honra ninguém toca sem ferrenha defesa e disciplinado e obstinado contra-ataque. Por isso, insisto, Marinilda, ligue para quem quiser, para meu gratuito agressor e use de novo sua maneira especial de inquirir as pessoas. E creia: "Eu exijo ser investigado". Quanto a AmBev "me pagou"? Foi o que o sujeito sustentou. Vamos lá, Marinilda, mãos à obra! Ou é ético jornalista acusar outro jornalista de receber dinheiro para indicar técnico para a Seleção? E as provas? E você não vai publicar isso? Não vai investigar? Vamos apurar!!! Ao final, um dos dois (ele ou eu) será ou seria banido do jornalismo. Proponho essa aposta registrada em cartório. Que tal? Enquanto isso, aguardo suas novas reportagens e, de minha parte, terei vários encontros com meu agressor nos tribunais da vida. É o meu jeito de apurar. No Fórum não tem orelhada. Ah, já que você adora tanto os meus e-mails, leia o editorial que publiquei no Agora São Paulo do Grupo Folha dia 28/4/2002 ? a Soninha é bem lembrada ali.
PS: De quebra, leia o que a Aceesp achou da agressão daquele sujeito a mim. E agora, Marinilda?
Correspondência da ACEESP
São Paulo 2 de maio de 2002.
Ilmo. Sr. Dr.
Antônio Carlos S. Catta-Preta
Prezado Senhor,
Atendendo ao seu ofício datado de 19-04-02, no qual V.S. pede intervenção da Aceesp contra o jornalista José Trajano, esta presidência, com os poderes que lhe conferem os Estatutos da Associação, convocou em caráter extraordinário a Diretoria.
Efetivamente na noite de 28/04/02, a Diretoria de fato se reuniu e deliberou o que passo a relatar.
Este presidente colocou todos a par de vosso pedido. Em seguida foi exibida a fita onde o jornalista José Trajano faz graves acusações ao jornalista Milton Neves.
Após a exibição da fita, esta presidência pediu que cada um dos diretores emitisse a sua opinião sem, entretanto, a preocupação de votação. A votação, esclareceu este Presidente, só se daria depois que o assunto fosse exaustivamente discutido.
Estiveram presentes os seguintes diretores: Hélio Cláudino, Fiori Gigliotti, Ricardo Fontenelle, Silvio Natacci, Mário Albanese, Carlos Eduardo Leite, José Isaias, Ana Marina Maioli (que secretariou a reunião) e este presidente que, efetivamente, presidiu a reunião.
Todos os Diretores, cada um de per si, foram unânimes em declarar que não houve qualquer deslize no comportamento do jornalista Milton Neves. Para todos os diretores, ao atender o telefonema do presidente da Confederação Brasileira de Futebol, dr. Ricardo Teixeira, e emitir a sua opinião quanto à escolha do técnico da Seleção Brasileira, Milton Neves agiu com a mais absoluta correção. Foram todos também unânimes em afirmar que, se fossem consultados, teriam a mesma atitude. Para todos os Diretores, o fato do presidente da CBF ter telefonado pessoalmente ao Milton Neves, prova o grande momento em que vive o jornalista na sua carreira.
Este presidente fez questão de afirmar que esta era também a sua postura. E mais: que também atenderia ao telefonema. E que se o presidente Ricardo Teixeira quisesse saber a sua opinião, nem precisaria se dar ao trabalho de telefonar: bastaria ouvir os seus comentários esportivos na Rádio Atual. "Emitir opinião faz parte da rotina profissional de qualquer comentarista esportivo", frisou. Este presidente informou ainda ser o portador das opiniões de dois outros diretores que, por motivos particulares, não puderam comparecer à reunião: o vice-presidente Luís Carlos Quartarollo e o secretário da Diretoria Roberto Baschera. Ambos, afirmou o Presidente, também não viram qualquer falha ou falta de ética jornalística no comportamento do Milton Neves.
Na seqüência, este Presidente propôs que se passasse à votação.
Ouvido voto por voto, foram todos unânimes em aprovar, sem restrições, o comportamento do jornalista Milton Neves.
A Diretoria considerou, de forma unânime, que o jornalista José Trajano teve postura antiética ao insinuar, sem qualquer fundamento, que Milton Neves teria atendido ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, visando qualquer interesse financeiro.
Também por unanimidade, ficou decidido que a Aceesp, como entidade, não devia promover nenhuma ação jurídica contra o jornalista José Trajano, até mesmo por entender que Milton Neves está bem representado com o advogado que constituiu.
Finalmente, determinou a Diretoria que se desse ciência a V.S. desta decisão.
Atenciosamente,
Mário Marinho, Presidente.
PS ? Após a reunião, ao chegar em casa, encontrei, em minha caixa de correspondência eletrônica, uma mensagem de outro Diretor que não pôde comparecer à reunião. Trata-se do Diretor Maurício Noriega que também não viu nada de anormal no comportamento jornalístico de Milton Neves. "Ele agiu como deve agir todo jornalista. A bem da verdade, em tese, eu não vejo muita diferença em José Trajano comparecer à CPI para prestar informações e o Milton Neves participar da indicação do técnico da Seleção Brasileira", finalizou ele.
Texto do editorial do jornal Agora São Paulo do dia 28/4/2002
A lição do Mestre
Caro jornalista esportivo, peço que você leia o texto abaixo e reflita. Quem escreveu, um dia, em Harvard, foi o fantástico Alexander Solzhentisyn: "A precipitação e a superficialidade são as doenças psíquicas do século 21. E mais do que em qualquer outra parte essas doenças se refletem na imprensa. Para ela, a análise em profundidade de um assunto é um anátema". Então, não custa em nosso pobre mundinho do futebol ? a coisa mais importante do Brasil dentre as menos importantes ?, que a gente sempre fale ou escreva com base na informação pesquisada, investigada, e não (nem de vez em quando) por orelhada. A Soninha, por exemplo, citou-me em sua coluna e depois recebi dela um amável e-mail-resposta em que confessava ter escrito sem ter ouvido a matéria que foi tema inspirador de seu texto. "Milton, você tem razão: eu não ouvi o programa, só fiquei sabendo do que aconteceu graças a imensa repercussão…", escreveu. Pode? Mas foi só uma escorregada de uma pessoa que tanto admiro, a ponto de (voluntariamente) tê-la indicado à TV Record num momento especial da vida dela. Ela só não assinou contrato, ao ser demitida pela TV Cultura, por já ter assumido compromisso anteriormente com a ESPN Brasil. Foi o que explicou, à época. Mas, isso não é nada. Pior, gravíssima, é a agressão distante da vítima, gratuita, mesmo que preparada e ensaiada há anos, num golpe rasteiro de jornalista contra jornalista que não se conhecem. E sem que o agredido jamais tenha feito qualquer mal (ou bem) ao agressor. Pode? Agora, explicando: estou processando ? de todos os jeitos possíveis e permitidos pela Justiça ? um jornalista carioca radicado em São Paulo. E esse caso até foge da exclusividade do (meu) foro íntimo. Ele, o caso, considero, é lapidar, conceitual, oportuníssimo, e, se terminar mesmo em amplas condenações ? conforme expectativa de vários entendidos na matéria ?, vamos estabelecer &agravagrave; partir do final dos processos, um divisor de águas no comportamento da imprensa esportiva do Brasil, em relação a assuntos que fogem de inocências como pênalti, impedimento, frango, técnico "burro", zagueiro espadaúdo ou atacante fazedor de gols. É que, com a boca torta pelo permanente uso do cachimbo, uma minoria entre os cronistas esportivos ainda fala da honra do próximo com a mesma desenvoltura com que chama o goleiro de frangueiro, o beque de perna-de-pau ou bandeirinha de "cego". Com o olho precisando emagrecer, resolve "achar" e manda bala. Sim, recebi balas, mas estou devolvendo com petardos de um calibrado arsenal. Que podem até ser considerados meros traques ao final dos processos. Mas, a Justiça, como sempre, saberá como avaliar, analisar, definir, decretar e, eventualmente, condenar. Enquanto isso, vou continuar tocando a bola como empresário, publicitário e como jornalista do Agora São Paulo, da TV Assembléia (com salário que tem o mesmo destino que terá eventual indenização pecuniária: A APAE, a AACD e o Asilo de Muzambinho-MG), do portal UOL, da Rádio Jovem Pan AM (com exatos 30 anos de "bola rolando") e fazendo tabelinha na TV Record com os 39 profissionais que entraram em campo na Barra Funda em função de minha saída da Band para a Record. No mais, um abraço, o São Caetano eliminará hoje o Corinthians e aguardem o desfecho do caso acima. A sentença espero, será um manual de redação. O primeiro exemplar darei a Mario Marinho, o perpétuo e festeiro presidente da ACEESP.
As desculpas são devidas unicamente pelo inexplicável "sotaque paulista". A "Biografia" foi devidamente lida, sim, e "paulista" acabou teclado em lugar de "mineiro", sabe-se lá por quê. Efeitos do tumulto ruidoso das duas entrevistas? No mais, primeiro: o Ibope não aufere audiência específica de jornalistas esportivos; segundo, não há uma palavra no texto sobre "pagamentos". O foco da matéria era um só: jornalista esportivo deve opinar na escolha do técnico da Seleção Brasileira? Se sim, deve divulgar ou manter oculto o episódio? Terceiro, quanto ao leitor Guilherme Estanislau do Amaral, dado como fantasma, a signatária não pretende recorrer à Justiça para provar que não inventou o personagem. A ele próprio, maior de idade, a decisão de passar de epifania a ente concreto. (M.C.)
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