V FÓRUM DE PROFESSORES DE JORNALISMO
J.S. Faro (*)
O 5? Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, realizado em Porto Alegre, pode ter significado o início de uma discussão mais ampla com os cursos de pós-graduação em Comunicação Social.
Pode parecer estranho que essa discussão precise ser ampliada de alguma forma. Afinal, os cursos com habilitação em Jornalismo, ou aqueles cujos projetos pedagógicos têm sido concebidos a partir de uma estruturação curricular autônoma em relação à Comunicação Social, estão inseridos numa mesma área de conhecimento das Ciências Sociais Aplicadas, mas ninguém desconhece a presença de um certo distanciamento latente entre as demandas da graduação e as áreas de concentração e linhas de pesquisa de muitos dos programas de mestrado e de doutorado.
As possibilidades de que esse distanciamento diminua, e eventualmente acabe, vêm sendo alimentadas a partir de duas tendências convergentes que considero igualmente importantes, ainda que disputem entre si a primazia do estado mútuo de repouso em que se encontram. A primeira dessas tendências é a que decorre do difícil e tortuoso processo de avaliação dos cursos de pós-graduação da área, configurado nos resultados obtidos pelos diversos programas no triênio 1998-2000 e amplamente debatidos no segundo semestre do ano passado. O documento de apreciação daqueles resultados, divulgado pelo professor Wilson Gomes ? representante da área na Capes, presente no Fórum de Professores de Jornalismo de Porto Alegre ?, inevitavelmente acabou por colocar em movimento um saudável exercício de reflexão que, a médio prazo, certamente vai acabar desembocando em variadas mudanças de rumo e numa adequação mais precisa entre os projetos que vários programas vêm desenvolvendo e a demarcação epistêmica da própria área do conhecimento.
A segunda tendência é proveniente do crescimento numérico e qualitativo da pesquisa em Jornalismo. Abrigadas ou não nos programas de pós-graduação, o fato é que são muitas e diversas as iniciativas de investigação que têm como objeto os fenômenos desse segmento específico da área da Comunicação, existindo hoje uma massa crítica de docentes e pesquisadores voltados a ele com uma já razoável formulação teórico-metodológica própria e que pretende legitimamente se institucionalizar ainda mais no âmbito da pós-graduação.
Pois a presença do professor Wilson Gomes nos debates sobre esses temas no 5? Fórum dos Professores de Jornalismo pode representar o primeiro passo concreto na direção de uma "agenda" (como ele próprio definiu) de discussões que amplie as possibilidades até aqui apenas ensaiadas, não apenas com a estruturação de novas propostas de cursos stricto sensu acadêmicos, mas também com iniciativas eventualmente voltadas para o mestrado profissional, experiência de cuja ausência, segundo entendo, a área da Comunicação continua se ressentindo.
Pelo menos o passo inicial já foi dado. O debate ocorrido em Porto Alegre foi marcado pela franqueza e pelo respeito mútuo, mas ele não pode cair na falta de ação, fazendo supor que, em Natal, quando o próximo evento se realizar, em 2003, alguma coisa nova tenha surgido por geração espontânea. Se me permitissem sugerir, eu diria que a coordenação do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo deve enviar observadores à reunião da Compós que se realiza em junho no Rio de Janeiro e organizar, já no segundo semestre deste ano, um seminário, com os coordenadores dos programas de pós-graduação e com a representação da área na Capes, específico sobre os principais temas debatidos no Rio Grande do Sul.
O ensino de Jornalismo não pode se dar ao luxo de perder a oportunidade que foi aberta agora.
(*) Professor dos cursos de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e da PUC-SP