FÓRMULA 1
Walland Silva (*)
Não sei o porquê do estarrecimento, principalmente por parte da mídia, diante do episódio ocorrido do GP da Áustria de F1, quando a poucos metros da chegada o piloto brasileiro Rubens Barrichello abriu passagem para o alemão Michael Schumacher. Alguém em sã consciência ainda hoje acredita que, a exemplo de tantas outras modalidades, o espírito esportivo, a competição, prevaleça sobre o business?
Rubinho e a Ferrari, por força de um contrato, recém-renovado por sinal, só fizeram valer as cláusulas profissionais do acordo, que coloca o alemão como piloto preferencial na disputa pelo campeonato.
O que talvez tenha ocorrido, finalmente, foi a queda da máscara que envolve o milionário círculo da Fórmula 1. As conseqüências do "fim da ilusão" da competitividade entre os pilotos, a meu ver, é o que precisa ser avaliado. O negócio do esporte sobreviverá sem o elemento principal que move a paixão do torcedor, a surpresa, o jogo sem "cartas marcadas"?
A mim, como telespectador, o episódio de domingo não me deixou perplexo. Pior foi ver como a própria mídia, que se alimenta e lucra desse business esportivo, vem a público levantar a bandeira da moral, da ética e outros valores afins.
Que ética, moral e espírito esportivo tem por exemplo a Rede Globo, que com o seu notável poderio econômico compra direitos de inúmeros eventos esportivos, não com o intuito de promover a modalidade, mas tão somente para que os concorrentes não possam exibi-los, e fazer frente à audiência em queda dos programas globais?
(*) Jornalista, São Luís do Maranhão