COBRANÇAS
Afinal, o empresário-colunista Benjamin “Vale” Steinbruch, há três semanas no noticiário, saiu do silêncio. Não no seu recanto habitual na Folha de S.Paulo (caderno “Dinheiro”, às terças, pág. B-2), mas num privilegiadíssimo domingo (26/5) na nobilíssima pág. A-3.
Como explicar que um dos protagonistas de um rumoroso episódio insista em declarar que nada tem a declarar e seu jornal resigne-se com o mutismo no espaço que lhe oferece? E o respeito aos leitores, como é que fica? Alguma coisa estava errada.
Na tardia reação, sob o título “A verdade sem venda”, Steinbruch responde a uma entrevista concedida por Antônio Ermírio de Morais, seu concorrente na privatização do grupo, também colunista do jornal (Folha, 8/5, pág .A-4). Levou 18 dias. Dezoito. E acabou oferecendo uma pífia explicação, repleta de insinuações, além disso extemporânea e vulgar, porque enfia até padres pedófilos na argumentação. Deveria ter saído no dia seguinte (9/5) no “Painel do Leitor”, ou na coluna seguinte, de 14/5. Problema dele.
Problema da Folha foi a aceitar o silêncio. Apressou-se depois do pito deste Observatório [edição 173, de 22/5/02, remissão abaixo], reclamando não apenas da omissão do colunista mas da aparência de cumplicidade do jornalão que o abriga. Quatro dias depois mexeram-se ambos. E na terça-feira (28/5), dois importantes opinionistas da Folha comentaram (e criticaram) o artigo de Steinbruch: prova de que o assunto estava mesmo represado.
A Rede Globo, craque em diversas matérias e sobretudo na cobertura esportiva, foi também cobrada por este Observatório pelo comunicado que publicou no principal jornal do grupo ameaçando todos aqueles que infringissem sua exclusividade na transmissão dos jogos da Copa. Visava a nota os donos de restaurantes, botequins e outros estabelecimentos comerciais que, porventura, ousassem servir-se das gravações dos jogos para promoções comerciais etc. [leia “A Globo quer ser dona da bola”, remissão abaixo]
O diretor de Comunicação da rede prontamente contestou [“A Copa e o protesto da Globo”, remissão abaixo], mas, na segunda-feira (27/5), Globo e Globosat publicaram como matéria paga novo comunicado. Hábil porém inequívoco recuo, agora oferecem gratuitamente, às emissoras interessadas, trechos dos jogos do Mundial com a finalidade de ilustrar a cobertura jornalística do evento [íntegra abaixo].
Fica faltando reparar os danos causados à sua imagem junto ao comércio e aos seus fregueses ? a sociedade.
Leia também
Big Brother zangou e nós pagamos o pato
Publicado em O Globo, 27/5/02
A TV Globo adquiriu dos representantes da FIFA, com exclusividade, os direitos de transmissão da Copa do Mundo 2002 em televisão (aberta e fechada) e rádio. De posse de tais direitos, a TV Globo os ofereceu ao mercado, sendo certo que nenhuma emissora de televisão se interessou em adquiri-los.
A TV Globo tamb&eaceacute;m está oferecendo às emissoras de televisão interessadas, gratuitamente, trechos dos jogos do mundial, para a finalidade de ilustrar a cobertura jornalística do evento. As condições para a utilização de tais imagens serão informadas oportunamente aos interessados, que devem entrar em contato com o Departamento Jurídico da TV Globo, em São Paulo, no seguinte endereço:
Avenida Chucri Zaidan, 46, 1? andar
Vila Cordeiro ? 04583-110 ? SP
Telefones: (11) 5509-5823 ou 5509-5817
A TV Globo informa que a utilização não-autorizada das imagens dos jogos da Copa do Mundo 2002 sujeitará os infratores às penalidades cabíveis, assim como ao pagamento de indenização por violação de direitos. Rede Globo, Globosat