Desde outubro de 2012, as versões em inglês e chinês do site do New York Times estão bloqueadas na China – tudo porque o jornal publicou uma reportagem sobre a família abastada do então primeiro-ministro, Wen Jiabao. Mesmo assim, o NYT segue angariando um número cada vez maior de leitores no país.
Ao passo que muitas organizações de notícias estrangeiras estão sempre reavaliando suas ações na China, selecionando cuidadosamente o que – e como – cobrir a fim de evitar a censura, o jornalão norte-americano tem seguido um caminho alternativo, com diferentes estratégias para driblar o controle dos censores.
Notícias espelhadas
Toda vez que um novo artigo aparece em um dos sites mantidos pelo NYT, três ou quatro cópias são publicadas em sites “espelho” distribuídos pela internet. Estes sites são cópias exatas das páginas online do jornal. Conforme alguns deles vão sendo bloqueados por censores, outros vão surgindo em novos servidores.
Aposta nos aplicativos
Novos aplicativos, muitas vezes, acabam sendo ignorados pelos censores chineses por semanas ou meses. Com isso, tornam-se uma boa ferramenta de publicação para o jornal. Curiosamente, muitos dos aplicativos usados pelo NYT levam abertamente a marca do diário.
Pseudônimos nas redes sociais
Sim, as contas oficiais do NYT e de seus respectivos repórteres em redes sociais estão bloqueadas por censores chineses – inclusive no Weibo, um microblog usado maciçamente na China. Mas a empresa simplesmente continua a criar novas contas, muitas vezes usando pseudônimos.
Parcerias locais
O NYT tem acordo com diversas agências de notícias chinesas, como a Q Daily, que compram os direitos e reproduzem o conteúdo do jornal norte-americano.
Localização mascarada
Boa parcela dos leitores continua a acessar o NYT e outros sites bloqueados fazendo uso de redes privadas virtuais – as chamadas VPNs –, que possuem um software que mascara a localização física de seu usuário e impede o bloqueio do IP.
Site aparentemente inocente
Em 2013, o NYT lançou na China o site T Magazine, uma página que ignora questões de política e economia e mantém seu ritmo estritamente focado na cobertura do estilo de vida dos ricos. Foi uma estratégia para não irritar os censores e manter o caminho aberto para anunciantes.
Quarto maior mercado online
As estratégias têm dado retorno. De acordo com Craig Smith, diretor do NYT na China, mesmo com o bloqueio do governo chinês, a audiência online do jornalão naquele país continua crescendo rapidamente, e a quantidade de visitas já se iguala à da época em que seus sites tinham acesso livre.
Embora não tenha fornecido números específicos, Smith garante que os valores estão na casa dos milhões e que já há anunciantes interessados em suas páginas que oferecem conteúdo em chinês. Estima-se, inclusive, que a China seja o quarto maior mercado online do NYT, perdendo apenas para os próprios Estados Unidos, para o Canadá e para a Grã-Bretanha.
Smith diz não temer medidas punitivas por causa das estratégias agressivas e esclarece que o diálogo dos administradores do NYT com o governo é aberto e que este nunca questionou os esforços da empresa jornalística para ganhar público no país.