Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalista que lutou pela liberdade

As plantações de pepino e batata no coração de Santa Catarina não foram suficientes para satisfazer os anseios profissionais de Eliana Arndt.

Filha de agricultores de origem alemã e tcheca, ajudava os pais nos campos da pequena Agrolândia, onde nasceu, mas se dedicava com disciplina germânica à leitura, paixão que a levou ao jornalismo.

Para custear a vida em Rio do Sul (SC), onde fez o ensino médio, trabalhava como babá após as aulas e se debruçava sobre os livros à noite. A fórmula deu certo: foi aprovada em jornalismo na UFSC, estudando ali de 1980 a 1984.

Teve vida agitada na universidade, participando do movimento das Diretas-Já com estudantes do curso.

Formou-se, e foi para São Paulo trabalhar no jornal “Oito e Meia”, da TV Bandeirantes, apresentado por Paulo Markun. A dedicação da jovem logo chamou a atenção.

Orgulhava-se do trabalho como editora-chefe no programa “Vitória” no final dos anos 1980, pioneiro por cobrir esportes como surf, skate e rafting com uma linguagem moderna e fórmulas inovadoras.

Com passagens pela TV Cultura e pela produtora TV1, tornou-se chefe de jornalismo na TV Bandeirantes em 1992, sendo premiada pela cobertura do impeachment do presidente Fernando Collor.

Depois de sair da emissora, fez carreira na TV1. Entre idas e vindas, foram quase 20 anos no grupo, chefiando a parte de vídeo e conteúdo.

Após reclamar de dores no corpo, foi diagnosticada no sábado (5) com virose. Morreu aos 54 anos, no domingo de Páscoa, por septicemia causada por uma broncopneumonia. Deixa o marido e a filha.

***

Pedro Ivo Tomé, da Folha de S.Paulo