Cerca de 70 repórteres, editores, fotógrafos e funcionários administrativos aceitaram um plano de aposentadoria voluntária do grupo The Washington Post Co., como informa Frank Ahrens [Washington Post, 1/6/06]. A iniciativa tem o objetivo de reduzir custos, na medida em que a circulação do Washington Post continua a cair. Funcionários com mais de 55 anos com no mínimo 10 anos de serviço na empresa que optaram por se aposentar receberão um valor equivalente a dois anos de salário, além de benefícios.
Alguns repórteres que aceitaram o plano continuarão escrevendo para o Post como freelancers. O prazo final para a aceitação da oferta encerrou-se na terça-feira (30/5). No entanto, será disponibilizado o prazo de uma semana para aqueles que quiserem voltar atrás na decisão. Esta é a segunda vez que o Post oferece planos de demissão e aposentadoria voluntárias nos últimos três anos.
‘Esta oferta permite que a redação e o departamento comercial reorganizem suas equipes’, afirmou o publisher do Post, Boisfeuillet Jones Jr. Para muitos funcionários do Post, é um momento de começar uma segunda carreira ou ainda adotar hobbies – sem deixar de receber a aposentadoria. Leslie Walker, colunista de tecnologia, por exemplo, afirmou que dedicará seu tempo a terminar de escrever um livro.
Menos anúncios
Demissões ou aposentadorias voluntárias são comuns atualmente em empresas que estão reduzindo custos. A tiragem do Post e da maioria dos jornais dos EUA vem diminuído nos últimos anos, com cada vez mais jovens assistindo à TV ou acessando a internet como fonte de informação. O ano mais recente em que os jornais americanos apresentaram crescimento significativo em suas tiragens foi 1987.
Os diários tiram cerca de 75% dos seus lucros de anúncios publicitários. Se a tiragem diminui, os anunciantes abandonam os jornais. O lucro com publicidade no sítio do Post está crescendo, mas não o suficiente para compensar as perdas provocadas pela queda na tiragem do jornal impresso. ‘Nossa redação cresceu muito nos últimos anos, tanto em tamanho de equipe quanto em relação a outras despesas’, afirma o editor-executivo do Post, Leonard Downie Jr. Segundo ele, o orçamento para este ano foi o mesmo do ano passado e deverá ser menor no ano que vem.
Mais trabalho
Após o lançamento, em março deste ano, da Washington Post Radio, alguns jornalistas do jornal impresso reclamaram que não recebem pelas participações que têm que fazer na estação de rádio. O Washington-Baltimore Newspaper Guild, sindicato que representa muitos dos empregados do Post, apresentou queixa ao National Labor Relations Board, agência americana que supervisiona as relações trabalhistas, alegando que a empresa não paga os repórteres e editores pelo trabalho extra. ‘São os nossos funcionários que têm que nos contar se estamos sobrecarregando eles’, rebate Downie Jr.