Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

A liberdade de condenar

MÍDIA GAÚCHA

Felipe Diemer de Lemos (*)

Os foguetórios nas comemorações da Seleção Brasileira, durante a Copa do Mundo, estão incomodando os antigos criminosos. Aqueles que ainda soltam foguete para avisar que a droga chegou ao morro. Quando tem jogo do Brasil, fica uma confusão. Os clientes não sabem mais onde está a "mercadoria": no morro ou nos apartamentos do centro da cidade. Pode estar em qualquer lugar mesmo. Droga se vende em qualquer esquina, até perto das delegacias e dos quartéis.

O que não se pode vender ou comprar em qualquer lugar é a liberdade de expressão. E parece que a inimiga da liberdade está de volta. Sim, parece que "ela" está de volta. Enrustida, travestida nos governos ditos democráticos. Profissionais da comunicação recentemente penalizados pela Justiça por criticarem o governo petista do Rio Grande do Sul podem ser uma prova viva de que a ditadura está reaparecendo aos poucos, mas com outras roupas.

Houve um fato. Um relógio foi queimado em Porto Alegre. Houve uma depredação e especula-se que houve uma omissão governamental na repressão do ato. Foi dada a notícia. Foram feitos comentários. Só que isso não podia. A democracia parece boa quando se está do lado da oposição. É o mesmo problema da corrupção no serviço público. Quando se levanta a bandeira do "se há governo, sou contra", é facílimo criticar administrações adversárias, questionar atos e investigar possíveis utilizações irresponsáveis do dinheiro público. Do outro lado, a situação fica muito complexa.

O mesmo ocorre no campo da comunicação. Criticar a falta de democratização da informação é prudente e nobre. Não adianta, porém, esquecer destes princípios quando falta o apoio oficial da mídia. Calar a boca da imprensa, seja multando, prendendo ou matando inegavelmente será uma atitude inócua para resolver os graves problemas da nação. Alguns ainda pensam que é o melhor a ser feito. A liberdade de expressão, garantia dos seres humanos desenvolvidos, mostra o contrário. A propósito, a ditadura voltou? Parece…

(*) Produtor de Rádio em Florianópolis