MÍDIA GAÚCHA
Gilson Goulart (*)
Em primeiro lugar, a Constituição garante a qualquer cidadão que se sinta ferido em seus direitos procurar o Judiciário para solucionar a questão. O governador, seja petista ou não, é um cidadão, logo… A imprensa é um instrumento de consolidação da democracia, ou deveria ser. Mas tenho dúvidas, agora, quando constato a enorme dependência dos meios de comunicação de verbas publicitárias e a contradição entre necessidade de lucro e verdade.
Liberdade como farsa
Igualmente, ninguém é neutro ou imparcial em política. Desde a derrota de Antônio Britto (ex-funcionário da empresa), a RBS não encontra consolo. E, entre as suas maiores carpideiras, sem dúvida, estão os jornalistas processados, Marcelo Rech e José Barrionuevo (como figura de destaque o Sr. Barrionuevo). Quem lê Zero Hora e assiste à TV do sul, sabe: a RBS pretende a hegemonia das idéias no Rio Grande do Sul. É uma coisa impressionante a forma como a empresa tenta plantar sua marca na cabeça dos gaúchos. Há algum tempo lutaram para mudar o nome de uma avenida histórica na cidade, a Avenida Ipiranga, colocando o nome do fundador do grupo. A população repudiou. Mas, após algum tempo, conseguiram pôr o nome do jornalista num parque da cidade que todos, até hoje, chamam pelo antigo nome.
Gostaria de ser convencido do contrário, mas considero inadmissível um poder irresponsável, seja político, jurídico ou jornalístico. Vivemos num estado democrático de direito, e a ausência de responsabilidade é a antítese deste estado. Não se pode permitir a verdade unilateral, porque a verdade não tem lado, a verdade é, e ponto final.
Gostem ou não, o PT é governo no RS e, até que alguém o vença em eleições imparciais deve, no mínimo, ser considerado como tal. O que não se pode é permitir que um cidadão, por ser jornalista, não esteja submetido à lei e possa usar de seu espaço privilegiado para emitir conceitos desabonadores a respeito de quem quer que seja, sem ser questionado. Afinal, a verdade não é crime.
Sem justiça, sem lei e sem responsabilidade, a liberdade de imprensa é uma farsa. Há que se ponderar, por fim, se o que se defende é a liberdade de imprensa como direito de informar com isenção ou se, por trás desta bandeira, não existem interesses econômicos, preconceitos políticos ou a vontade de poder de uma empresa.
(*) Advogado em Canoas, RS