Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Fotógrafo palestino é assassinado

ISRAEL-PALESTINA

O fotógrafo palestino Imad Abu Zahra morreu no último dia 12 devido a ferimentos provocados por tiros, em Jenin. Said Dahlah, fotógrafo da agência de notícias Wafa, estava ao lado de Abu, e disse que uma metralhadora dentro de um tanque israelense começou a disparar aleatoriamente. O fotógrafo, atingido na perna, caiu no chão. Segundo os médicos, depois que o tanque deixou o lugar. Ele morreu no hospital após ter sofrido duas paradas cardíacas.

Mohammed Daraghmeh [Associated Press, 12/7/02] informa que, de acordo com o Exército israelense, o atirador estava respondendo a tiros de fuzil de palestinos, que também jogavam pedras e bombas no tanque, o que é contestado por Said. Abu Zahra tinha 35 anos e trabalhava como freelance ajudando jornalistas estrangeiros na região. Ele tinha sua própria agência de notícias, al-Nahil, e chegou a ser detido por uma semana pela Autoridade Palestina por editar um jornal que a criticava.

Revolta

A organização Repórteres sem Fronteiras mostrou indignação com a notícia. Nas palavras do secretário-geral Robert Ménard, "é intoler&aacuaacute;vel que dois jornalistas tenham sido mortos nos últimos cinco meses pelo exército israelense, ainda mais que soldados tenham negado permissão para que uma ambulância atendesse a vítima". Raffaele Ciriello, correspondente do italiano Corriere della Sera, foi morto em 13 de março em Ramalá, também ferido por tiros israelenses.

Segundo Ménard, desde que Ariel Sharon se tornou primeiro-ministro, 17 jornalistas foram feridos, e por isso o RSF decidiu colocá-lo na lista mundial de "predadores da liberdade de imprensa".

CRIMES DE GUERRA

O tribunal de crimes de guerra em Haia sustentou a intimação do ex-repórter do Washington Post Jonathan Randall, para depor sobre eventos que cobriu na Bósnia. Peter Maass, jornalista que já colaborou com a ONU em julgamento anterior, protesta contra a ameaça de sanções a Randall caso ele não aceite. Em artigo para o New York Times [5/7/02], Maass afirma que não se pode esperar qualquer cooperação de profissionais da imprensa caso o tribunal insista em convocá-los à força.

Para o autor, a maioria dos jornalistas apóia investigações de crimes de guerra e estes não devem estar isentos de intimações judiciais, mas argumenta que a decisão cabe ao profissional. Forçar alguém a testemunhar só se justificaria nos casos em que o depoimento é absolutamente crucial para a condenação de criminosos e não coloca a vida do repórter e a de familiares e colegas em perigo.

Maass afirma que servir de testemunha torna muito difícil e perigoso o retorno à zona de guerra que cobriu, mas aceitou depor em 1997 contra um militar sérvio que entrevistara anos antes (o caso não foi adiante porque o réu morreu de enfarto três semanas antes do julgamento). Recentemente, ele foi novamente convidado a colaborar com a ONU. Mas desta vez, declara, o pedido veio de uma corte "que se mostrou disposta a obrigar, através de ameaças, um jornalista a testemunhar". "Espero que o tribunal de apelações decida que enviar a intimação a Randall foi um erro. Enquanto isso, manterei distância."