O mundo ficou chocado com o anúncio de que o avião Airbus 330-200 da Air France, voo 447, que seguia do Rio de Janeiro (Brasil) a Paris (França) , desapareceu em pleno Oceano Atlântico. Desde então, estamos vendo nos jornais, rádios, emissoras de TV e pela internet, notícias e especulações em torno do que aconteceu com a aeronave e seus passageiros e tripulantes. Já foi dito de tudo. Explosão, desintegração, queda no oceano e uma sorte de outras coisas.
Os jornalistas (repórteres e/ou apresentadores), ávidos por eventuais furos, tentam de toda forma encontrar as justificativas que nem as autoridades conseguiram ainda. O que causou a queda (explosão, desintegração, abdução ou coisa que o valha) do voo 447? A resposta a essa pergunta tem sido perseguida como se disso dependesse o futuro da humanidade.
O trágico fato mostra o quanto os nossos jornalistas são dependentes de informações ‘oficiais’ para informar a sociedade. A Air France e a Airbus têm, com certeza, informações precisas sobre os últimos (ou atuais) passos do avião que sumiu do mapa. No entanto, por conta da legislação ou das regras de investigação, essas informações estão sendo divulgadas na velocidade de um conta-gotas.
Por outro lado, os jornalistas batem cabeça ao não encadearem melhor o raciocínio em busca das respostas às inúmeras perguntas que permanecem no ar (desculpem o trocadilho). A caixa-preta é a única fonte de referência para a localização do avião? Com um sem número de dispositivos de GPS (em celulares, veículos e até em pessoas) existentes, será que nenhum emitiu um sinal, que pudesse dar uma margem segura de localização, mesmo no oceano? Afinal, o ponto é ‘cego’ para radares e rádios, mas para os satélites americanos que tudo ‘enxergam’, talvez não.
Por uma resposta coerente
Fazer jornalismo investigativo com os traficantes pé-de-chinelo dos morros cariocas é fácil. Agora, fazer esse mesmo trabalho numa dimensão internacional, com fontes confiáveis e buscando variáveis de apuração, é muito mais difícil e exige muito mais trabalho. Que tal apurar, junto a empresas especialistas em GPS, se algum dispositivo poderia ter emitido um sinal, no mesmo ponto em que estava o Airbus quando de seu sumiço? Isso talvez ajudasse a buscar uma elucidação do caso.
Outro fato intrigante, e que parece não estar sendo compreendido pelos jornalistas, diz respeito a uma suposta explosão da aeronave. Ora, vejam só. Se explodiu, pelo menos parte dos destroços deveriam ser encontrados. E ninguém pergunta sobre isso. Afirma apenas que a aeronave pode ter se desintegrado no ar, como ocorreu com o avião da Gol. Mas, espera aí! O avião da Gol ‘se desintegrou’ no ar, mas foram encontrados pedaços dele. E o avião da Air France? Nada sobrou para contar a história?
Jornalistas brasileiros e do mundo, se unam. Usem o faro investigativo para fugir do lugar-comum oficial e busquem com criatividade e senso jornalístico as respostas para esse enigma trágico. O resultado pode ser aquele previsto na conceituação da prática jornalística, que é dar uma resposta coerente para um fato aparentemente misterioso e sem coerência. As famílias das vítimas (e nós, que somos solidários a elas) ficarão satisfeitas com o resultado.
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Jornalista precário, estudante de Comunicação Social-Jornalismo, Araçatuba, SP