CRÔNICA ESPORTIVA
“Coração, talento e reportagem”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 28/7/02
“Quem dera ver mais textos descritivos de um jogo de futebol como o que vai abaixo, a continuação do você leu acima. Vai na bola, João!
? Na semifinal, Mineirão, Cruzeiro, maior temporal, TV ao vivo para o Rio, Mickey fez o gol da classificação. Para ele, fiquem sabendo que o mais difícil não foi essa do gol. Aí vai, como escutado no Amarelinho:
?A zaga do Cruzeiro era o Brito e, Deus o tenha, o Fontana. Cada vez que você passava por um deles já ficava logo esperando uma porrada. Antes do jogo começar, o Samarone, que já conhecia e tinha uma rivalidade com eles desde os Fluminense e Vasco dos campeonatos cariocas, chegou para o Fontana e foi dizendo, ?Ô xerife, não adianta você ficar aí cantando de galo porque eu vou tirar você do jogo, na bola. Com um drible que vai deixar você humilhado na frente dessa sua torcida toda aí?.
O jogo começou, a bola estava longe e o Brito chegou para mim dizendo, ?olha aí, garoto, o que é que você está fazendo por aqui. Esse pedaço é meu, vai embora, se manda, sai daqui agora, andando. Senão vou fazer você sair de maca?! Isso, com aquela cara toda dele?.
?Na primeira bola que eu peguei e passei pelo Brito, levei uma porrada que saí voando, fui cair lá longe. O juiz, acho que era o Arpi Filho, estava perto, marcou a falta e não expulsou o Brito, nem advertiu. Fui louco pra cima dele, berrando, você viu isso, viu o que ele fez em mim? Ele respondeu para mim, com cara de irritado, de quem queria ter expulsado o Brito mas, início de jogo, Mineirão, na casa do Cruzeiro, semifinal da Taça de Prata, tinha preferido maneirar e evitar maiores problemas para o lado dele. E me disse: ?vi sim. Vai às forras. Pode ir que eu nem vou ver, nem vou ligar?. Foi só a jogada ir lá para o outro lado que eu cheguei junto do Brito e dei um murro no nariz dele. O Brito caiu, deu o maior rolo, o Cruzeiro veio todo para cima de mim, teve o deixa-disso e o juiz esperou a coisa acalmar, não marcou a falta e nem me advertiu. Aquilo é que foi juiz de palavra?.
Alguém pergunta ao Mickey pela ameaça do Samarone para cima do Fontana. ?Os caras continuaram me dando porrada. Até que nossa defesa disse, ?eles continuam batendo no Blau Blau lá na frente. Vamos começar a espanar esses caras do Cruzeiro aqui atrás?. Não me lembro quem foi, mas deu para eu ouvir do meio de campo, a ameaça feita ao Tostão: ?ô Cara de Ovo, se chegar aqui perto da gente com esse cabeção empinado, um de nós vai arrancar o que sobrou desse seu olho de cegueta?.
O Samarone corria o campo todo, prendendo a bola, dando aquelas enfiadas dele, driblando na velocidade ou na freada brusca. Mas sempre se livrando do pau. Até que partiu com a bola dominada pra cima do Fontana. Na corrida deu nele um drible que eu nunca tinha visto, nunca mais vi: ele driblou o Fontana passando a bola por trás do próprio corpo, nem dá para explicar direito. Ele foi, a bola juntinho do pé. De repente, entre o Samarone e o Fontana não tinha nada a não ser o ar entre os dois. A bola estava passando por trás das pernas do Samarone, meia altura. O Fontana ficou procurando a bola como goleiro olhando para dentro do gol, depois que ela bate na trave e volta para o meio do campo. Ficou perdido, tonto e a torcida do Cruzeiro lotando o Mineirão, no maior silêncio, como pena do seu craque fazendo papel de palhaço.
O Samarone passou e diminuiu o passo para humilhar o Fontana mais ainda. Fontana, que Deus o tenha, fora de campo ele e o Brito eram duas damas, ficou enlouquecido e partiu para pegar o Samarone. Foi com tudo, com aquele campo encharcado, pesado, mas ele partiu e armou o maior chute para dar uma porrada que quebrasse o Samarone ao meio. Fez tanta força que, ao esticar a perna, ela explodiu. Estourou um músculo e ele caiu no chão berrando de dor. A coisa foi tão feia que o juiz interrompeu o jogo, veio médico, massagista, os caras da maca. Quando o Fontana estava sendo carregado para fora, gemendo de raiva e de dor, o Samarone chegou e falou baixinho: ?ô Fontana! Eu não disse que ia tirar você do jogo com um drible só? Tchau?…?”
PRÊMIOS SIP
“Três jornais brasileiros levam, juntos, cinco prêmios SIP”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 25/7/02
“Os jornais O Globo, O Dia e O Estado do Paraná ganharam, juntos, cinco prêmios da Sociedade Interamericana de Imprensa. Só O Globo levou três menções honrosas nas categorias Cobertura Noticiosa, Infografia e Jornalismo de Profundidade.
O repórter paranaense Mauri Konig, hoje assessor de imprensa e free-lancer do Estadão, soube nesta quarta-feira (24/07) que as matérias investigativas que realizou na fronteira com o Paraguai foram premiadas pela SIP, na categoria Direitos Humanos e Serviços à Comunidade. Mauri, que mora e trabalha em Foz do Iguaçu (PR), vai receber, junto com outros colegas, o prêmio da SIP durante a 58? Assembléia Geral da entidade, em outubro, em Lima, capital do Peru.
Ao saber da indicação para o prêmio, Konig fez questão de lembrar da participação de Patricia Iunovich, sua esposa e também jornalista, na apuração dos fatos.
A matéria premiada relatava a morte de 109 garotos – entre eles, dois brasileiros – com idades entre 12 e 18 anos, que serviam ao exército paraguaio. Foram cinco meses de trabalho do repórter, entre captação de depoimentos e apuração de fatos. A reportagem foi publicada no Estado do Paraná. Também rendeu a Konig os prêmios Esso Regional Sul e Vladimir Herzog.
A matéria ?Mercado Negro da Infância?, publicada em O Dia, do Rio, levou o Prêmio Jornalismo de Profundidade. O autor foi Sérgio Ramalho, que relatou o trabalho sobre o tráfico de menores no Brasil e as práticas do mercado negro.
Flávia Oliveira, Antônio Marinho, Chico Otávio, Custódio Coimbra, Fellipe Awi, Laura Antunes e Paulo Marqueiro ganharam menção honrosa na categoria Jornalismo de Profundidade, pela série de reportagens ?Retratos do Rio?, publicadas em O Globo. Os cadernos publicados no ano passado já receberam cinco premiações, entre elas o Prêmio Esso de Contribuição à Imprensa.
Vera Araújo, Renato Garcia e Elenilce Bottari vão receber menção honrosa do prêmio Cobertura Noticiosa. O trabalho, também publicado em O Globo, denunciou uma rede de prostituição controlada por policiais militares e funcionários públicos no Rio.
Alessandro Alvim e Fernando Alvarus ganharam menção honrosa do Prêmio de Infografia, pelo trabalho ?Rock in Rio?, publicado em O Globo. A infografia explicava como foi montada a Cidade do Rock, montada ao lado do Riocentro.
Conheça no site da SIP os outros ganhadores. (colaborou Bia Moraes, de Curitiba.)”