THE WASHINGTON POST
A notícia de que a Coca-Cola Company vai mudar sua contabilidade, passando a incluir opções de ações na rubrica de despesas, veio no domingo, dia 14, e virou manchete ou assunto principal do caderno de negócios nos jornalões New York Times, Wall Street Journal, Los Angeles Times e Washington Times no dia seguinte. Na segunda-feira, o Washington Post dedicou poucos parágrafos à decisão, tirados de agências de notícias, sem qualquer destaque. Só na terça é que o assunto ganhou a primeira página.
Este atraso, já criticado pelo ombudsman Michael Getler em outras ocasiões (e que se repetiu recentemente, com a história sobre os riscos da reposição hormonal), é novamente o assunto de sua coluna [21/7/02]. Ele diz que um leitor ligou "assombrado" com a atitude do Post, que num primeiro momento publicou a notícia de qualquer jeito, sem considerar que a Casa Branca e o Congresso estão justamente questionando a contabilidade de grandes empresas após a falência da Enron.
Getler concorda com o leitor, e acha que esses atrasos recorrentes podem indicar algo maior: que as organizações noticiosas se arriscam a perder seu valor para os consumidores quando embotam seus instintos e o desejo de estar na frente, todos os dias. Em histórias como essa, "alguém poderia argumentar que um dia não faz muita diferença", escreveu Getler. "Mas esse tipo de pensamento e cultura pode ser perigoso numa redação", alerta o ombudsman. "Estas coisas são notadas por repórteres e podem passar a idéia de que não há punição por deixar as coisas escorregarem um pouco."