CAPITAL ESTRANGEIRO
"Governo quer obrigar TVs a aprovar diretores", copyright Folha de S. Paulo, 2/8/02
"O projeto de lei proposto pelo governo federal para regulamentar o capital estrangeiro na mídia, em consulta pública, obriga as emissoras de rádio e TV a submeter à aprovação do Ministério das Comunicações os nomes de seus diretores e gerentes.
O texto, supostamente para proteger o conteúdo nacional de interesses de sócios internacionais, diz que esses gerentes e diretores terão de ser brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. O dispositivo amplia o controle do governo. Atualmente, as emissoras têm apenas de informar ao governo o nome de seu responsável pelo jornalismo.
Esse é apenas um dos pontos que devem gerar polêmica na discussão sobre a regulamentação do capital externo (que poderá deter até 30% das empresas).
Em análise ainda não conclusiva, executivos de emissoras afirmam que ficaram de fora do projeto do governo dois pontos mais fundamentais do que o rigor com a proteção ao conteúdo nacional. Esses pontos omissos são dispositivos sobre limites à propriedade cruzada (empresas que controlam TVs, jornais, revistas e telecomunicações, caso da Globo) e sobre a participação em empresas de mídia de pessoas jurídicas nacionais sem fins lucrativos, como igrejas, caso da Record.
O projeto deverá receber duras críticas. A entidade que reúne Band e SBT deverá divulgar documento com ?crítica rigorosa?.
OUTRO CANAL
Paz 1
Estremecidas no ano passado, as relações entre a Band e a Turner/CNN voltaram ao normal. Ambos fecharam acordo, há dez dias, em que a Turner fornecerá material jornalístico para a Band por mais cinco anos. O contrato também inclui imagens para os canais pagos Band News e BandSports.
Paz 2
Em 2001, João Carlos Saad, presidente da Band, acusou a CNN de se recusar a fornecer material ao Band News porque teria acordo com a Globo, e isso poderia prejudicar o canal Globo News.
Passe 1
Alberico Souza Cruz (ex-Globo e Rede TV!) recebeu da Record na quarta uma minuta de contrato. A expectativa era de que Cruz assinasse ontem como novo superintendente de jornalismo da emissora. Mas Souza Cruz, no entanto, resolveu negociar também com o SBT, que planeja voltar a investir em jornalismo.
Passe 2
Deve ser fechada hoje a contratação de Claudia Cruz (ex- Globo do Rio) pela Record. A jornalista deverá apresentar o ?Jornal da Record – Segunda Edição?, com estréia prevista para segunda.
Urna
A Rede TV! definiu anteontem a ordem das entrevistas que fará com os principais presidenciáveis, em setembro: Lula, dia 6, depois Ciro (13), Garotinho (20) e Serra (27). Os eventos ?caça-prestígio? serão ao vivo, às 22h, com participação de 20 jornalistas convidados."
ARGENTINA
"Citibank pode obter controle do ?La Nación?", copyright Folha de S. Paulo, 1/8/02
"O Citibank pode adquirir o controle acionário do jornal ?La Nación?, o segundo mais vendido da Argentina, em troca da amortização de uma dívida de US$ 100 milhões que o diário mantém com o banco e com outros credores. A informação foi divulgada pelo jornal ?Buenos Aires Económico?.
Para amortizar a dívida, o Citibank teria proposto levar em troca 58% das ações do grupo La Nación, que detém o jornal homônimo e participações em outras revistas e em dois diários do interior do país.
Ainda segundo o ?Buenos Aires Económico?, o ?La Nación? teria utilizado as próprias ações como garantia da dívida de US$ 100 milhões, cujos pagamentos estão atrasados.
Procurado pela Folha, o ?La Nación? admitiu que as dívidas do grupo estão em processo de renegociação, mas informou, por meio sua assessoria de imprensa, que é ?absolutamente falso que essas negociações contemplem o ingresso dos credores no grupo de acionistas da empresa?.
Assim como o Citibank, o jornal não quis informar o valor total de suas dívidas. Segundo o ?Buenos Aires Económico?, os sócios do jornal teriam débitos de pelo menos US$ 146 milhões. Boa parte das dívidas teria sido contraída para a construção do novo parque gráfico do jornal.
O jornal também não confirmou rumores de que teria pedido a intermediação do governo para evitar a perda do controle para o Citibank e para conseguir maiores prazos para o pagamento da dívida.
Entre as medidas que poderiam ser impulsionadas pelo governo está um projeto que já tramita no Congresso e impõe limite de 30% para a participação de empresas estrangeiras em empresas de comunicação.
O projeto pode ser analisado pela Câmara ainda nesta semana e evitaria a venda do ?La Nación? porque, ao contrário do Brasil, hoje não existem limitações para estrangeiros comprarem a totalidade de um meio de comunicação.
Para analistas de mercado ouvidos pela Folha, o ?La Nación?, assim como outras empresas do país, enfrenta dificuldades para pagar dívidas em dólar contraídas antes do fim do regime de conversibilidade, em janeiro. A desvalorização, seguida pela pesificação da economia, reduziu a rentabilidade do jornal em dólares.
Outro problema enfrentado pelo jornal teria sido a queda das vendas e do faturamento com publicidade nos últimos meses devido ao agravamento da crise argentina. No entanto, o ?La Nación? informou, em editorial, que sua circulação ?não caiu mais do que a das outras publicações do país?.
O jornal foi fundado em janeiro de 1870 por Bartolomé Mitre e, até hoje, 100% de suas ações estão nas mãos de seus descendentes.
O ?La Nación? tem hoje uma tiragem diária média de 200 mil exemplares, inferior apenas à de seu maior concorrente na Argentina, o ?Clarín?."