Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Comunique-se

HOMOSSEXUALISMO & IMPRENSA

"Manual ensina imprensa a abordar homossexualidade", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 29/7/02

"A ONG Pró-Conceito Gays e Lésbicas lançou um manual voltado para jornalistas, cujo objetivo é auxiliar o trabalho da imprensa quando o assunto é homossexualidade. Segundo a organização, o guia deve incentivar a inclusão da imagem e representação de homossexuais.

?Ao cobrir uma notícia onde pontos de vista opostos devem estar representados, por gentileza, entre em contato com organizações ou pessoas de ambos os lados que tenham uma visão clara sobre um assunto específico e que possam falar sobre ele apropriadamente. Por exemplo, se um psicólogo é citado como terapeuta alinhado às práticas de ?conversão? ou ?cura? de gays e lésbicas, encorajamos a procura de outro psicólogo profissional que condene essa prática, em vez de simplesmente dar voz a um gay ou lésbica que também faça essa condenação?, diz em certo trecho.

O guia traz um glossário de termos usados pelos homossexuais. ?Assumir-se?, por exemplo, significa ?processo de auto-aceitação que pode durar a vida inteira. Constrói-se uma identidade de lésbica, gay, bissexual ou transgênero (consultar termos) primeiramente para si mesmo, e, então, isso pode ser ou não revelado para outras pessoas?.

Existem termos que, segundo o manual, são problemáticos. O guia pede para não utilizar a expressão ?entendido (a)? porque a gíria denota a condição de gay ou lésbica e trasmite a idéia de que a ?homossexualidade é algo que deve ser mantido secreto, escondido, como algo vergonhoso. É como um código: somente os ?entendidos? têm relações com o próprio sexo?.

No espaço ?Noções difamatórias a respeito da homossexualidade?, o manual pede tratamento ?digno e respeitoso? aos gays e lésbicas, como aquele dado às outras minorias. De acordo com o guia, a utilização de algumas palavras ?são, além de discriminatórias, simplesmente enganosas, e não devem ser utilizadas?. É o caso de ativo/passivo: ? a orientação sexual de uma pessoa não está vinculada ao papel sexual com o(a) parceiro(a). Aliás, a sexualidade, independentemente da orientação, envolve um conjunto de fatores emocionais e afetivos que vão muito além do ato genital. (…) Evite essa diferenciação, especialmente ao caracterizar personagens de humor?.

O manual está disponível no site da ONG."

 

REALITY SHOWS

"Tudo é ?reality?", copyright Trópico (www.uol.com.br/tropico), 3/8/02

"Apesar de polêmicos, ou talvez exatamente porque são polêmicos, os ?reality shows? continuam se afirmando na cena televisiva brasileira.

Alimentados por roteiros frágeis movidos por assuntos na maior parte das vezes fúteis, os diversos formatos do gênero implicam altas doses de incerteza. O improviso e o imprevisto constituem a fraqueza e a força dos ?reality shows?.

Para surpresa geral, a segunda edição de ?Big Brother Brasil?, superou as expectativas, obtendo índices de audiência melhores do que os da primeira edição do programa. O sucesso de público sugere que apesar dos prognósticos, o gênero mantém o fôlego.

Outras versões de gincanas televisivas, como ?Fama? e ?Popstar?, vêm cumprindo seus objetivos. Esses jogos apostam em um estilo ?intervenção?. Aqui a competição propicia a formação e o treinamento de artistas-participantes.

Já ?BBB2? buscou nas convenções de outros gêneros televisivos a legitimidade que lhe rendeu bons índices de audiência. O foco no assunto comida é um bom exemplo.

A cozinha rendeu merchandising de supermercado e inspirou seqüências que imitaram o programa culinário. Tudo em torno do personagem Thirso, que além de apaixonado por Manuela, revelou um interesse gourmet que alimentou a trama.

O romance de Thirso inspirou também uma a incursão do ?reality show? pelas convenções do melodrama televisivo -a produção de ?Algemas da Paixão?, uma novela-paródia das ?mexicanas? dentro do programa.

?Big Cassetadas?, edição de erros históricos, com esse tipo de citação a outros gêneros ?BBB2? fez um pouco de comentário, como ?Casseta e Planeta?. E realiza o potencial publicitário privilegiado dos programas que vão ao ar quase em tempo real, com parcelas ao vivo.

A expansão do ?reality?, abarcando convenções de outros gêneros, encontra eco na expansão de outros gêneros pela seara daquele modelo televisivo. ?O Clone?, novela das oito que terminou recentemente se consagrou graças a inserção de depoimentos pessoais de ex-viciados sobre suas experiências dramáticas com as drogas.

E talvez a falta de referências ?reality? em ?Esperança? tenha a ver com o baixo Ibope que a novela vem obtendo. ?O Clone? chegou a contar com a intervenção de personalidades, como Nana Caymmi, que, além de comentar o caso real de seu filho, defendeu que o assunto drogas seja reconhecido como problema de saúde pública, deixando de ser tratado simplesmente como questão de polícia.

O sucesso de programas de intervenção questiona delimitações convencionais de gêneros como ficção e notícia. O espaço conquistado por ?reality shows? coloca em cheque práticas da teledramaturgia.

Mas, mais do que uma questão de definição acadêmica, o formato coloca em evidência uma dose exagerada de ?abobrinhas?. O desafio é o de criar formatos alternativos que não se limitem a generalizar anseios narcisistas de aparecer, mas estimulem o crescimento do espírito."