JORNALISTA NÃO LÊ
“A síndrome do ?escreveu, não leu…?”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 6/8/02
“O artigo de estréia desta coluna relatou duas histórias que ilustram a falta de curiosidade nas redações. Na primeira, um repórter produzira uma entrevista na Bolsa de Mercadorias&Futuros de São Paulo; de volta à redação, escreveu um relatório sem saber nem fazer questão de saber o que era uma bolsa de futuros. Na segunda situação, uma repórter redigira um texto sobre o crescimento do ramo das farmácias de manipulação. Veja só, a moça ficaria sem resposta se, mais tarde, sua faxineira lhe fizesse uma pergunta tão complexa como esta: ?E essas farmácias, dona, fazem o quê??.
Escolhi dois fatos ocorridos em redações de emissoras de televisão de São Paulo. Como poderia ter contado muitos outros que testemunhei nas redações de emissoras de rádio da cidade. Por que a ênfase nesses eletrônicos? Porque, comparados aos impressos, são meios que exigem menos da formação intelectual de seus profissionais.
Há mais espaço a preencher nos textos dos jornais, revistas e assessorias de Imprensa do que nos offs de rádio e televisão. E a permanência da palavra escrita, que não se dissolve ?no ar?, estimula a comparação – detalhe por detalhe – com o trabalho dos outros veículos. Daí o esforço extra na composição de uma reportagem ou mesmo de um comentário publicado nos impressos. Nos eletrônicos, não – excetuando-se esta Internet. Há um apelo para o nivelamento, e muitos sucumbem à mediocridade (vocábulo que, lembre-se, significa, primordialmente, qualidade do que é mediano…).
Não há novidade em nada disso. O que assusta é mesmo a acomodação de muitos profissionais da mídia eletrônica à natureza eminentemente superficial dos veículos em que atuam. Em mais de dez anos de rádio e televisão em São Paulo, vi muito poucos jornalistas com um livro nas mãos. Um! Um único livro nas mãos em meses ou mesmo anos de convivência diária na redação!
?Você está lendo o quê em casa??. ?Nada, Zé?. A desculpa mais comum: ?Estou sem tempo?. Tudo bem, muitos de nós estamos. Mas e no mês seguinte? E no ano seguinte? Que gente ocupada é essa que depende de informação e se contenta com as migalhas que encontra nas ruas ou na leitura-relâmpago dos jornais diários?
Basta assistir a uma entrevista coletiva para constatar a diferença. Em geral, o pessoal de impresso dá o show, coadjuvado pela turma do microfone. Nos eletrônicos, os poucos que se destacam, minimamente que seja, acabam se tornando repórteres especiais ou aqueles âncoras que comentam tudo, desde marca de sabão à crise geopolítica no Golfo de Bengala.
Ressalvem-se os grandes dos eletrônicos. Sim, essa minoria que lê, sem se importar com a natureza do veículo em que trabalha. Aqui ou acolá, na rádio ou no jornal, na tevê ou na assessoria, na internet ou na revista, eles serão curiosos como bons jornalistas. Mais do que isso: serão interessados. Como bons humanistas.
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En Passant
Como o leitor pode ver, En Passant com dois ?esses?. A nossa colega Bia Moraes, editora do ?Tribuna do Paraná? e correspondente deste portal, deu o alarme. Infelizmente, cansei de ler a palavra com um ?s? apenas. Confiei nos textos errados (experimente, por exemplo, buscar essa expressão na internet: vai achar as duas formas em textos de boa procedência). Depois da dica da Bia, conversei com a Cristina Nagle, coordenadora da unidade da Aliança Francesa no bairro do Tatuapé, em São Paulo. Ela explicou, peremptória: ?é com dois ?esses? porque vem do verbo passer?. Bem, a vida continua, vamos às notinhas:
Bye-Bye, Brasil – Joaquim Antônio Ferreira Netto iniciou sua carreira aos 15 anos de idade, há quase cinqüenta anos. Entre outros feitos, foi o primeiro jornalista ocidental a registrar os primeiros tiros da Guerra dos Seis Dias, no Egito. Cobriu a posse e a morte de John Kennedy e conquistou vários prêmios, como o Roquette Pinto e o Troféu APCA. A CNT encerrou a cobertura sobre a morte de seu integrante mais ilustre, ao lado de Carlos Chagas, homenageando-o com a frase que ele costumava dizer no encerramento de seu programa na emissora: ?Bye, Bye Brasil?.
Debate salvador – O debate com os presidenciáveis rendeu à TV Bandeirantes uma audiência média, em São Paulo, de nove pontos no Ibope, com pico de 13 pontos. Nos últimos 40 minutos, a emissora chegou à vice-liderança, só foi superada pela Globo. Na Região Metropolitana de São Paulo, cada ponto no Ibope equivale a uma audiência de 50 mil domicílios.
Para as meninas – ?Beleza em Close?, o novo programa feminino da Rede TV, tem estréia prevista para o dia 16 de agosto, uma sexta-feira, às 11h30. Será uma revista diária produzida por ?terceiros?, com enfoque na prestação de serviços. A emissora faz mistério: nome da apresentadora, só nos próximos dias.
A vez dos nanicos – José Genoíno (PT), Carlos Apolinário (PGT/PHS/PST) e Dirceu Travesso (PSTU) são os próximos da fila no programa ?Eleições 2002?, da CNT de São Paulo. É na quinta-feira, dia 8, às 22h15. O jornalista Florestan Fernandes Jr entrevista, por meia hora, cada um dos candidatos ao governo paulista, sejam eles nanicos ou favoritos ao Palácio dos Bandeirantes. As regras do programa vetam as críticas aos demais candidatos, só vale falar do plano de governo. Na primeira rodada, Florestan entrevistou os candidatos Anaí Caproni Pinto (PCO) e Osmar de Oliveira (PAN) – não é o comentarista esportivo. Geraldo Alckmin (PSDB) deu o cano.
Diretor-diretor – Falando em favoritos, a apresentadora do ?Eldorado à Tarde?, Chiara Luzzatti, é cotada para assumir a direção de Jornalismo da Rádio Eldorado AM. O posto ficou vago em maio com a saída de Ederaldo Kosa. Thays Freitas, chefe de reportagem, corre por fora na preferência do diretor-executivo, João Lara Mesquita, pela chamada ?solução interna?. A equipe anda de moral baixo, depois de uma seqüência de demissões que parecia interminável. A redação está a meio-pau, trabalha com metade do efetivo de um ano atrás. As mudanças previstas não devem mudar muita coisa na emissora. Reforma, só no velho prédio da Aclimação. Quem quer que assuma deverá seguir a toada de João Lara Mesquita, que anda centralizando as decisões.
Ainda dá tempo – Quem publicou ou veiculou seus trabalhos entre 1? de outubro de 2001 e 20 de julho de 2002 ainda pode concorrer ao ?Prêmio Ethos de Jornalismo?. O prazo de encerramento das inscrições foi prorrogado de 2 para 8 de agosto. Até esta segunda-feira (05/08), o Instituto Ethos já havia recebido 360 inscrições. Na primeira edição do Prêmio, no ano passado, foram apresentados 345 trabalhos, individuais ou em equipe, nas categorias jornal, revista, fotojornalismo, rádio e televisão.
Bem-vinda – Esta edição de ?Link SP? tem o dedo da jornalista Alessandra Emília, a primeira colaboradora fixa desta coluna. Alessandra já enriquece este espaço, como, de resto, o faz em seu dia-a-dia de pauteira da CNT em São Paulo. Aliás, ela me confidenciou: estar no Comunique-se é um presente e tanto. O aniversário dela? Quarta, agora, dia 7 de agosto. Cumprimentos e sugestões de pauta, notas e afins ela recebe no e-mail alessandraemilia@uol.com.br.
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Lapidares…
?Para 60% dos 115 milhões de eleitores cadastrados, de baixo para cima da sociedade brasileira, televisão é empatia. Positiva ou negativa?.
Coluna de Joelmir Beting em O Estado de S. Paulo (01/08), sobre a relação entre o horário eleitoral gratuito e a especulação cambial.
?O discurso do vencedor (num pleito on line que totalizou numa única noite 9,6 milhões de votantes) era ganhar o prêmio da Globo e com ele ?construir um hotel para cavalos? ?.
Joelmir Beting, na mesma nota, sobre a empatia com o ?caubói caipira? que ganhou meio milhão de reais no Big Brother Brasil.
?O drama é azul?.
Agora SP, caderno ?Vencer? (01/08), sobre a derrota do São Caetano na final da Libertadores. A manchete parafraseia títulos do cineasta polonês Kristof Kieslowski, diretor da ?Trilogia das Cores? (?A Liberdade é Azul?, ?A Igualdade é Branca? e ?A Fraternidade é Vermelha?).
?Daí é que a cara dos quatro são atualmente mais vistas do que o bumbum da Feiticeira e da Tiazinha (Onde estão elas? Eu estou aqui!)…?
Do ?imortal? Carlos Heitor Cony, sobre a exposição maciça e equânime de Lula, Ciro, Serra e Garotinho. Folha de S. Paulo (04/08).
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…E Tumulares
?Apesar de agressões e apitaços, Zarattini conseguiu expor projeto – em exatos 6 minutos?.
O Estado de S. Paulo, caderno ?Cidades? (01/08).
O texto encampa o discurso do secretário municipal dos transportes de São Paulo, Carlos Zarattini, que afirma ter cumprido ?a formalidade da audiência pública? para discutir as licitações do novo sistema de transporte da cidade. O jornal informa que, um dia antes, o secretário levara 1h30min para fazer a mesma apresentação.
Ora, é natural que o jornal se posicione contra os atos de vandalismo dos motoristas e cobradores, como os que acabaram interrompendo a audiência. Mas dizer candidamente que o secretário ?conseguiu? realizar uma audiência pública em ?exatos seis minutos? cabe melhor em um ?release? da prefeitura de São Paulo.
?Hora de pegar carona em papel atrelado à inflação?.
Valor Econômico, caderno ?Eu& Meu Dinheiro? (01/08)
É só mais um artigo técnico destes tempos de insanidade financeira. Mas, convenhamos, parece ou não manchete do jornal do George Soros?
?Acho cruel que as pessoas acessem a internet para obter notícias e informações na frente do PC, mas na hora de se divertir busquem a televisão, dirijam seus carros ou façam ?jogging? ?.
Rob Glaser, dono da ?RealNetworks?, na edição de agosto da Info Exame, sobre o desafio de levar recursos multimída para todos os ambientes, em todos os momentos da vida.
Taí… Se George Orwell vivesse mais cinqüenta anos, poderia conhecer os filhos e os netos do Grande Irmão. Que estalinismo, que nada… A família é grande, e, pelo jeito, atua em vários ramos.
?En Pasant?
Título de seção desta coluna que você lê.
Isso é o que dá arriscar… Este colunista bem que tentou checar a grafia da expressão (o correto é En Passant), mas o fez de forma displicente, expondo, de forma negativa, o portal em que mal começou a escrever. A sorte é que a colega Bia Moraes, editora do jornal Tribuna do Paraná e correspondente deste Comunique-se, estava a postos. Agora, o colunista que se mete a apontar a falha alheia está a morder a própria língua. Bem feito.
(*) Com colaboração de Alessandra Emília.”
REVISTA DOS CURIOSOS
“?Revista dos Curiosos? no circuito das redações”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 7/8/02
“?Eu me surpreendi abandonando alguns clássicos literários para ficar semanas lendo algumas edições da revista. Será que fiquei louco? Ou a revista vicia mesmo??, pergunto ao diretor de Redação da Revista dos Curiosos, Marcelo Duarte. ?Todas as pesquisas de índice de leitura dizem que o texto curto prende a sua atenção porque você sabe que pode começar e parar muito rápido sem interromper a leitura. Quando você pega um jornal, calcula o tempo que vai precisar para ler tudo aquilo. Às vezes adia porque não tem todo aquele tempo disponível. E na revista você bate o olho e percebe que vai ler muito rápido, e dali você começa outra e outra e, quando viu, leu a revista inteira?.
Humilde, esse rapaz. Claro, a explicação satisfaz um ângulo da questão. Interessante e crível, por sinal. Mas o arco é maior. Se isso bastasse, as seções de necrologia ganhariam manchete diária de primeira página. O fato é que a revista é boa mesmo. A equipe é tão grande quanto um time de vôlei. Não tem banco de reservas e o técnico também entra na quadra. Suam a camisa, ao lado de Marcelo Duarte: o editor Miguel Icassatti, o editor de arte Maurício Lara, a repórter Ana Paula Corradini e os assistentes de arte Giovanni Tabolacci e Luciana Steckel.
Há os colaboradores, é verdade. Como a Rosana Hermann, que assina a coluna ?Palavras?, sobre etimologia. A Rosana é mesmo versátil… Eu não sabia que ela era física nuclear. Está lá, nos créditos da colunista. Bom lugar, essa Revista dos Curiosos, para surpreender as pessoas. Não bastam os artigos, profusos e sumamente atraentes, ou mesmo o impecável artesanato visual.
Até os créditos…
O editorial do quinto número da revista é como um estandarte de orgulho, como uma estrela a mais na camisa da Seleção: ?Estão Falando da Gente!?, proclama Marcelo Duarte. Ele agradece os artigos que saíram no ?Correio Braziliense?, em ?O Estado de Minas?, no jornal ?A Tarde?, de Salvador; os registros, as entrevistas na rádio Bandeirantes, CBN e Transamérica…
Vale, para nós, refletirmos sobre o seguinte trecho de um artigo do professor e escritor Deonísio da Silva, autor, entre outros, do excelente ?De Onde Vêm as Palavras? (volumes I e II). Foi publicado no site Observatório da Imprensa e reproduzido pela Revista dos Curiosos. ?Houve um tempo no Brasil em que um almanaque e a Bíblia estavam presentes em numerosos lares (…) Ainda que não carregue almanaque no nome, a Revista dos Curiosos vem preencher, em parte, a falta que fazem os almanaques. (…) Revista nova nas bancas é bom sinal. Ainda mais quando preenche antiga necessidade caseira, retorna hábito já arraigado nas famílias e incentiva a leitura. (…) A Revista dos Curiosos semelha os antigos almanaques, cumprindo função de oásis, de hora do recreio que concilia saberes, nem sempre dispensáveis, e sabores, duas entidades sempre bem-vindas, sobretudo quando acompanhadas.?
No que interessa mais de perto para nós, profissionais da escrita, uma publicação que, em um só número, elucida centenas de dúvidas cotidianas merece um olhar detido. São tijolos e mais tijolos que nos ajudam na construção de um texto atraente. Eu poderia citar uma baciada de exemplos. Mas vou fincar pé em alguns assuntos da capa da quinta edição: ?A Vida nos Tempos de Jesus- o dinheiro, a comida, as casas, o comércio, a política, as roupas, a religião?; ?Sem Medo de Voar – tudo o que o você gostaria de saber antes de embarcar em um avião?; ?Grampo. Cuidado! – como a perícia reconhece a voz de suspeitos em uma gravação telefônica?; ?A força da marca – o que significa a gravata da Chevrolet, os círculos da Audi, o escudo da Porsche…?.
Não vou abusar deste espaço. Só digo o seguinte: até a reportagem sobre o significado das marcas dos carros pode fazer a diferença na hora de escrever um artigo sobre o desempenho de um novo modelo da indústria automobilística. Porque as marcas são talhadas pela história das montadoras – que perseguem determinadas metas de mercado e de apresentação do produto ao longo dos anos.
Pode-se dizer que este artigo, do ?Circuito das Redações?, encerra uma trilogia desta Link SP sobre a curiosidade (desconte-se o perfil e a entrevista completa com Marcelo Duarte – ex-diretor de redação de ?Placar? e ex-redator-chefe de ?Playboy?, entre outras andanças – que você ainda lerá na seção ?Destaques da Mídia?, cujo primeiro personagem foi Eduardo Martins, do ?Estadão?). Os primeiros textos versaram sobre a displicência de muitos profissionais, sobretudo de rádio e televisão. Colegas que descuram até mesmo de informações cruciais para a mera compreensão do que se quer expor.
Para quem busca uma saída, este pensamento pode ajudar muito: ?Quando a gente trabalha em revista, você se vê obrigado a despertar isso. Eu trabalhei em veículos que precisavam sempre complementar o trabalho que jornais, rádio e tevê faziam?, diz Marcelo Duarte. ?Pra fazer esse complemento eu sempre tinha que pensar um pouquinho além ou tentar descobrir uma brecha onde ninguém tinha investido?.
A redação da Revista dos Curiosos é minúscula, não ocupa mais do que 20m2 de um dos prédios da editora Europa, no bairro do Butantã, em São Paulo. O nome da rua bem que poderia ter sido escolhido pela própria equipe da revista: M.M.D.C. – sigla que homenageia os rapazes cuja morte foi o estopim da Revolução Constitucionalista de 32 (são eles: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo). Mais curioso do que isso é perceber que o prédio da editora fica na esquina da M.M.D.C com a Martins. E que as ruas Miragaia, Dráusio e Camargo também estão ali nas redondezas.
O editor Miguel Icassatti fecha a revista. ?Uns colegas aqui da editora brincam comigo, me chamam de Miguel Curioso?. Pudera… Eu mesmo me pergunto de onde esse cara consegue arrancar todos esses assuntos… ?A edição começa na pauta, tanto o texto como a arte, mas o ?espelho? não é engessado, no decorrer do mês pode mudar?.
Uma das fórmulas é visitar as entrelinhas, investigar o que as pessoas raramente questionam. E isso se faz no dia-a-dia, seja pela busca do significado das letras PO no botão do elevador (não é porta, não, diz Marcelo, é push to open), seja numa viagem com a namorada, perguntando a si mesmo por que o velocímetro do carro marca 220km/h quando a velocidade máxima nas estradas nunca chega a tanto… Não é mesmo, Miguel?
A exemplo de Marcelo Duarte, Icassatti trabalhou na editora Abril, entre outras paragens (Trip, TPM, etc.). Foi repórter do caderno regional da Playboy. Escrevia matérias de serviços como o ranking das faculdades e os guias de bares e motéis. Foi apresentado a Marcelo pelo atual diretor de redação da revista Gula, Ricardo Castilho, mas só começaram a trabalhar juntos longe da Abril.
A Revista dos Curiosos tem uma tiragem de 40 mil exemplares. Em seis edições, conquistou 2.300 assinantes. A redação recebe uma média de 30 e-mails diários de leitores. Muitas das mensagens expressam dúvidas e sugestões.
Como nesta carta, escrita em letras coloridas por uma jovem leitora: ?Olá, meu nome é Bruna, tenho 13 anos, estou no colégio Notre Dame Rainha dos Apóstolos e moro em São Paulo. Tenho uma pergunta que não quer calar e achei que não faria mal se perguntasse a vocês, já que sou uma menina muito curiosa: do que é e como é feito (sic) a fita adesiva? Parabéns pela revista. Até que enfim uma que faz a diferença?.
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En Passant
Nosso novo amigão – A última entrevista de Paul O?Neill em São Paulo durou até o momento em que um correspondente da BBC perguntou se a fuga de capitais no Brasil e o aumento da pobreza na Argentina e no Uruguai eram sinais de que o atual modelo econômico – defendido por O?Neill – havia fracassado. Os repórteres que estavam por lá bocejaram quando ouviram a receita para que todos os países do mundo tenham o mesmo padrão de vida do povo americano: os governos devem respeitar as leis e os contratos e desenvolver uma economia auto-sustentável para atrair investimentos, gerar empregos e consolidar a participação popular no desenvolvimento econômico. O?Neill se mostrou desconfortável, mediu palavra por palavra, e logo se livrou dos repórteres, que ficaram lá, um olhando para a cara espantada do outro.
Lá e cá – A assessoria de José Serra foi eficiente mas ineficaz. Marcou uma entrevista com o candidato em duas emissoras de rádio ao mesmo tempo, nesta quinta-feira. Serra acabou falando na Jovem Pan. A Bandeirantes teve de adiar o encerramento de seu ciclo de entrevistas com os candidatos que lideram as pesquisas. Lula, Ciro e Garotinho já passaram pelo Morumbi.
Cá e lá – Christiano de Haddad Cochrane, o despachado apresentador da AllTV (emissora de televisão produzida para a internet), experimentou e decidiu investir em sua formação teatral. Digo aqui, por dever jornalístico, que o jovem é filho de Marília Gabriela. Mas que fique claro: tem luz própria e é um dos melhores apresentadores da emissora, voltada para o público jovem. Christiano concluiu o primeiro estágio do curso de formação de atores de Beto Silveira, um dos mais conceituados de São Paulo. Gostou tanto que ingressou no segundo estágio e resolveu ir em frente no curso profissionalizante que tem três anos de duração. No currículo, ?imaginação profunda?, exercícios de conscientização de espaço, técnicas de interpretação, dança, expressão corporal e voz, história do teatro e por aí vai… ?Meu irmão me deu uma bronca: você tem de escolher uma atividade só, para fazer bem-feito. Mas eu decidi ficar com as duas, o Jornalismo e o Teatro. Vou me dedicar 100% e fazer bem as duas coisas?, diz.
Governandáveis – Mais um debate na TV Bandeirantes… No domingo é a vez dos candidatos ao governo de São Paulo. Se der tempo, nada menos do que dez postulantes vão mostrar o tambor que tocam.
Lá vem o Nelson – Chegou hoje às livrarias de São Paulo ?O Profeta Tricolor – Cem Anos de Fluminense?. Editado pela ?Companhia das Letras? e organizado por Nelson Rodrigues Filho, a obra é uma compilação de mais de setenta crônicas de Nelson Rodrigues sobre o tricolor das Laranjeiras. Nada isentas, como seu torcedor mais ilustre faria questão de dizer.
Rádio S.A. – A prioridade é para os associados da Abert. Assim mesmo, mais de 200 interessados extras estão na lista de espera do seminário que vai discutir a participação das pessoas jurídicas no capital das emissoras de rádio. A palestra vai ser na próxima quarta-feira, dia 14, no Hotel Transamérica, em São Paulo.
Nota 10 – Dos 295 alunos de Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da USP, 52 participaram da aula inaugural da disciplina sobre a Folha de S. Paulo, fruto de um convênio entre a ECA-USP e o jornal. É uma matéria optativa ministrada pelo professor livre-docente José Coelho Sobrinho. Todas as terças-feiras, das 19h30 às 22h00, jornalistas e colaboradores vão contar o que fazem e como funciona a Folha, dentro da linha do ?estudo de caso? de um jornal diário. A Folha é o segundo veículo a virar disciplina no Jornalismo da USP. O primeiro foi a Revista Época, no primeiro semestre, com sua abordagem de publicação semanal.
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Lapidares…
?Não estamos mais numa sociedade agrária, em que a criança era mão-de-obra barata na fazenda. Mais de 80% da população mundial vive em grandes cidades. As crianças não são mais um ativo, mas um rombo em seu tempo, em sua energia e em suas finanças?.
Jerry Steinberg, professor canadense, fundador do clube ?No Kidding?, que promove atividades entre casais e solteiros sem filhos. Revista Época (05/08).
?É irônico verificar que, na era da informática, milhões de pessoas agiram na base da ignorância durante toda a década de 90, quando a economia estava sendo tocada por espumas de ações artificialmente inflacionadas para beneficiar quem era remunerado com base em seu valor – os altos executivos?.
Antônio Ermírio de Moraes. Folha de S. Paulo (04/08).
?Ele não valoriza o candidato com origem social similar à dele porque ele próprio não valoriza a si mesmo?.
Bernardo Sorj, professor de sociologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre pesquisa que mostra o alto índice de rejeição de Lula entre moradores de 37 favelas cariocas. Valor Econômico (05/08).
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… e Tumulares
?O Brasil é um bom país para se investir?.
Paul O?Neill, secretário do Tesouro americano. Jornal Hoje, Rede Globo (05/08).
Afinal, como merece ser chamado o homem que diz ter sido responsável por milhões de dólares em investimentos no País que vez em quando classifica de corrupto? Mentiroso? Suspeito? Indigno? ?Não, Zé Paulo, seja um jornalista dos dias de hoje: diga apenas que a contradição é só um ônus a ser pago, é o legítimo sacrifício de um bom servidor do Estado?.
?Para conseguir emprego de presidente, nada mais justo do que passar por entrevistas?
Anúncio de ?sabatina? da Folha de S. Paulo com candidatos à Presidência e ao Governo de São Paulo. Folha de S. Paulo (08/08).
Que emprego de presidente? Logo a Folha, que se diz a vanguarda do jornalismo político (e de todas as outras searas)? De mais a mais, a própria ?criatividade? do anúncio é questionável.
?Proprietários urbanos: Pesadas nuvens pairam sobre vossas cabeças, sobre as de vossas esposas e de vossos filhos?
Panfleto ?TFP Alerta?, distribuído pelas ruas de São Paulo, sobre o novo Plano Diretor da cidade, proposto pela administração de Marta Suplicy.
Esse povo só não prega o fim do mundo porque a hecatombe engoliria as propriedades todas…”