O protesto estudantil ocorrido no Chile na semana passada deixou um saldo de violência contra os manifestantes e também contra jornalistas. Cinco profissionais de imprensa foram espancados pela polícia quando cobriam os eventos em Santiago, e outros três foram presos. Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras [1/6/06], as forças de segurança chilenas usaram ‘métodos herdados da ditadura militar de 1973/90’ para conter as manifestações.
O protesto de estudantes e professores em 30/5, pedindo uma reforma educacional, transformou-se em baderna quando se aproximou do palácio presidencial La Moneda, em Santiago. Uma violenta reação de guardas armados resultou em 730 detenções e dezenas de feridos, reportou a Agence France-Presse. Entre eles estavam três cinegrafistas – Marco Cabrera, da Red TV, Gustavo Pavez, do Canal 13, e Libio Saavedra, do Canal 9 –, espancados por policiais depois de caídos no chão. Os três usavam faixas no braço que identificavam o veículo onde trabalhavam. Os fotógrafos Fernando Fiedler e Julio Castro, do jornal Diário Financiero, também ficaram feridos. Os cinco profissionais foram levados ao hospital, onde um oficial de polícia tomou seus depoimentos.
Insultos
O editor Julio Oliva, do semanário El Siglo, e dois de seus repórteres, Iván Valdes e Marcos Dias, foram presos na mesma região e levados à força a uma delegacia, onde apanharam e foram insultados. Segundo Oliva, alguns guardas disseram a eles que sua ligação com o Partido Comunista Chileno era razão suficiente para mantê-los presos. O semanário havia publicado reportagens online alertando os manifestantes de que policiais à paisana poderiam se infiltrar nos protestos.
A presidente Michele Bachelet ordenou a demissão do chefe das forças especiais da polícia em 31/5, e o ministro do Interior, Felipe Harboe, anunciou a abertura de uma investigação sobre o uso de violência contra jornalistas.