GAVETA 11 DE SETEMBRO
Edição 143 # 17/10/2001
Alberto Dines
Terça à noite (15/10) no programa de Larry King, na CNN, pôde-se constatar algo que vai além do choque de civilizações hoje em discussão. Há também um choque conceitual e concreto entre o jornalismo ocidental ? hoje estendido aos quatro cantos do mundo inclusive no Extremo Oriente ? e os paradigmas militantes defendidos pelo emissora de TV do Catar, al-Jazira.
As duas posições foram defendidas por duas mulheres: de um lado Judith Miller, a repórter do New York Times (falando dos estúdios em Nova York), alvo recente da intimidação bioterrorista e uma jornalista do canal árabe, Dana Suyyagh (na sede da emissora, no Catar). Esta última expressava-se fluentemente em inglês com sotaque britânico, não havendo portanto qualquer desvantagem no tocante ao meio de expressão. Houve, sim, dificuldades de transmissão por satélite que os interlocutores tentavam superar repetindo as perguntas.
A desvantagem esboçou-se quando Miller perguntou a Suyyagh se era verdade que al-Jazira designava como "assassinos" os israelenses que participavam da repressão às organizações terroristas nos territórios ocupados. Dana, inconfortável, confirmou.
Judith foi em frente: então por que razão al-Jazira designa os autores dos atentados de 11 de setembro como "terroristas" e não "assassinos"? Dana, visivelmente incomodada, explicou: para nós o terrorismo é uma ação em defesa de uma causa, assassinos não tem causa…
A americana ainda perguntou: são estes os critérios de objetividade que al-Jazira adota?
Dana disse que não estava conseguindo ouvir a pergunta. Larry King, então, chamou o próximo convidado ? Mikhail Gorbachov [transcrição não literal, anotada].