Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Diário do Poynter serve de modelo para o setor

O jornal St. Petersburg Times, na Flórida, vem atraindo atenção pela sua estrutura proprietária inovadora. Ao contrário da maioria dos jornais americanos, o diário não faz parte de uma grande empresa com ações públicas – é controlado por uma fundação local sem fins lucrativos dedicada ao ensino e à promoção do jornalismo, o Poynter Institute.

Enquanto os jornais do Tribune Company fizeram diversos cortes em suas redações para satisfazer às demandas por parte de seus acionistas para maiores lucros, o St. Petersburg Times manteve-se relativamente estável. O jornal investiu milhões em projetos de longo prazo, como o lançamento, há dois anos, de um jornal gratuito. Há três anos, as instalações do parque gráfico receberam um investimento de US$ 25 milhões. ‘Estamos em um momento desafiador para todos. Há alguns desafios que enfrentamos aqui no St. Petersburg Times também. Mas temos algumas boas vantagens’, avalia Paul Tash, editor do diário.

Por isso, algumas publicações estão tentando recriar o modelo do St. Petersburg Times. Eli Broad, o rico filantropo que expressou seu interesse em comprar o Los Angeles Times, entrou em contato com o St. Petersburg Times para aprender sobre o funcionamento e administração do jornal.

Jornalismo de qualidade

O St. Petersburg Times deve sua estrutura a Nelson Poynter, que assumiu o cargo de editor e presidente do diário depois que seu pai, Paul, morreu em 1950. Em 1975, Poynter criou uma fundação, a Modern Media Institute, conhecida agora como Poynter Institute, à qual ele doou suas ações do jornal. De acordo com Tash, Poynter não acreditava em hereditariedade e por isso não deixou as ações do jornal para os filhos. Ele era conhecido por dizer: ‘Eu ainda não conheci meus netos, e posso não gostar deles’.

Mesmo sob propriedade do Poynter Institute, o St. Petersburg Times tem obrigações financeiras. O jornal deve gerar lucro o suficiente para se sustentar e vender os dividendos para o instituto. Mas ainda assim há diferenças óbvias entre a mentalidade do St. Petersburg Times e a de seus rivais, cujos valores de ações devem satisfazer seus acionistas. ‘Eu já trabalhei em outros jornais que estão preocupados com custos de viagem, quantos computadores portáteis você usa, ou ainda com os custos de ligações a longa distância. Neste jornal, eles estão preocupados sobre como está o andamento da matéria’, opina Wes Allison, correspondente do St. Petersburg Times em Washington. Informações de Joshua Chaffin [The Financial Times, 16/10/06].