PLAYBOY
Confiante em que a sociedade do México diminuiu seu apego à velha tradição católica, a Playboy Enterprises se aliou ao Consorcio Sayrols para relançar a Playboy no país. A revista deixara de circular em 1998 após 22 anos naquele mercado. O principal problema que enfrentava é que as mulheres famosas que fariam as vendas aumentarem não se dispunham a tirar a roupa por dinheiro algum. Umas poucas atrizes e modelos toparam, mas quase sempre escondidas atrás de plantas ou outros objetos. Lorena Herrera, comediante de televisão, só aceitou sair com o pseudônimo Barbara Ferrat que, mais tarde, juraria ? sem sucesso -, ser sua irmã gêmea. "A filosofia da Playboy era de trazer mexicanas, mas a atitude diante da nudez tornou isso quase impossível", conta Cesar Romero Solis, que se lembra de apenas duas mexicanas em pôsteres centrais nos cinco anos em que foi editor da velha revista.
Com saída do Partido Revolucionário Institucional do poder após décadas, criou-se um ar de modernização que empolga os empreendedores da nova edição. Além disso, a Televisa perdeu o monopólio de transmissão de televisão na metade da década de 1990, o que faz com que as atrizes estejam menos preocupadas com o que a emissora pensa delas. "O país está pronto para uma revista como Playboy. Nossa sociedade está mais aberta, diversificada e arrojada", aposta o editor Manuel Martinez Torres. Mas há controvérsias nesse sentido: "Ninguém famoso vai posar para essa revista", prevê Stephanie Salas, atriz que apareceu numa Playboy antiga. Mesmo a estrela da capa desta nova edição, a modelo Vanessa Zorrilla, não vê mudanças sociais de muita magnitude: "A cultura ainda é um pouco fechada".
Uma grande festa com mil convidados, mulheres ? somente ? de tanga e um concurso de futuras playmates marcou o relançamento. Os editores querem que o México seja trampolim para outros mercados latino-americanos. Embora a edição brasileira seja um sucesso, boa parte do continente continua inexplorada. A Playboy tem hoje, além da americana, 19 versões internacionais, que representam um terço da circulação total de 5 milhões de exemplares. Como o título está em decadência nos EUA, a necessidade de aumentar as vendas em outros países está maior que nunca, como reporta o Los Angeles Times [15/10/02].