QUARENTENA MA NON TROPPO
Primeiro foi o ex-presidente da Petrobras Henri-Phillipe Reichstul, agora é o quase-ex-ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente ? ambos convocados para reorganizar grandes grupos jornalísticos.
A questão não pode resumir-se à quarentena que servidores públicos devem impor-se ao entrar na iniciativa privada. Necessários ou não, estes intervalos funcionais constituem um rito e ritos precisam ser respeitados ? sobretudo no sistema democrático, naturalmente desprovido de pompas e, por isso, mais carente de protocolos [veja resposta deste Observador a uma leitora, no Caderno do Leitor desta edição].
Mais importante é a questão embutida na similaridade das duas convocações: os dois administradores vão emprestar as respectivas competências no mesmo setor ? a mídia.
Primeira conclusão: algo de muito errado está acontecendo no setor editorial.
Segunda conclusão: as mazelas aparentemente situam-se na esfera administrativa e financeira.
Terceira conclusão: concentração e gigantismo podem não ser os melhores formatos para o sucesso de uma operação jornalística.
Quarta conclusão: problemas estruturais também podem se originar na outra ponta, a linha de produção.
Quinta conclusão, sob forma de pergunta: o problema dos dois "Guliveres", Globo e RBS, não estariam localizados mais embaixo, na qualidade dos produtos ? ou isso não conta?