Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Escolhidos para morrer

ELDORADO DOS CARAJÁS

Givanildo Menezes, Ivair Gasperin e Eric Akita (*)

Eldorado dos Carajás: escolhidos para morrer, de Givanildo Menezes, Ivair Gasperin e Eric Akita, 136 pp., Campinas, 2002

Você sabia que todas as pessoas que morreram no Massacre de Eldorado dos Carajás (PA), em 17 de abril de 1996, foram escolhidas para morrer?

Toda vez que acontece, no Brasil, um fato de grande relevância jornalística, a imprensa diária procura cumprir seu papel. E o faz com certo mérito. O problema é que o jornalismo "hard-news" é feito com preocupação apenas factual, que não permite uma investigação a fundo das muitas histórias que uma simples resposta às famosas perguntas do lide ? O quê? Quem? Como? Onde? Por quê? ? não dá.

O Caso Eldorado dos Carajás é um exemplo dessa "limitação" da imprensa diária no Brasil e no mundo. Não se pode esperar que um episódio no qual 19 trabalhadores rurais foram executados por uma operação policial que envolveu quase 200 homens seja totalmente esclarecido em uma lauda de texto. Por ser ágil, a imprensa diária acabou perdendo detalhes importantes. É justamente um desses detalhes que o livro Eldorado dos Carajás: escolhidos para morrer traz à tona.

E era um detalhe fácil de ser percebido por qualquer repórter que tivesse mais tempo para fechar sua matéria. Tivemos seis meses para fechar, depois de quase dois anos de investigação. O livro conclui que os trabalhadores não morreram em conflito com a Polícia Militar do Pará. Foram todos executados. E escolhidos para morrer. A PM tinha pelo menos um espião no grupo, que identificou os líderes do movimento.

Portanto, além de ação planejada da PM (e nisso a imprensa já falou), a ação foi premeditada. Os policiais sabiam que não iriam à Curva do Esse só para desobstruir a rodovia PA-150, foram para matar. E tinham os nomes de quem deveria ser executado. O livro pode até dar novos rumos ao julgamento que se desenrola desde 96, pois a escolha das pessoas para a execução é uma agravante penal.

O livro não está à venda. É resultado de um trabalho de projeto experimental. Fizemos poucas cópias (menos de 100). Nossa intenção é achar uma editora que se interesse pelo trabalho. Mas o "lançamento", que na verdade é a apresentação do livro, acontece em Campinas (SP), no dia 22 de novembro, às 9h.

Contato

Se alguém se interessar pelo livro, e quiser um exemplar, pode se comunicar conosco pelo e-mail <projetoeldorado@hotmail.com>. Ou pelos telefones: Givanildo Menezes (19) 9117-7634; Ivair Gasperin (19) 9174-7561; Eric Akita (19) 9176-1144.

(*) Estudantes da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas