RBS NA BERLINDA
Daniel Bender (*)
Até parece uma guerra santa o movimento contra a RBS que tomou forma nestas últimas semanas <www.zerofora.hpg.com.br>. O objetivo da mobilização é só um, liquidar com a presença satânica do maior grupo de mídia do Sul do Brasil. Esta batalha, que já é antiga, parece ter adquirido novas forças com o episódio da publicação de uma pesquisa eleitoral do Ibope no jornal Zero Hora de Porto Alegre. Milhares de assinantes já cancelaram suas assinaturas e mais ainda estão por vir.
É bom lembrar que não é a primeira vez que uma pesquisa eleitoral com dados exóticos, digamos assim, é divulgada. Aconteceu com Ciro Gomes quando este começava sua rápida queda rumo ao quarto lugar. Em agosto, quando Ciro estava em segundo lugar nas pesquisas de opinião, todos os institutos indicavam essa queda. Ironicamente, pesquisa do Voz Populi mostrava o ex-ministro com 32% e subindo, ao passo que as outras ficavam entre 25% e 26%, com tendência de queda.
O que houve? Ora essa, pesquisas erram. As metodologias utilizadas não são perfeitas e permitem um índice de acerto de 95%. Nesses 5% restantes e nebulosos tudo pode acontecer.
Cito isto para que todos os que odeiam a RBS devido à última pesquisa do Ibope lembrem que o instituto não veio a público dizer que a pesquisa havia sido manipulada. Tampouco a RBS sugeriu isso; dessa forma conclui-se que foi um erro. Isso basta. Jornais erram. Pessoas erram. A Zero Hora errou? Acredito que seja mais correto dizer que o Ibope errou, o que não seria a primeira vez. Também não teria sido a primeira vez que a Zero Hora erra.
Calando uma voz
Esperar que o jornalão gaúcho seja imparcial é ingenuidade demais até para um estudante de Jornalismo. Mesmo assim, os cruzados anti-RBS muitas vezes ignoram o bom senso apenas para praticar o bom hábito da crítica. Dizem eles que "o jornal é sempre contra o PT", e se esquecem de que as posições mais "antipetistas" são de colunistas. Há casos em que pessoas acreditam estar lendo coisas contra o PT o tempo inteiro no jornal, mas não é normal um jornal falar mal do governo? Ainda mais quando ele é claramente antagônico à empresa?
Lembram-se do caso do Clube da Cidadania? Na minha opinião era apenas um fetiche da oposição ao governo na Assembléia Legislativa, pois era o nada do nada se comparado a outros casos de falta de ética ocorridos no país e mesmo no estado. Mas qual veículo de comunicação não daria atenção ao assunto que praticamente monopolizou as atenções dos deputados estaduais gaúchos durante meses?
Muitos integrantes do atual governo petista do Rio Grande do Sul entraram com ações na Justiça contra a RBS por danos morais e ganharam. E com justiça. Ao passo em que a empresa tem sido atacada constantemente por integrantes e simpatizantes do PT gaúcho.
Infelizmente parece que ganhar nos tribunais não basta aos petistas do Rio Grande do Sul, eles querem calar a RBS, e isso é muito ruim. Pois não se fala em substituir a empresa, mas em acabar com ela e, assim, com a imprensa independente do governo (mesmo que comprometida com interesses comerciais nem sempre claros). E isto é cerceamento da liberdade de expressão.
Entenda-se que não é correto um grupo de mídia ter ramificações empresarias como a RBS tem, com interesses que vão muito além de TV, rádio, internet e jornal, chegando até a construção civil e alimentação. Mesmo assim, é muito pior tentar calar uma voz porque não reza a cartilha do partido no governo.
(*) Estudante de jornalismo da Unisinos/RS;
email: <bender@icaro.unisinos.br >