Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Camila Fusco

INTERNET GRÁTIS

“Especialista do Fórum de Davos diz que acesso grátis à internet é fundamental em países em desenvolvimento”, copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 7/02/03

“O acesso gratuito à internet é fundamental para incorporar as tecnologias da informação ao cotidiano da sociedade e aprimorar o processo de inclusão digital principalmente nos países menos desenvolvidos. A opinião é do indiano Soumitra Dutta, membro do Fórum Econômico Mundial (WEF, sigla em inglês) e especialista em tecnologia da informação.

Dutta é o principal organizador do relatório global sobre distribuição e aproveitamento da informática no mundo (The Networked Readiness of Nations 2002-2003) divulgado no final de janeiro em Davos, na Suíça, durante o Fórum Mundial. Em entrevista por telefone ao Último Segundo, Dutta afirmou que os provedores de acesso constituem uma ferramenta essencial para a primeira etapa no combate à exclusão digital.

?Na minha opinião, os provedores grátis são peças-chave no processo de educação da sociedade em relação ao aproveitamento dos novos meios tecnológicos?, destacou. O Brasil subiu oito posições no ranking mundial da WEF, pulando da 38? colocação no relatório divulgado do ano passado para a 29? no relatório atual, e é o líder em inclusão digital entre os países da América Latina. O relatório da WEF adota uma escala de 1 a 7, para 82 países, sendo a maior pontuação reflexo do melhor desenvolvimento em termos de tecnologia.

Último Segundo: Como o senhor analisa a posição do Brasil no relatório?

Soumitra Dutta: No contexto da América Latina, o Brasil vai bem. É o que pode ser visto pela primeira posição que ocupa frente aos outros países. Mas em relação ao ranking global o Brasil ocupa a 29? posição o que quer dizer que ainda deixa muito a desejar em termos de desenvolvimento.

Último Segundo: Quais os maiores problemas que o senhor verifica no desempenho do Brasil?

Soumitra Dutta: O Brasil sofre de problemas, ainda faltam instrumentos que o permitam avançar. Ainda é deficiente em acessos à internet, por exemplo. Quero dizer, a infra-estrutura de telecomunicações ainda é pouca para um país tão grande. O que há instalado não consegue conectar de maneira eficiente os lugares mais afastados. Isso pode ser visto pelo baixo índice de uso das tecnologias pelo Brasil como um todo. É diferente, por exemplo, dos Estados Unidos, que conectam com eficiência todos os pontos do país.

Último Segundo: Pelas vezes que o senhor já esteve no Brasil, por seus estudos e pelas conclusões do relatório, no que o País já avançou em termos de inclusão digital?

Soumitra Dutta: Sem dúvida nenhuma o e-governo ajudou muito o Brasil a atingir a 29? posição no ranking, tanto em relação à comparação global quanto comparando com os países latino-americanos. As políticas têm sido eficientes, mas como eu já disse, ainda faltam instrumentos que tragam acesso à população.

Último Segundo: Pode-se dizer que o e-governo foi um dos elementos que contribuíram para o Brasil ganhar oito posições do ranking 2001/2002 para o 2002/2003?

Soumitra Dutta: Podemos dizer que sim, mas precisamos levar em conta também outros fatores. O relatório é feito por várias divisões, como desenvolvimento, capacidade de uso das tecnologias tanto individualmente quanto pelas empresas e também infra-estrutura. Não é possível levar em consideração apenas um elemento para explicar a ascensão, mas o conjunto todo. (…) Cingapura, por exemplo, é o país mais avançado em termos de e-governo atualmente, e aparece como terceiro colocado em termos de inclusão digital.

Último Segundo: Um fato que chamou a atenção ao analisar o relatório, no sub-índice ?Negócios?, categoria em que mostra o uso da informática e internet aos negócios, foi o Brasil ocupar a posição de número 24 ficando à frente da Espanha (26?). Isso porque a Espanha é um país que na comparação geral ocupa posição melhor do que a brasileira. Pode-se entender que o Brasil está tendo um aproveitamento melhor da tecnologia para a aplicação aos negócios?

Soumitra Dutta: Na realidade Espanha e Brasil tem rankings semelhantes. Se analisarmos o ranking global a Espanha aparece em 25? e o Brasil em 29?. O que pode ter acontecido é o aperfeiçoamento do uso dessas tecnologias e internet pelo Brasil no último ano. As economias dos dois países são bem semelhantes, as empresas brasileiras fazem um bom uso da tecnologia, de maneira semelhante às empresas espanholas. Os bancos brasileiros são os maiores exemplos disso, com boas tecnologias. O problema do Brasil, como já disse antes, está na deficiência de conectar lugares muito distantes por ser muito grande, problema de certa maneira menor para a Espanha, que é um país menor.

Último Segundo: Gostaria de saber agora quais elementos o senhor considera importantes para o Brasil continuar combatendo a exclusão digital. Gostaria também que o senhor comentasse o papel dos provedores de acesso gratuito à internet.

Soumitra Dutta: Acho a banda larga essencial para a inclusão digital, mas de nada adianta ter banda larga se não há instrumentos para ter acesso à internet, como computadores, por exemplo. Acredito que seria bom investir na parte plástica da tecnologia. Agora sobre os provedores gratuitos… Na minha opinião os provedores grátis são peças-chave no processo de educação da sociedade em relação ao aproveitamento dos novos meios tecnológicos. Para mim existem três etapas no processo de inclusão digital. A primeira é a substituição, quando as pessoas adequam seus meios antigos à tecnologia. Por exemplo ir ao banco. Ao invés de pegar o carro e ir aos quiosques dos bancos, passam a utilizar a web para ir a este mesmo banco. Em segundo lugar vem o crescimento desse uso, quanto as pessoas passam a usar mais, e mais, e vêem vantagens em usar a web para fazer compras, por exemplo. Em terceiro lugar vem a transformação total, quando a sociedade está completamente mergulhada nas tecnologias virtuais. Para mim os provedores gratuitos são fundamentais nessa primeira etapa de substituição e conscientização da sociedade para a informatização. Já na segunda e terceira etapa acho a banda larga muito importante.

Último Segundo: No ranking do ano passado a Argentina aparecia na posição de número 32 na frente do Brasil. Nesse ano, a situação é diferente, com o Brasil aparece em 28? e a Argentina, na 45? posição. Como o senhor avalia esse quadro?

Soumitra Dutta: Pode-se analisar principalmente sob a ótica da queda dos investimentos argentinos na área tecnológica. A crise forte vivida pelo país afetou a performance e portanto o ranking. Isso pode ser percebido principalmente pela categoria ?Desenvolvimento?, em que a Argentina aparece agora na 53? posição. O governo não atuou na questão tecnológica, enquanto o Brasil continuou a atuar.”

“Telefônica deve abrir provedor gratuito à web”, copyright Folha de S. Paulo, 5/02/03

“A operadora de telefonia fixa Telefônica (do grupo espanhol Telefónica) vai inaugurar em meados deste mês o seu provedor de acesso gratuito à internet iTelefônica na Grande São Paulo. A Folha apurou que a data mais provável da estréia é o dia 15.

A operadora não confirmou ontem a informação. Segundo ela, os estudos sobre o provedor não estão concluídos. Desde o final de setembro de 2002 a Telefônica trabalha com um projeto-piloto do iTelefônica em dez cidades da região de São Carlos (SP).

No início do projeto-piloto, a operadora disse que não acreditava na rentabilidade da internet gratuita. Afirmou que estava fazendo os testes porque outras operadoras, como a Telemar (que tem entre seus sócios o banco Opportunity), tinham o controle de provedores gratuitos, como o iG. Isso estaria causando perda de receita de ligações para a Telefônica.

Com a inauguração do iTelefônica na Grande São Paulo, todas as três grandes operadoras de telefonia fixa local do país (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom) passam a ter provedores gratuitos. O provedor da Brasil Telecom (que também tem o Opportunity entre seus acionistas) é o iBest.

Essa não é a primeira vez que o grupo Telefônica (dono do provedor pago Terra) cria um provedor gratuito. Em 2000, inaugurou o Terra Livre, que não deu certo.

O presidente da Abranet (associação dos provedores de internet), Roque Abdo, afirmou ontem que a decisão da Telefônica de inaugurar seu provedor gratuito em São Paulo é perigosa. Ele disse que o modelo que o governo está estudando para regulamentar as redes de telefonia fixa para a internet proíbe o subsídio de operadoras a provedores.

?Os usuários que aderirem a provedores gratuitos podem em breve descobrir que são clientes de uma empresa ilegal?, afirmou Abdo. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estendeu para o próximo dia 15 a data final de sugestões do público para o novo modelo de telefonia fixa para internet.”

 

INTERNET ESCOLAR

“Provedores oferecem internet para escolas”, copyright Folha de S. Paulo, 5/02/03

“A Abranet (Associação Brasileira de Provedores de Internet) entregou ontem proposta de fornecimento de acesso à internet em escolas públicas ao ministro Miro Teixeira (Comunicações).

De acordo com o projeto, seria fornecido acesso a provedores de internet para 2.846 escolas, proporcionando 2,6 milhões de endereços eletrônicos. O custo estimado é de R$ 203 milhões, em quatro anos, bancado pelos provedores.

Segundo Roque Abdo, presidente da associação, já está em andamento negociação com operadoras de telefonia para a definição de como seria cobrada a conta do uso das linhas telefônicas -gratuitas ou com desconto.

De acordo com Gil Torquato, diretor de telecomunicações do UOL, o projeto estaria condicionado a aprovação do regulamento de uso das redes de telecomunicações para acesso a internet, atualmente em consulta pública. Para a Abranet, o regulamento deveria ser aprovado até março.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) já prorrogou três vezes o prazo de contribuições à consulta pública do regulamento. O novo prazo previsto é 15 de fevereiro. A agência teria adiado o prazo para dar mais tempo para que os usuários residenciais possam manifestar sua opinião sobre o assunto.

De acordo com o modelo em consulta pública, as operadoras de telefonia ficam proibidas de subsidiar provedores de internet, gratuitos ou não. As operadoras de telecomunicações não poderão transferir receitas das tarifas de telefonia para provedores.

O novo modelo prevê planos alternativos para acesso a internet, com a possibilidade de o usuário escolher a operadora de telefonia que fará o acesso, e uso de tarifa ?flat? -tarifa única, independente do tempo de duração do acesso.

Segundo Torquato, caso a situação atual de transferência de recursos das empresas de telecomunicações para provedores se mantiver, o monopólio que existe no serviço de telefonia será transferido para o acesso a internet.”