GZM EM CRISE
“Quanto vale um jornal, mesmo moribundo?”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 7/02/03
“Luiz Fernando Levy, presidente da Gazeta Mercantil, reúne-se na tarde desta sexta-feira (07/02) com representantes de German Eframovitch, presidente da Companhia Marítima e um dos interessados em associar-se ao projeto de recuperação do jornal. Outro interessado, Nelson Tanure, do grupo Jornal do Brasil-O Dia-Forbes, já apresentou um plano detalhado para assumir o controle da GZM. Nas duas hipóteses, Levy estaria disposto a ceder 50% do capital, entregando o comando da administração mas mantendo o comando editorial. Curiosa coincidência: Eframovich e Tanure construíram suas fortunas ?al mare? – estaleiros e marinha mercante.
A crise editorial continua a ser a questão mais crucial, já que a credibilidade editorial é o ativo mais importante da Gazeta. Com a saída de 21 jornalistas, inclusive o chefe da redação, Paulo Totti, o jornal está sendo mantido por uma equipe reduzida de profissionais – menos de dez. O diretor de redação, Roberto Muller, licenciou-se e o editor-chefe, Matias Molina, está tirando vários períodos de férias acumulados. Os salários não vêm sendo pagos há sete quinzenas.
Uma fonte ligada a Nelson Tanure acha que, mesmo aceitando a continuação de Luiz Fernando Levy no comando editorial da GZM, ele deverá insistir na total incorporação do jornal ao grupo que vem montando. Tanure está também buscando comprar a revista Carta Capital, que seria transformada numa versão nacional de Business Week.
Eframovich, ao contrário, seria um novato na mídia, mas já há algum tempo vem sondando a possibilidade de entrar no negócio da informação.
A efetivação de qualquer novo negócio envolvendo a GZM teria de superar vários e difíceis problemas, entre os quais se destacam a dívida do Refis (cerca de R$ 380 milhões), outras dívidas fiscais (perto de R$ 150 milhões) e a negociação necessária com a Associação dos Empregados (que obteve o arresto da marca). Mas um argumento interessante vem sendo usado para mostrar que, com tudo isso, o negócio ainda poderia ser viável: se o Diário Popular foi comprado por R$ 150 milhões (antes da desvalorização do real frente ao dólar) e os novos donos – o Grupo Globo – se deu ao luxo de deixar a marca de lado, quanto valeria a credibilidade da Gazeta mesmo que tivesse de mudar o título?
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?Quem manda mesmo??, a pergunta teimosa
Os novos nomes nas direções da Globopar e da Net terão de demonstrar ao mercado que realmente está de pé a anunciada intenção dos controladores – leia-se família Marinho – de realmente profissionalizar a direção operacional das duas empresas. A interpretação predominante das saídas de Reichstul e Luiz Antonio foi a de que ambos não aceitaram interferências no controle dos fluxos de caixa.
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Uma fonte pra lá de misteriosa
Silveirinha teria gravado uma fita e confiado cópias a três amigos, ?dando os nomes dos sócios ocultos de sua conta na Suiça para ser entregue à imprensa caso venha sofrer (sic) algum atentado?. Essa história foi publicada no domingo, 2 de fevereiro, pela coluna de Ancelmo Góis e atribuída a um ?mega advogado carioca?. A própria coluna arremata a nota dizendo ?se non é vero…?, ou seja, mesmo que não seja verdadeira é bem sacada.
Nos corredores do Fôro e da Ordem dos Advogados, a bufunfa continua. Para a maioria dos advogados, qualquer um poderia sacar essa história, o que explicaria a conduta de Silveirinha & Cia. em seus depoimentos. Mas só um megaadvogado ligado diretamente a ele poderia garantir que a história é vera.
Vários repórteres espertos estão correndo atrás.
(*) Novo colunista exclusivo de Comunique-se e profissional de tradição no Jornalismo brasileiro, C.P. mantém importantes fontes do mercado e, por isso, prefere utilizar um codinome.”
“Marítima seria a nova sócia da GZM”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 7/02/03
“Na noite desta quinta-feira (06/02), Fred Ghedini, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, recebeu um telefonema do presidente da Gazeta Mercantil, Luiz Fernando Levy, que desmarcava a reunião programada para esta sexta (07/02), quando seriam discutidas soluções para a crise pela qual o diário vem passando.
Levy disse a Ghedini que a reunião não poderia acontecer porque seu novo sócio, Germam Eframovitch, presidente da Companhia Marítima, não seria somente um sócio-patrocinador e, portanto, eles ainda não estavam maduros nesta sociedade para tratar desse tipo de negociação. Ghedini disse a Comunique-se que ainda não tem a confirmação de que a Marítima seria a nova sócia da Gazeta Mercantil: ?Levy me disse que usa uma técnica para confundir. As pessoas pensam que ele está negociando com uma empresa quando, na verdade, ele pode estar negociando com outra?. Ghedini disse ainda que tentou agendar a reunião para segunda-feira (10/02), mas Levy está com viagem marcada para os Estados Unidos e não poderá comparecer. Com isso, a reunião está sem data prevista para acontecer.
Na tarde desta sexta-feira (07/02), Ghedini recebeu outra ligação, desta vez da secretária de Levy. Ela o convocava para uma reunião onde o novo sócio do jornal seria apresentado. Apesar da forte chuva em São Paulo, o presidente do Sindicado pegou um táxi em direção à GZM e, quando ainda estava a caminho, foi avisado pela secretária de Levy que os donos do jornal não puderam esperar por ele e haviam ido embora. ?Vou cobrar a corrida. A dívida da Gazeta acaba de aumentar em R$ 22,00?, disse Ghedini.
Ghedini disse que, se na reunião para conhecer o novo sócio os donos do jornal entrassem no assunto das negociações, ele exigiria a presença dos funcionários da Gazeta. Caso contrário, não discutiria o assunto. Ghedini esclarece ainda que tanto o Sindicato dos Jornalistas quanto o Sindicato dos Funcionários da Gazeta estão abertos à negociações.
Está marcada para a quarta-feira (12/02), às 14h30m, uma reunião entre os sindicatos dos Publicitários, da Administração e dos Gráficos e Distribuidores da GZM, para discutirem uma organização. (*) Colaborou Fábio Ramalho.”
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“Jornalistas da GZM pedem demissão indireta”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 7/02/03
“Em função da crise na Gazeta Mercantil, uma dezena de jornalistas decidiu, esta semana, promover a rescisão indireta de seus contratos de trabalho. Entre eles está a equipe do caderno Fim de Semana, incluindo a editora Rosane Pavam e a editora assistente, Ana Maria Ferraz Tavares.
Além destes profissionais do setor de cultura, pediram também demissão indireta (na prática, demitiram a empresa por falta de pagamento de seus salários), os seguintes profissionais:
Antonio Felix – editor de Comércio e Serviços
Carlos Taquari – editor de Ciência e Tecnologia e do Caderno Ti – Tecnologia da Informação
Fátima Belchior – diretora da sucursal do Rio de Janeiro
Nair Keiko Suzuki – editora de pauta e coordenadora de sucursais e correspondentes
Marili Ribeiro – repórter especial de mídia e marketing
Com esse desligamento voluntário, a Gazeta Mercantil perde mais uma vez importantes nomes na redação, já que na semana passada o próprio jornal tomou a decisão de demitir parte da sua cúpula diretiva e mais 20 funcionários.
Entre os demitidos pelo jornal figuram nomes como: Paulo Totti (editor-executivo), José Paulo Kupfer (colunista), Gilberto Pauletti (coordenador editorial dos jornais regionais), Mauro Arbex (editor de Finanças), José Roberto Alencar (repórter especial de Economia), Eliane Sobral (editora de Mídia e Marketing) e Rodrigo Squizato (sub-editor de Mídia e Marketing). O diretor editorial, Roberto Müller Filho, e o editor chefe, Matias M. Molina, foram afastados da redação.”