Há tempo que me questiono: por que as revistas de cultura excluem de seu conteúdo artes gráficas/design/comunicação visual, tendo em vista que esta é uma área profissional que, acima de tudo, representa imageticamente a cultura popular brasileira, com profissionais como Elifas Andreato, Kiko Farkas, Alexandre Wollner e outros?
A origem do desenho industrial nos leva a reconstruir o início do século 20, quando artesãos e artistas começaram a questionar a validade dos padrões formais dos novos produtos industriais, não mais condizentes com as características da produção em massa, em expansão a partir da 2ª Revolução Industrial. A primeira escola de desenho industrial, a Bauhaus, foi fundada na Alemanha em 1919 e, a partir daí, outras instituições do gênero se disseminaram pelos países industrializados.
No Brasil, o primeiro curso de Desenho Industrial apareceu na Fundação Universidade Mineira de Arte em 1957, e a primeira escola superior do gênero, a Esdi (Escola Superior de Desenho Industrial), data de 1963, no Rio de Janeiro.
Atualmente existem mais de 20 desses cursos em instituições de ensino superior no país, com natural concentração na Região Sul. No Nordeste, há cursos de graduação no Maranhão, em Pernambuco, na Paraíba e na Bahia.
O Curso de Desenho Industrial da UFMA, em São Luís, data de 1970 e, apesar de uma história de característica artística, hoje se volta com empenho para a área técnica.
Acompanhando as características da economia brasileira, a comunicação visual teve desempenho extremamente acanhado até os anos 80. A ‘racionalização’ era a grande palavra mestra, e Alexandre Wollner o seu locutor; depois, a demanda foi a ‘criação’; hoje, os grandes escritórios (já deve haver duas dezenas com mais de 15 funcionários e pelo menos dois com 50) são obrigados a falar em ‘venda’.
Nas últimas décadas, talentosos designers gráficos surgiram, além dos já consagrados Rico Lins, João Baptista da Costa Aguiar, Silvia Steinberg, Hugo Kovadloff, Felipe Taborda, Norberto Chamma, Carlos Perrone, Luiz Stein, Francisco Homem de Mello, Marcelo Aflalo, Ricardo Van Steen, Rafic Farah, Milton Cipis, Sylvia Monteiro, Kiko Farkas, Marco Kato, Cecilia Consolo, além dos vigorosos grandes escritórios como Oz Design, PVDI, GAD, Cauduro Martino, Future Brand, MDesign, A10, Brand Group, Mazz Design, Battagliesi, e todos os núcleos de design gráfico das agências de publicidade.
Portanto, apresento a sugestão de inclusão nas revistas, mesmo que não regularmente, de matérias e artigos que fomentem a ‘cultura popular do design’, que tem entre suas atribuições responsabilidade social e compromisso com a sociedade que, ao meu ver, precisa conhecer melhor esta arte tão presente no dia-a-dia das pessoas.
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Designer há 10 anos com projetos de comunicação visual aplicada a identidade corporativa, sinalização, impressos, publicações, mídias digitais etc., fotógrafo amador, músico, poeta, à frente da Origem Estúdio de Comunicação Visual, colaborador no portal FireMasters, na coluna Carreira