Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Um ano sem Daniel Pearl

ANTI-SEMITISMO

Em recente matéria no Wall Street Journal (20/2/03), Judea Pearl, pai de Daniel Pearl, jornalista assassinado no ano passado pela organização terrorista al-Qaeda, afirmou que seu filho representa todos os EUA. Em 21 de fevereiro fez um ano que o mundo soube do assassinato de Daniel Pearl, repórter do WS Journal.

"Muito se escreveu sobre os novos desafios que o assassinato de Danny representa ao jornalismo internacional. Mas relativamente pouca atenção foi dada a um aspecto dos motivos de seus algozes, especificamente ao papel dos sentimentos antiamericanos e anti-semitas no planejamento e execução do assassinato", afirmou Pearl, presidente da Fundação Daniel Pearl (www.danielpearl.org).

A arma que matou Daniel Pearl, para seu pai, não mirava um inimigo oculto ou uma instituição, mas um ótimo ser humano, cujo rosto todos conhecem agora. "Matá-lo tão brutalmente e em frente a uma câmera de vídeo marcou uma nova baixa na relação do homem para com a própria humanidade."

As reações à morte de Danny variaram muito de comunidade para comunidade. Houve quem, principalmente em países muçulmanos, comemorasse o feito e o utilizasse como estímulo para recrutar novos terroristas. Na Europa, o assassinato do jornalista foi condenado como um ataque contra o jornalismo, "enquanto sentimentos antiamericanos, antijudeus e anti-Ocidente ecoaram em editoriais em alguns jornais europeus respeitados", afirmou Judea Pearl.

Os seqüestradores de Danny, por sua vez, sabiam de sua herança. "Evidentemente, os assassinos achavam que ser judeu era motivo mais que suficiente para o crime horrível que estavam prestes a cometer. A insolência de condenar à morte um ser humano por causa de sua religião ou raça é uma reminiscência forte dos horrores perpetrados pelo nazismo alemão."

De fato, o anti-semitismo cresceu muito no ano passado. Muitos muçulmanos estão convencidos de que a culpa pelos ataques de 11 de setembro é dos judeus, lembrou o pai do jornalista assassinado. "A emissora estatal do Egito transmitiu um programa de 30 partes baseado no livro anti-semita The Elders of Zion, alimentando nos egípcios a fantasia de que os judeus planejam dominar o mundo. Mustafá Tlas, ministro da Defesa sírio, publicou a oitava edição de seu livro, The Matzah of Zion, no qual acusa o povo judeu de usar o sangue de cristãos para assar matzá [pão comido na Páscoa judaica]. Paralelamente, enquanto essas chamas de ódio consumiam grandes porções da população mundial, tradicionais formadores de opinião anti-racismo permaneceram calados", escreveu.

"Contra essa maré de loucura, o mundo lembra de Daniel Pearl, um judeu, cidadão do mundo e criador de diálogos que formaram conexões genuínas entre pessoas de diferentes vivências."