Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Reali Jr.


LE MONDE SOB SUSPEITA

“Revelações comprometem o ?Le Monde?”, copyright O Estado de S. Paulo, 21/02/03

“O vespertino francês Le Monde, um dos principais jornais de referência da Europa, nunca sofreu um ataque tão frontal como o que se prepara atualmente com o lançamento, na quarta-feira, do livro de Pierre Péan e Philippe Cohen, A Face Oculta do Monde. A edição do semanário L?Express, nas bancas desde ontem, antecipa com algumas revelações comprometedoras essa ?bomba jornalística?, publicando sete dos capítulos do livro, produto de um trabalho de investigação de seus autores sobre a ?instituição acima de todas as suspeitas?.

Trata-se de um livro de 600 páginas, editado na Bélgica pelas edições Mil e uma Noites, iniciativa dos autores para evitar qualquer vazamento. Entre as acusações, destaca-se o comprometimento da direção do vespertino com a candidatura presidencial de Edouard Balladur, na campanha contra Chirac e Mitterrand que acabaram disputando o segundo turno; relações pouco transparentes do diretor de redação, Edwin Plenel, com o agente policial Bernard Deplace, número dois da polícia francesa durante muitos anos, mas também o papel de lobista do diretor da publicação, Jean Marie Colombani, em favor do cotidiano gratuito parisiense, 20 minutes.

Até ontem, a direção do jornal francês não havia reagido, preferindo aguardar a saída do livro. Os autores afirmam que suas denúncias estão resguardadas por farta documentação. Nos corredores da redação, não se falava de outra coisa, pois pela primeira vez o Le Monde passou da condição de investigador para investigado. Os rumores indicam a possibilidade de eclosão de uma crise na direção do jornal, podendo ocorrer mudanças na sua mais alta hierarquia.

A revista L?Express adquiriu os direitos de publicação dos capítulos do livro e seu diretor de redação, Denis Jeambar, explicou ter tido o cuidado de não publicar os trechos mais cruéis do livro, em razão das relações delicadas que mantém com a direção do vespertino, desde 1997, quando da ofensiva frustrada do jornal para adquirir o semanário. Outro argumento é que ?a credibilidade do jornal, que serve de referência, sempre constituiu um elemento da vida democrática e é ela que está em jogo hoje em dia?.

Para os autores, o jornal assumia posições, mas respeitava seus adversários.

?Hoje, porém, não hesita em pisoteá-los, não levando em conta os argumentos dos acusados.? Os autores do livro lembram também que ?o jornal d&aacuaacute; lições de civismo a políticos e empresários, mas seu diretor, Jean Marie Colombani, esquece os bons princípios na sua conduta pessoal, chegando ?a emitir faturas utilizando práticas contestáveis?.”

“Le Monde é acusado de abuso de poder”, copyright O Globo in Comunique-se, 22/02/03

“Os jornalistas Philippe Cohen e Pierre Péan lançam, na próxima quarta-feira (26/02), um livro que promete provocar a fúria da direção do Le Monde. ?La face cachée du Monde: du contre-pouvoir aux abus du pouvoir? (A face oculta do Monde: do contra-poder aos abusos do poder) conta como os executivos que hoje estão dirigindo o diário passaram a se utilizar de ?denúncias em sentido único (nas quais não são ouvidas as duas partes), abuso do poder e autocracia?.

Trechos da obra foram publicados na revista L’Express – passagens de sete capítulos, dentre os 25 que o livro tem. O diretor da publicação, Denis Jeambar, diz em sua apresentação que Le Monde se afastou dos princípios que norteavam o fundador Humbert Bauve-Méry, que sonhavam em ?lançar um olhar esclarecido e intelectualmente honesto sobre o mundo?.

Segundo Jeambar, ainda no seu texto de apresentação da L’Express, o livro dos colegas franceses mostra ?o cinismo, as pressões psicológicas e o abuso de poder dos atuais dirigentes do jornal?.

Rebatendo a reportagem, Le Monde publicou uma nota na qual disse que ?uma campanha tinha sido lançada contra o Le Monde através da publicação pelo L’Express de trechos de um livro de Pierre Péan e Philippe Cohen, que deverá ser lançada dia 26 de fevereiro?. Le Monde vai esperar o lançamento da obra para comentá-la.

Tanto o presidente do comitê-diretor, Jean-Marie Colombani, quanto o diretor de redação, Edwy Plenel, foram chamados pela Sociedade de Redatores do Le Monde para se explicarem perante um comitê de redação na próxima quarta, dia do lançamento do livro. A idéia é debater com eles as linhas de orientação do Le Monde e questões éticas e de conduta.

“Crítica ao jornal Le Monde abala mídia francesa”, copyright Reuters, 21/02/03

“Em resposta às alegações de práticas jornalísticas dúbias e intrigas políticas contidas em um novo livro, o jornal francês Le Monde disse na sexta-feira que está sendo alvo de uma campanha hostil.

?Foi lançada uma campanha contra o Le Monde?, disse o jornal em uma mensagem compacta de três linhas publicada na página final de sua edição de sábado, publicada na tarde de sexta-feira.

O jornal afirmou que fará mais comentários somente quando puder ver o livro, que eletrizou a mídia francesa nesta semana, com a publicação de trechos.

?La Face Cachee du Monde? (O Lado Negro do Le Monde) será publicado nesta semana, mas os trechos publicados com destaque pela revista L’Express ganharam as manchetes na mídia francesa.

O livro examina a cobertura do Le Monde em assuntos importantes nos últimos anos e faz uma análise crítica dos padrões e da reputação do jornal de independência política. O livro foi escrito pelos repórteres investigativos Pierre Pean e Philippe Cohen.

Fora os poucos trechos publicados na L’Express, os editores mantiveram a publicação sob mistério.

Os autores acusam a atual equipe editorial do Le Monde de desprezar a ?lúcida hierarquia dos eventos do dia? e adotar a política do entretenimento com informação.

Fundado na época da liberação da França da ocupação alemã, em 1944, o Le Monde (O Mundo) é há muito tempo um exemplo de padrões jornalísticos.

Vende cerca de 400.000 cópias por dia, é leitura obrigatória entre a liderança francesa e adota uma linha política difícil de ser definida. Seus principais rivais são o Liberation, de esquerda, e o conservador Le Figaro.

O Le Monde é orgulhoso de seus diferenciais, e mantém a característica de jornal vespertino, aparecendo na hora do almoço em Paris e com data do dia seguinte, quando se torna disponível nas províncias.

O jornal passou por uma série de mudanças gráficas nos
últimos anos -e não faz muito tempo que aceitou publicar
fotografias.”

 

THE SUN vs. CHIRAC

“?The Sun? ataca Chirac em edição parisiense”, copyright Folha de S. Paulo, 21/02/03

“O tablóide britânico ?The Sun? publicou ontem uma edição em francês em que retrata em sua capa o presidente da França, Jacques Chirac, como um verme.

A edição especial do tablóide -com a manchete ?Chirac é um verme? em francês- foi distribuída em Paris ontem enquanto o presidente francês recebia líderes de 52 países africanos para uma reunião.

A matéria principal perguntava aos franceses: ?Vocês não têm vergonha de seu presidente por tentar retardar a iniciativa dos EUA por uma guerra contra o Iraque? Nós no Reino Unido também achamos que vocês na França esqueceram o quanto devem a outras nações, particularmente aos EUA e ao Reino Unido, por ajudá-los em duas guerras mundiais?.

O ministro da Cultura francês, Jean-Jacques Aillagon, afirmou que crê na liberdade de imprensa, mas que a edição era ?vulgar?. ?Acho que é extremamente descortês, bastante vulgar, despreza o nosso país?, disse. ?Acho que é bastante patética.?

O ministro dos Transportes, Gilles de Robien, afirmou simplesmente: ?É nojenta?.

O ?The Sun? é propriedade do magnata da mídia Rupert Murdoch, também dono do tablóide ?The New York Post?, que tem atacado a França por sua oposição aos EUA e ao Reino Unido no que diz respeito a um ataque ao Iraque. Recentemente, o jornal publicou em sua primeira página uma fotomontagem na qual os embaixadores na ONU de França e Alemanha (que também se opõe à guerra) apareciam com cabeças de toupeira. (Com agências internacionais)”