Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Atenção, correspondentes em Bagdá

JORNALISTAS NO FRONT

Alarmadas pelos avisos do Pentágono, emissoras de TV estão conversando entre si sobre a retirada de seus correspondentes da capital do Iraque antes da invasão americana. As discussões de evacuação circulam até pela CNN, cuja cobertura ousada dos bombardeios de Bagdá durante a Guerra do Golfo Pérsico em 1991 tornou-se uma referência jornalística.

Jornalistas americanos em Bagdá não podem nem contar com um aviso de Washington de que um ataque está iminente. "Se houver ação militar, será um péssimo lugar para estar", afirmou Victoria Clarke, porta-voz do Pentágono, às organizações noticiosas. "Não podemos estipular um prazo, então não podemos tomar decisões de negócios para vocês, mas podemos dizer quão extraordinariamente perigoso achamos que é deixar suas equipes lá."

As emissoras levaram o alerta a sério e chegaram à conclusão de que pode ser inútil permanecer e tentar cobrir uma invasão americana. Todas as organizações midiáticas centraram suas operações nas vizinhanças do Kuwait. Estão, também, posicionando correspondentes em outros países do Oriente Médio, como Catar, Jordânia e Israel, segundo informa Pamela McClintock e Craig Offman [Variety, 5/3/03].

O perigo da permanência de equipes jornalísticas na capital iraquiana é real. Uma das primeiras medidas de uma incursão americana será cortar toda a comunicação, impedindo o contato de Saddam Hussein com seu exército e seus funcionários.

O hotel al-Rasheed, o favorito dos jornalistas ocidentais, fica próximo a alguns dos principais alvos americanos. O próprio hotel poderia ser um alvo. Mesmo se as equipes resolvessem permanecer em Bagdá, não há garantia de que dispositivos de alta tecnologia como telefones via satélite ou videofones iriam funcionar. Os sinais poderiam ser facilmente bloqueados pelo exército americano.

O Pentágono também chamou a atenção dos jornalistas para a possibilidade de Saddam Hussein lançar um ataque químico em Bagdá. Há ainda a preocupação de que Hussein seqüestre ocidentais e os utilize como escudo humano.

O objetivo das discussões conjuntas entre executivos de emissoras em relação a Bagdá é verificar se todos estão de acordo. Ninguém quer ver um concorrente passar a perna nos outros e conseguir a reportagem exclusiva.