NAZISMO NA TV JUSTIÇA
“?O Pianista? no STF”, copyright Jornal do Brasil, 5/04/03
“O filme de Roman Polanski, entre outros dolorosos méritos, nos lembra que as angústias do presente não podem encobrir o horror passado. Sobretudo quando esse horror não foi suficientemente purgado e expurgado. Por mais angustiados que estejamos com o que ocorre no Iraque, a tragédia da Segunda Guerra Mundial está ai, inteira, intacta, maciça. Insuficientemente entendida, precariamente resolvida, maldosamente disfarçada. Reticente.
Pronta para ser reativada. O inferno visto e vivido pelo virtuose Wladislaw Szpilman em Varsóvia entre 1939 e 1944 não é apenas um fragmento do mais brutal conflito bélico, é a escalada do terror nazista antes de alcançar o seu ponto culminante: os campos de extermínio. A transformação de um dos ?ismos? do século XX num dos espasmos mais bestiais da história da humanidade não ocorreu por acaso. Deu-se através de uma encarniçada campanha de propaganda racista empreendida por Hitler e Goebbels ao longo de 13 anos até a conquista do poder.
As diabólicas cenas recriadas pela câmera de Polanski no Gueto de Varsóvia mostram a que ponto pode chegar a natureza humana quando intoxicada pela noção de que vale tudo contra a ?raça inferior?. As pistolas Lueger estavam azeitadas por um profundo desprezo pela humanidade e pelo ódio a uma de suas partes.
O Pianista será rememorado e discutido na próxima quarta-feira em Brasília num dos plenários mais importantes da República. Entre os debatedores não estarão críticos de cinema, historiadores ou sobreviventes do Holocausto. O Supremo Tribunal Federal não vai examinar o filme mas terá de encarar a macabra história que o motivou ao julgar o pedido de habeas-corpus impetrado pelo editor gaúcho Siegfried Ellwanger, já condenado em duas instâncias pelo crime de racismo com a publicação de livros de nítido teor nazista e incitamento contra os judeus.
Não está em discussão a questão da liberdade de expressão mas a alegação do editor, acolhida pelo ministro-relator, Moreira Alves, de que não sendo os judeus uma ?raça?, os livros antijudaicos não se enquadram como propaganda racista. O ministro Moreira Alves aposenta-se no próximo dia 19. Não lembra ou não sabe que nesse dia transcorre o 60? aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia – uma das seqüências mais sangrentas de O Pianista, quando os correligionários alemães do editor Ellwanger liquidaram os remanescentes da ?raça inferior? que ousaram rebelar-se.
O ministro Maurício Corrêa, que interrompeu o julgamento em dezembro, agora vai contestar o relatório de Moreira Alves. Praticamente adiantou o seu voto, baseado na farta legislação internacional que amplia o conceito de raça além das características morfológicas (caso dos negros, asiáticos ou índios) e estende-o para culturas, etnias e religiões. Os demais ministros receberam alentados pareceres de grandes juristas e constitucionalistas provando que tanto o culto à supremacia ariana como a disseminação de preconceitos antijudaicos, antiárabes, antiislâmicos, antieslavos ou anticiganos são formas de discriminar, inferiorizar e perseguir grupos humanos. Consciente da importância desse julgamento, o presidente do STF, ministro Marco Aurélio de Mello, determinou a sua transmissão ao vivo pela TV Justiça.
Mas existem fatos recentes que os meritíssimos não podem ignorar e demonstram o crescimento das doutrinas nazistas no Brasil com sua carga letal de segregações e rancor. Nos últimos dias de janeiro, em Taiúva, interior de São Paulo, um jovem de 18 anos, curso secundário completo, armado com um revólver 38, invadiu a antiga escola, feriu seis colegas e depois matou-se com um tiro na cabeça. No bolso, outras 80 cápsulas. O inquérito ainda não foi concluído mas ficou comprovado que o jovem era um consumidor de publicações nazistas (Hitler em Taiúva, JB, 1/2). Onde as comprou? Quem as editou? Perguntem ao editor Ellwanger.
Há três anos, o Ministério da Educação surpreendeu-se com os resultados de uma pesquisa realizada no Colégio Militar de Porto Alegre, onde oito entre 84 alunos (10%) apontaram Adolf Hitler como o personagem histórico que mais admiravam (O Globo, 20-01-98, p. 5) Onde aprenderam tais noções de valor? Quem os alimentou com a caricatura da história? Perguntem ao editor gaúcho Ellwanger.
Há cerca de 10 dias o arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, fez uma incursão ?revisionista? no seu site oficial: ?Não há comprovação de que foram mortos 6 milhões de judeus…e se forem 6 milhões o que representam dentro do total de 22 milhões de mortos (na Segunda Guerra Mundial)?… nós, católicos, fomos as principais vítimas do Holocausto…? (Folha, 23-03, p. A-15). De onde tirou Sua Eminência essas cifras estapafúrdias? O editor Ellwanger sabe.
Em Nuremberg, a 15 de setembro de 1935, Hitler proclamou a legislação racista que colocou na sarjeta os judeus alemães sob o pretexto da ?pureza da raça?. Nuremberg redimiu-se 10 anos depois, em dezembro de 1945, quando abrigou o primeiro tribunal internacional para julgar os crimes contra a humanidade.
Na próxima quarta, talvez com os acordes rebeldes de Chopin nos ouvidos, as lembranças de Nuremberg estarão em Brasília.”
READERS DIGEST CONDENADA
“Editora Readers Digest Brasil é condenada em Minas”, copyright Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), 4/04/03
“O juiz da 6? Vara Cível da comarca de Belo Horizonte (MG) mandou a editora Readers Digest Brasil Ltda pagar R$ 25 mil a um motorista desempregado. O valor é referente ao prêmio de um concurso patrocinado pela empresa. Além disso, o juiz condenou a editora por danos morais na quantia de 10 salários mínimos.
O motorista recebeu correspondência da editora oferecendo-lhe seus produtos e a oportunidade de participar de um concurso. Ele alegou que respondeu todas as cartas e, em outubro de 2000, teria sido contemplado com um prêmio no valor de R$ 25 mil. Estava previsto para o prêmio ser entregue no mês de dezembro de 2000, segundo o motorista.
Ele alega que não recebeu o prêmio, mas um certificado para participar em janeiro de 2001 de um outro concurso no valor de R$ 300 mil. Como não havia recebido o prêmio anterior, o desempregado não respondeu o certificado.
Resolveu procurar a editora para receber o prêmio. A editora teria afirmado que ele não iria receber a premiação porque não havia respondido a carta datada de 10 de janeiro de 2001. O motorista alegou que houve propaganda enganosa e indução da editora para a aquisição de produtos.
A editora contestou os argumentos do motorista desempregado. Afirmou que apenas enviou mala direta de cunho publicitário. De acordo com a empresa, na mala direta constavam ofertas de produtos variados e convites para adesão ao concurso de prêmios, mas em momento algum houve correspondência informando ser o motorista ganhador do prêmio.
O juiz considerou que o autor teve abalado seu crédito perante a comunidade em que vive, diante da conduta da editora. Segundo o juiz, a editora deve responder por danos morais para que haja um maior cuidado da empresa com as futuras publicações.”
RORIZ vs. ÉPOCA
“Roriz processa Época”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 4/04/03
“Segundo informações publicadas no caderno cidades, da edição do Jornal de Brasília de quinta-feira (03/04), o Governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, através de seus advogados, está processando a revista Época por danos morais.
O jornal afirma que na edição de 27/03, a revista publicou uma reportagem na qual insinuava que o governador estaria envolvido com um doleiro, durante a campanha eleitoral do ano passado.
Ainda segundo a reportagem, ?Roriz pediu uma indenização de R$ 200 mil. Ele também está processando a União. Isso porque, no texto da reportagem, a revista informava que baseou a matéria em dados de um processo que corre em segredo de Justiça. ?Por ação ou omissão, algum agente público permitiu, indevidamente, que as informações sobre um processo sigiloso fossem divulgadas?, explicou o advogado Pedro Gordilho. Caso o governador ganhe a ação, a Editora Globo (que publica a revista Época), o jornalista autor da matéria e a União terão que dividir o custo total da indenização de R$ 200 mil. Mas esse valor poderá ser aumentado ou diminuído pela Justiça?, finaliza.
Procurado por Comunique-se, o diretor da sucursal da revista em Brasília, Expedito Filho, afirmou que a reportagem foi feita baseada em depoimentos de testemunhas prestados no Ministério Público e na Polícia Federal.”
JORNALISMO ESPORTIVO
“A diferença está na gente, pessoal”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 5/04/03
“A Rede Globo publicou nesta sexta-feira (04/04) um anúncio muito interessante. A Globo tem tido 26% de audiência média enquanto o SBT fica com 7% quando ambos transmitem jogos de futebol. Quando só o SBT transmite o jogo, chega à média de 13%, enquanto a Globo, com outra coisa no ar, fica nos mesmos 26%.
Ou seja, quando os dois canais estão no futebol, os ?outros? pegam uma casquinha a mais. E outro detalhe fundamental: dos telespectadores que estão ligados na bola, 79% preferem a Globo enquanto 21% ficam com o SBT. Essa participação muda quando só o SBT transmite: dois terços ficam na Globo e um terço no canal de Sílvio Santos.
A Globo, no seu anúncio, tira conclusões corretas: a diferença está na qualidade técnica da transmissão, mas
também – e, com maior ênfase, repetimos nós – na melhor equipe de jornalismo, narradores, comentaristas e repórteres.
Seria bom que os donos de jornais e tevês lessem bem esse anúncio.
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Se cuida, pessoal de Governador Valadares
Já, já, vão aparecer mineiros na lista de mortos ?americanos? na guerra do Iraque. Um guatemalteco e um mexicano estão entre as primeiras vítimas. Da mesma maneira como ocorreu no passado com as legiões romanas, as Forças Armadas americanas não são mais formadas apenas por cidadãos e cada vez mais
incluem profissionais estrangeiros. A agência Reuters informa que há 37 mil militares no Iraque que não são
cidadãos americanos. Mas uma ordem presidencial para que todos os participantes da ?guerra contra terroristas? ganhem a naturalização.
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Que tal dar um bom exemplo?
Mais um líder sindical – agora são 291, segundo as estimativas – assumiu cargo nos escalões superiores do
governo federal, desta vez na Secretaria Geral do Ministério das Comunicações. A federação e os sindicatos de jornalistas deveriam se sentir obrigadas eticamente a informar todos os membros de suas diretorias que foram nomeados para o governo. Eles vão continuar em seus cargos sindicais?
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Com saúde e natureza não se brinca
Uma pauta direta do gabinete do ministro da Saúde, Humberto Costa, que se queixa de não ser consultado sobre essas coisas. O novo diretor do Instituto Nacional do Câncer, Jamil Haddad, é médico mas seu cacoete é de candidato derrotado que ganhou uma boquinha, ou melhor, bocona. Um de seus primeiros atos foi contratar para a Fundação Nacional do Câncer todo o pessoal que trabalhava com ele na Assembléia Legislativa do
Rio. Antes o pessoal do INC e da Fundação era contratado segundo critérios técnicos.
Outra pauta vem do Ministério do Meio Ambiente. A senadora Marina Silva tem revelado a assessores que está cercada por superintendentes estaduais nomeados por ?interesses superiores? e segundo critérios políticos (a caneta mais poderosa ainda é a da família Sarney). É só dar uma olhada na lista: quase todos os nomes gostam de mamar, não preservar.”