O lançamento da versão internacional da rede de TV al-Jazira, em língua inglesa, continua a ser uma incógnita, como informa David Bauder [Associated Press, 11/6/06]. A primeira data prevista para o lançamento era em abril deste ano – e foi posteriormente adiada para setembro. Os problemas não se restringem à data oficial de lançamento: o novo canal terá que enfrentar os concorrentes internacionais já estabelecidos; nenhuma rede de televisão americana fez um acordo público para transmiti-lo no país; e há até um grupo fazendo campanha para que a al-Jazira não seja exibida nos EUA.
A versão internacional da al-Jazira tem os mesmos donos do canal árabe, com sede no Catar, mas eles insistem que o novo empreendimento se trata de uma operação completamente diferente – que oferecerá cobertura jornalística a partir de escritórios em Londres, Catar, Washington e Kuala Lumpur.
O ex-âncora da ABC Dave Marash, que trabalhará para a al-Jazira International, vai ancorar um telejornal na nova rede e começou a se familiarizar com o ambiente de uma empresa não-americana: na pauta, mais matérias sobre a América Latina e Canadá, meio-ambiente e direitos humanos.
Contratempos
Construir quatro centros de transmissão e uni-los eletronicamente tornou-se uma tarefa mais complexa e demorada do que era previsto, afirma Lindsey Oliver, diretora comercial da emissora internacional. Como o lançamento foi adiado uma vez, Lindsey insiste em não marcar uma data limite para não correr o risco de ter de mudá-la novamente. ‘Vamos lançar o canal quando estivermos prontos’, declara.
Espera-se que o canal atinja inicialmente 40 milhões de lares em todo o mundo. Entretanto, nenhum canal a cabo ou por satélite concordou em transmitir a al-Jazira International nos EUA até o momento – nem mesmo a Dish Network, que transmite a al-Jazira árabe, manifestou interesse.
Barreira americana
A administração Bush acusa a al-Jazira árabe de divulgar informações tendenciosas e imprecisas no Oriente Médio. Mesmo assim, Lindsey está confiante em fazer um acordo em território americano. ‘Realmente leva muito tempo para negociar nos EUA’, opina. Mas se nenhum acordo for feito, ficará extremamente difícil estabelecer uma nova rede de televisão mundial.
Lobby
A organização conservadora Accuracy in Media, que monitora as infiltrações e distorções liberais na grande imprensa americana, iniciou no mês passado um campanha anti-al-Jazira, com o lançamento de um DVD que expõe supostas associações entre a rede árabe, a al-Qaeda e o regime de Saddam Hussein no Iraque. ‘Esperamos manter a al-Jazira International fora do mercado americano e esperamos que as empresas de canais a cabo ou por satélite pensem duas vezes antes de considerar adicionar a al-Jazira International em sua programação’, afirma Cliff Kincaid, diretor da organização.
Lindsey responde aos críticos pedindo a eles para primeiramente assistir ao canal, antes de pré-julgar. ‘Não acredito que [o jornalista britânico] David Frost tenha sido alguma vez acusado de ser um terrorista’, alega ela. ‘O nome al-Jazira é muito polêmico nos EUA. Mas, para aqueles que estudaram o canal, fica claro que se trata de uma organização de notícias confiável’, opina Marash, futuro colega de Frost no novo canal.