DERRUBADA DE SADDAM
Com a queda do regime de Saddam Hussein, pela primeira vez desde 1958 o Iraque tem a chance de sonhar com outra coisa que não uma ditadura sangrenta, comemora o iraniano Amir Taheri, autor de The Cauldron ? The Middle East Behind the Headlines (O caldeirão ? o Oriente Médio por trás das manchetes) em artigo para o Times [10/4/03]. Os povos árabes deveriam estar felizes, mas a imprensa garante que não.
A maior parte da imprensa árabe ficou "histérica" ao imaginar batalhas terríveis, diz o escritor. O jornal estatal al-Ahram, do Egito, escreveu que "os heróicos iraquianos, prontos para lutar até o fim", transformariam o país num "cemitério dos sonhos imperiais americanos". Durante a guerra, diários sauditas, egípcios e libaneses publicaram matérias de jornais da Inglaterra e da França abertamente contra a invasão ? o Saudi Arab News, por exemplo, veiculava 10 artigos do Independent por dia.
As manchetes declaravam que "centenas se preparam para missões suicidas", mas isso não ocorreu. Atualmente, a imprensa está cheia de matérias sobre como os árabes se sentem humilhados e frustrados com o que aconteceu ao Iraque. "Se estão mesmo, qual o problema?", provoca Taheri. "Eles deviam se jogar num rio. Hoje, o Iraque é livre e, apesar da preocupação legítima com seu futuro, cautelosamente feliz."
Agência trava batalha de relações-públicas
A Office of Global Communications, agência americana criada em janeiro, transformou-se num poderoso instrumento de relações públicas do governo Bush: a firma controla desde scripts enviados a porta-vozes em todo o mundo sobre a guerra no Iraque, até entrevistas coletivas de militares e participação de figurões do governo em telejornais estrangeiros.
Para garantir que qualquer declaração de uma autoridade americana tenha aprovação prévia da Casa Branca, a agência coordena as comunicações entre Pentágono, Departamento de Estado e Comando Militar no Golfo Pérsico, conta Bob Kemper [Chicago Tribune, 7/4/03]. A estratégia ? iniciativa de Karen Hughes, conselheira de George W. Bush ? nasceu da experiência em campanhas políticas e foi aperfeiçoada durante a guerra no Afeganistão. Chefiado por Tucker Eskew, coordenador da campanha presidencial, a Office of Global Communications deve continuar mesmo após o fim da invasão do Iraque, e tem como principal objetivo responder quase instantaneamente às críticas contra o governo no mundo árabe.