ECOS DO BBB3
Paulo Lima (*)
Finalizada mais uma eletrizante disputa do Big Brother, o terceiro de uma série, e tendo sido aclamado vencedor um ex-anônimo que atende pela misteriosa alcunha de Dhomini, desligam-se os aparelhos de TV e esfriam-se os ânimos até que uma nova disputa seja anunciada com a peculiar pirotecnia.
Certo? Errado.
O day after do Big Brother, por mais inacreditável que pareça, rende mais comentários e fofocas do que a guerra no Iraque. Com seus truques de edição, o BB está cada vez mais parecido com novela, com uma diferença: gostemos ou não das óperas de sabão, é preciso reconhecer ali a existência de uma rede de intrigas mínima denominada enredo, que costuma prender a atenção dos vezeiros nesse tipo de gênero televisivo, do primeiro ao último capítulo.
A realidade forjada do BB assegura o thrilling que prende a atenção de milhões de telespectadores. Acrescente-se o clima de disputa, de competição alimentado pelo ôba-ôba do animador do programa, o sempre exultante Bial. Esses ingredientes garantem longa vida aos gossips, mesmo finda mais uma edição do programa.
Presenciei uma dessas fofocas no dia seguinte à final do BBB3. O local, um salão de beleza. Os personagens: um cabeleireiro, uma manicure e um ajudante. Pode-se dizer que o sumo da conversa trouxe à tona uma faceta do BBB que poucos podem ter imaginado: o BBB, na sua aparente neutralidade de uma Cruz Vermelha (só aparência), acaba por revelar preconceitos e outros males da sociedade. Pergunta um dos personagens no salão de beleza: "Por que mulher nunca vence o BBB?
Roteiro de mistério
Longe de mim querer antropologizar tamanho non sense como o Big Bobagem (comentário de alguém: "Eles só comem, dormem e transam"). O que se discute é que, além de muito ruim, o BBB ainda expõe preconceitos. Sim, por que mulher jamais venceu o BBB? Feministas e antropólogos de plantão, a postos!
Mais uma questão formulada por um dos personagens no salão de beleza: "Por que não criam um Big Girl?" Genial! Nem mesmo Boni, no ápice de sua loucura criativa, haveria de imaginar tanto. Em vez do Big Irmão, ou Big Pai, seria criado o Big Garota ? ou Big Mulher. Não sei se o programa ganharia feições de convento ou internato para moças, mas ao menos uma injustiça seria reparada.
E, uma vez dada a idéia, tratemos de ampliá-la, sugerindo também a criação de bêbêbês para políticos corruptos, magistrados venais, narcoterroristas et caterva.
Em lugar do atual roteiro programa, sugiro um emocionante enredo aghatacristiano, em que os participantes vão sumindo um a um, misteriosamente. No final, seria dado a conhecer o real culpado pelos sumiços. A pena capital seria então aplicada ao desafortunado: desculpas públicas e auto-imolação, a critério do próprio condenado ? de haraquiri ao salto definitivo para dentro de um vulcão em chamas. O leque é amplo e variado…
(*) Estudante de Jornalismo e editor do Balaio de Notícias <http://www.sergipe.com/balaiodenoticias>