JARBAS BARBOSA
“A volta de Jarbas Barbosa, após 25 anos”, copyright O Estado de S. Paulo, 19/04/03
“Jarbas Barbosa, irmão do ?velho guerreiro? Chacrinha e produtor de filmes de quatro nomes de ponta do Cinema Novo (Nelson Pereira, Glauber Rocha, Ruy Guerra e Cacá Diegues), está de volta ao cinema, depois de ausência de 25 anos. Jarbas, que produziu ou co-produziu filmes como O Boca de Ouro, de Nelson; Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber; Os Fuzis, de Ruy Guerra, e Ganga Zumba, Os Herdeiros e Xica da Silva, de Cacá Diegues, escolheu a trajetória do irmão como tema de seu 25.? longa-metragem (Chacrinha, o Velho Guerreiro, direção de Nelson Hoineff).
Para marcar a volta do produtor paraibano-pernambucano ao seu ofício, o Canal Brasil preparou documentário especial da série Retratos Brasileiros, que será exibido amanhã, às 20 horas. Uma hora depois, começa o Festival Jarbas Barbosa, composto por cinco de suas produções. A seleção sintetiza, exemplarmente, os dois caminhos percorridos pelo produtor. O da ousadia, que gerou Boca de Ouro, Deus e o Diabo e Os Fuzis. E o do cinema de puro entretenimento, simbolizado em Pobre Príncipe Encantado (veículo para Wanderley Cardoso, galã da Jovem Guarda, cativar pré-adolescentes), e A Cama ao Alcance de Todos, de Alberto Salvá (episódio A Primeira Cama) e Daniel Filho (A Segunda Cama), comédia de costumes com pitadas eróticas.
A série Retratos Brasileiros propõe-se a realizar simpáticas revisões da trajetória de seus biografados. É o que faz mais uma vez. O ponto de partida do programa, que tem roteiro e entrevistas de Bernadette Duarte, é uma festa em torno de Jarbas. Em elegante terno escuro, ele derrama alegria e recebe abraços de Othon Bastos (o Corisco de Deus e o Diabo), Norma Bengell (de Os Cafajestes, que ele distribuiu), Ruy Pollanah (Os Fuzis) e Ziraldo (autor dos cartazes de muitos de seus filmes). Noutro momento, aparece cercado pela equipe que, com ele, prepara O Velho Guerreiro, mix de documentário e ficção. Nelson Hoineff e o fotógrafo Jorge Monclar falam da cinebiografia de Chacrinha, que estréia em dezembro.
Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Luiz Carlos Barreto, Stepan Nercessian, Wilson Cunha e Eduardo Giffoni relembram a trajetória do produtor e distribuidor, que vive ora num hotel no Rio, ora num hotel no Recife. Nos dois primeiros blocos, três depoimentos se destacam: o do produtor Herbert Richers, que destaca com serenidade e elegância a amizade que o une a Jarbas há 45 anos; o de Daniel Filho, que alerta o espectador para as histórias que o produtor reinventa a cada narrativa, e o de Renato Aragão. Nos estúdios onde filma O Cupido Trapalhão, Renato relembra que Jarbas foi o primeiro produtor de cinema a acreditar nele. Afinal, produziu seu longa de estréia (Adorável Trapalhão /1967).
O que mais chama a atenção no ?retrato brasileiro? de Jarbas Barbosa é a escolha de trechos de seus filmes. A turma do Canal Brasil conhece o riscado. Sabe que cena tirar de cada produção. De O Boca de Ouro (1962), o Rashomon de dois Nelsons, o Pereira e o Rodrigues, vemos o sanguinário bicheiro de dentes dourados fazendo caridade. De Os Fuzis, seqüências dignas de antologia: Nelson Xavier e Maria Gladys em rascante cena de amor; Gaúcho (Átila Iório) conversando com o pai de uma criança morta e, depois, sendo baleado pelos fuzis. De Deus e o Diabo somam-se a cena de Corisco (Othon Bastos) pulando como um raio, Yoná acariciando os cabelos de Sônia dos Humildes e, claro, a seqüência da escadaria do Monte Santo, que cita a Escadaria de Odessa, de Eisenstein. Em Ganga Zumba, Pitanga aparece com Luíza Maranhão, mas o que imanta nossos olhos é a participação especial do compositor Cartola, na pele de um escravo. Em Xica da Silva, Zezé Motta, nua e com gestos de serpente, seduz o emissário real (José Wilker).
As seqüências selecionadas dos filmes de entretenimento produzidos por Jarbas Barbosa trazem matrizes em perfeito estado e nos conduzem a uma espécie de túnel do tempo. Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Daniel Filho, Maria Lúcia Dahl, Cláudio Cavalcanti, José Lewgoy e a Xuxa dos anos 60, Neide Aparecida, ressurgem jovens e belos.
Jarbas Barbosa deixou sua Paraíba natal aos 8 anos. A família transferiu-se para o Recife. Aos 20, estava no Rio, onde o irmão, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, fazia carreira como locutor de rádio. Tentou o mesmo ofício, mas fracassou. Em busca de emprego, deparou-se com anúncio da firma Cinegraphica São Luiz. A palavra cinegraphica o deixou fascinado. Conseguiu seu primeiro trabalho. Foi assistente de câmera na produtora Herbert Richers, realizou filmagens em cemitério e no Concurso Miss Brasil vencido por Martha Rocha.
Comprou um carrão Impala, 0 km, e meteu-se com produção cinematográfica.
Para bancar, com Jece Valadão, O Boca de Ouro, vendeu o enorme Impala. Só que o carrão fazia parte dos objetos de cena do filme. Correu à empresa para pedir o veículo recém-vendido para necessário retake (cena refeita).
Outra história curiosa na vida do produtor tem a ver com o naufrágio de embarcação à vela, construída para o filme Xica da Silva. Havia 22 pessoas dentro da galé (inclusive Zezé Motta), quando ela afundou. Ninguém morreu, mas as águas consumiram o dinheiro investido. Tudo precisou ser refeito. E foi regiamente compensado pelo público, que comprou 3.183.493 ingressos, em 1976, e colocou o filme na 22.? posição do ranking de maiores sucessos da era Embrafilme.
O produtor orgulha-se de ter colocado seu nome nos créditos de filmes importantes como Deus e o Diabo e Os Fuzis. Em seu Retrato Brasileiro, lembra que ambos deram prejuízo financeiro. Ao contrário de Pobre Príncipe Encantado, A Cama ao Alcance de Todos, Ali Babá e os Quarenta Ladrões, Adorável Trapalhão, 007 e ? no Carnaval, Na Onda do Iê-Iê-Iê e Xica da Silva. Este filme, de Cacá Diegues, vendeu 3.183.493 ingressos.
Jarbas Barbosa sabe, e diz isto a seus interlocutores, que ?um filme como Os Fuzis pode não gerar lucro a curto prazo, mas sobrevive à ação do tempo.
Passados 40 anos de sua realização, ainda hoje me procuram para mostrá-lo em retrospectivas no Brasil e no exterior?.
Festival Jarbas Barbosa no Retratos Brasileiros. Amanhã, às 20 horas. Canal Brasil (canais, operadoras: NET, 66; Sky, 66)”
TV CULTURA
“Em crise, TV Cultura prorroga reprises”, copyright Folha de S. Paulo, 22/04/03
“Dois dos principais programas da TV Cultura, o “Vitrine” e o “Viola, Minha Viola” só devem voltar ao ar com edições inéditas em junho, quase três meses após o prazo inicialmente previsto (março). O “Vitrine”, sobre mídia, está sendo reprisado desde o final de novembro de 2002.
O atraso nas reestréias é consequência da crise que atinge a emissora, a pior desde meados dos anos 90. Além de consecutivos cortes nas verbas que recebe do governo estadual, sua principal fonte de receitas, a TV pública viu suas receitas com publicidade cair 40% nos últimos meses. E tem dívidas, a maioria já renegociadas para pagamento a longo prazo, de cerca de R$ 48 milhões.
Em fevereiro, após realizar estudos para deixar de ser deficitária, a Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura) demitiu 256 funcionários e prestadores de serviços. O corte, de 18% do total de profissionais, resultaria em uma economia de R$ 1,152 milhão por mês.
Na época, a fundação costurou acordo com o governo estadual para que o dinheiro poupado com as demissões continuasse entrando em seus cofres, para investimento em programação. O acerto, no entanto, não foi cumprido. Ou seja, a Cultura perdeu funcionários e não ganhou nada em troca. As negociações por essa verba com o Estado, que previa inicialmente injetar R$ 90 milhões na emissora neste ano, continuam.
Sobrevida 1 – A Record e a produtora independente Casablanca já negociam a realização da terceira temporada do seriado “Turma do Gueto”. A série, com elenco majoritariamente negro, quase acabou em fevereiro, por causa de atritos entre emissora e produtora.
Sobrevida 2 – O seriado deve ganhar a terceira temporada, a partir de junho, porque vem tendo boa audiência. Em março, foi o programa de maior audiência da Record, com média mensal foi de 10 pontos no Ibope. Pesquisas da emissora apontam que a série tira público principalmente da seção de filmes “Tela Quente”, da Globo.
Caipira – Ex-diretor de produções internacionais da Globo, José Paulo Vallone está retomando o comando de sua produtora independente, a JPO, que já fez novelas para o SBT e a Record. Já negocia com duas redes a produção de uma novela rural, “Coração Selvagem”, com texto de Yves Dumont. Uma pesquisa de grupo encomendada pela JPO apontou que há demanda para temas rurais.
Agenda – Após estrear novos programas em maio (“Boa Noite, Brasil”, “Claquete” e “Bem Me Quer”) e em junho (“60 Minutos”, dominical de José Luiz Datena e Jorge Kajuru e semanal de Marcos Mion), a Band vai no “Show do Esporte”, que já viveu domingos melhores no Ibope. Investir em futebol, no entanto, não está nos planos da emissora a curto e médio prazos, por causa do encarecimento dos direitos de transmissão.”
JORNALISTAS AMEAÇADOS
“Jornalista sofre ameaças de morte no Paraná”, copyright O Estado de S. Paulo, 17/04/03
“A jornalista Christina Mattos, chefe de reportagem da TV Coroados, retransmissora da Globo em Londrina, no Paraná, recebeu ameaças de morte e foi retirada da cidade pela empresa. A emissora suspeita que as ameaças estejam relacionadas às denuncias uma possível formação de cartel para venda de combustíveis.
Um promotor que investiga o caso e já conseguiu a prisão de alguns proprietários de postos também teria recebido ameaças e chegou a andar com seguranças e colete à prova de balas. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais, Roberto Fregonese, considerou ?um absurdo? imputar a acusação aos proprietários de postos.
Segundo o diretor de Jornalismo da emissora, Wilson Serra, Christina recebeu telefonemas alertando para que tomasse cuidado com a filha, de 6 anos. Uma pessoa lhe disse que ?deixasse de falar besteira, senão seria apagada?.
Segundo Serra, os telefonemas foram gravados. A fita está com o Ministério Público.”
“Dono de jornal morre após sofrer atentado”, copyright O Estado de S. Paulo, 17/04/03
“O jornalista Luiz Sérgio Campos, de 46 anos, dono do jornal semanal Gazeta do Povo, de Pedreira, na região de Campinas, morreu na noite de terça-feira, três dias depois de ter sido atingido por dois tiros. Ele estava internado no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas.
Campos levou um tiro na cabeça e outro no pescoço no sábado de madrugada, em uma estrada de terra de Jaguariúna, quando estava retornando de Campinas para Pedreira. Até o início da noite de ontem, nenhum suspeito havia sido detido.
A polícia trabalha com as hipóteses de crime encomendado e latrocínio, ainda que o celular e a carteira da vítima, com dinheiro e documentos, não tenham sido levados pelos criminosos. Campos foi encontrado ferido dentro de seu carro, um Corsa, pela Polícia Militar, avisada por testemunhas.
Segundo a polícia, os laudos técnicos da perícia serão divulgados em 20 dias. A suspeita é que as balas tenham sido disparadas por um revólver calibre 38. A arma ainda não foi localizada. Parentes e amigos ainda não haviam sido ouvidos pela polícia até ontem à noite.
A viúva do jornalista, que pediu para ter sua identidade preservada, disse não saber se o marido havia sido ameaçado. Ela decidiu cancelar a próxima edição do jornal, que circula aos sábados.”