Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Provão muda pouco. Mas continua?

AVALIAÇÃO

Victor Gentilli

No fim da semana passada o governo anunciou as mudanças para o Provão deste ano. A principal delas é o fim do ranqueamento dos cursos com conceitos de A a E e o uso das médias das notas dos alunos. Aliás, embora as comissões de cursos não tenham sido ouvidas pela comissão que estuda as mudanças no sistema de avaliação do MEC, essa alteração confere com o pensamento majoritário dos professores que compõem as comissões.

Se os novos dirigentes do MEC não sabiam é apenas porque se recusaram a perguntar.

Os estudantes de Jornalismo, que há anos boicotam a prova propondo um sistema de avaliação diferente, chamado Avaliação pra Valer (muito melhor, aliás, mas não conflitante com o Provão), ainda não se manifestaram sobre as mudanças. Difícil imaginar que não continuem o boicote. Até porque o pensamento quase exclusivo dos integrantes da comissão que estuda as mudanças na avaliação é contrário à continuidade do Provão. Ele se mantém neste 2003, com mudanças, mas para 2004 resta apenas um ponto de interrogação.

A imprensa, como sempre, limitou-se a noticiar os informes oficiais do governo. Mudou o governo, mudou a política, mas a forma de trabalhar da imprensa continua a mesma.

Aí, quando o governo não vê ao redor, a imprensa mantém-se igualmente cega.

É o caso das avaliações dos cursos. Outra novidade do governo. Sai agora a informaç&aatilde;o de que os 628 cursos que solicitaram reconhecimento (em todas as áreas) serão avaliados neste ano. Um impasse jurídico havia levado o MEC a adiar essas avaliações, mas agora houve um recuo, e serão adiados apenas os mutirões de avaliação sistemática de cursos. Estava previsto para 2003 que todos os cursos de Jornalismo seriam visitados e avaliados pela segunda vez, num processo semelhante ao de 1999, mas essa rodada de avaliações não será feita.

Mas o que ninguém vê é que, com uma única exceção, todos os cursos mais antigos de Comunicação estão irregulares e, pela leitura estrita da lei, estariam impedidos de emitir diplomas. O governo está apenas regularizando os cursos novos. Como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação já tem mais de cinco anos e, no caso da comunicação, nenhum curso pediu renovação de reconhecimento (com a tal única exceção), os cursos irregulares continuam irregulares.

O governo não vê; a imprensa igualmente não vê. Como a situação é confortável para todos, todos preferem silenciar.