UNIVERSIDADE ABERTA
Amanda Miranda e Mauricio Frighetto (*)
Na quarta-feira passada, 21/5, o sítio Universidade Aberta
<http://www.unaberta.ufsc.br>,
produzido pelos estudantes de Jornalismo da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), completou um milhão de acessos.
A página veicula notícias e reportagens de interesse
da comunidade universitária e faz clipagem dos principais
jornais do país desde outubro de 1997, além de servir
como laboratório para que os alunos exercitem a prática
jornalística.
O Universidade Aberta online tem uma história de pioneirismo: foi o primeiro sítio de atualização diária de uma universidade brasileira e o primeiro a utilizar áudio e vídeo em Santa Catarina.
Vencedora de quatro edições da Expocom (1997, 1998, 1999 e 2000), a página passou por reformulação editorial e gráfica no início deste ano, "com o objetivo de dar um maior espaço para a veiculação de reportagens e torná-la mais ágil e rápida em termos de atualização das informações", como afirma uma das coordenadoras do projeto, Valci Zuculoto.
A equipe do sítio é formada por 25 alunos, dois professores coordenadores e duas jornalistas que já foram repórteres da página quando eram estudantes: Natália Viana e Gisiela Klein, criadora também do novo design.
O Unaberta faz parte do Projeto Universidade Aberta, vencedor,
entre outras premiações, do Gran Prix de Jornalismo
em 1999. Além do sítio, os participantes do projeto
fazem dois boletins diários para a rádio CBN e produzem
o programa Notícia na mesa para a Rádio Santa
Catarina, a segunda AM de maior audiência no estado. A rádio
virtual do Curso de Jornalismo da UFSC ? a Rádio Ponto <http://www.radio.ufsc.br>
? também integra o projeto, veiculando notícias sobre
a universidade e dando espaço para a transmissão de
programas produzidos pelos estudantes. Os alunos do Universidade
Aberta participam, ainda, da cobertura anual das reuniões
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
para uma rede nacional de rádios públicas e universitárias.
A comunicação do Vestibular da UFSC também é feita pelo Universidade Aberta desde 1999. Em troca, a Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) financia o projeto. A parceria, utilizada como exemplo pelo Ministério da Educação, foi desenvolvida com o objetivo de reduzir os gastos da Coperve com a divulgação do concurso. Desta forma, todo o planejamento de mídia é desenvolvido pelos estudantes do curso, desde o material de divulgação, o guia do candidato e a revista institucional, até os cartazes e a campanha publicitária em TV e rádio.
Um dos coordenadores e fundadores do projeto, Eduardo Meditsch, diz que o Universidade Aberta mudou o curso de Jornalismo como um todo. "Deixou de ser um faz de conta e começou a ser um jornalismo real. E isso se expressa nos resultados do provão do Ministério da Educação e nos guias de vestibular da Editora Abril. Por outro lado, os alunos que se destacaram no projeto estão bem-empregados, pois saíram preparados para enfrentar o mercado de trabalho", destaca. "Além disso, como a universidade requer dedicação exclusiva, o Universidade Aberta mata a saudade de alguns professores do fazer jornalístico."
Recordes de visitas
A professora e coordenadora editorial do projeto Valci Zuculoto vê no Universidade Aberta um espaço para que os alunos entrem em contato com a prática. "Tudo funciona como na redação, e nosso principal objetivo, além de democratizar o conhecimento produzido na UFSC e de noticiar o que se faz no ensino superior do país, é proporcionar aos alunos a prática do que aprendem nas salas de aula e a proximidade com o jornalismo diário", afirma.
O Universidade Aberta entrou no ar em outubro de 1997, sob a orientação do professor Luis Alberto Scotto de Almeida, com tecnologia e "cara" bem diferentes das que tem hoje. O sítio tinha um fundo "amarelo terrível", como define seu criador, o então estudante Zé Lacerda. As notícias eram adaptadas do rádio para a internet, editadas e diagramadas um dia antes de a página ir ao ar.
A homepage já nasceu multimídia: as notícias do rádio podiam ser ouvidas também na página. "Nós tínhamos que escolher cinco notícias dos radiojornais, editá-las e adaptá-las e também oferecíamos o arquivo de áudio", conta Lacerda.
Um dos momentos mais marcantes de toda a história do Universidade Aberta foi a cobertura da greve de 1998. Naquela época, os estudantes recebiam e-mails de diversos estados e também de outros paises. Nenhum sítio fez cobertura tão intensa e completa quanto o Universidade Aberta. "Todos os alunos se mobilizaram muito. Ninguém parou, e os programas de rádio também continuaram sendo produzidos", lembra o jornalista Pedro Valente, um dos editores na época.
Para Eduardo Meditsch, o fato de os veículos de comunicação terem perdido o interesse jornalístico pelo movimento aumentou a importância do sítio, que fornecia informações sobre o MEC, os sindicatos e as outras instituições em greve. "Chegávamos a dar notícias em tempo real das decisões das assembléias das outras universidades", destaca o professor. Naquela época, o número de acessos à homepage aumentou muito. Cerca de 2.500 pessoas Brasil visitavam a página diariamente.
O número de acessos da página é computado desde 4 de abril de 1998. Cerca de 87% das pessoas que lêem as notícias estão no Brasil, mas há acessos também nos Estados Unidos, de Alemanha, de Portugal, Canadá, França, Reino Unido e dezenas de outros países. Os acessos do exterior são atribuídos, majoritariamente, a professores da Universidade Federal de Santa Catarina que estão fora em formação ou viagem. O recorde de visitas aconteceu durante o Vestibular 1999, no dia 30 de dezembro, quando 31.288 pessoas acessaram o Universidade Aberta em um único dia.
(*) Estudantes do projeto Universidade Aberta