PALAVRA DE LEITOR
Entre os atuais jornais britânicos, apenas Star e Sport têm fontes de informações pouco sérias. Mas, principalmente em fins de semana, seriedade é o que menos importa a leitores de jornais. E a verdade é ainda mais escancarada se se considerar o leitorado jovem, peça chave para a saúde de longo prazo dos jornais de hoje.
As afirmações são de Tim Ewington [27/5/03], em matéria sobre pesquisa quantitativa com leitores de 2 mil jornais britânicos feita pelo Financial Times. Os resultados indicam que notícias importantes não são mais o que o leitor médio procura em primeiro lugar nos fins de semana. Na verdade, tanto para leitores jovens de jornais comuns ou de tablóides de sábado, notícias não estão nem entre as primeiras quatro áreas mais procuradas.
Nos dias de semana, notícias sérias (hard news) são o que mais interessa o leitor médio (além de esportes, apenas para o sexo masculino). Leitoras do sexo feminino com menos de 45 anos são as que mais omitem as hard news da relação das quatro primeiras seções lidas nos fins de semana, preferindo resenhas, programação de fim de semana e artigos sobre televisão, lar e estrelas, além de revistas de domingo.
Para leitores de tablóides com menos de 45 anos, notícias que não tenham a ver com celebridades ou esportes raramente chegam nos quatro primeiro lugares. Para mulheres jovens, o poder das fofocas é notável, dominando o primeiro lugar na escolha do que lêem aos fins de semana. Programação de TV, artigos sobre novelas e horóscopos vêm depois. Esportes são igualmente dominantes entre jovens do sexo masculino.
Na leitura de jornais de fim de semana, o leitorado parece procurar valores que se assemelhem aos das revistas de domingo. O público encontra-se em um estado mental distinto, procurando uma experiência diferente da usual.
Para leitores jovens, a razão pela qual os jornais durante a semana são bem menos importantes é óbvia. Quase 90% dos entrevistados com menos de 45 anos sentem que a televisão e a internet suprem suas necessidades diárias de notícias. Mesmo entre leitores mais velhos, jornais nacionais ficam bem atrás da televisão como fornecedores de notícias importantes.
A confiança do público americano na mídia já era baixa, mas continua em franca queda. Segundo uma pesquisa da USA Today/CNN/Gallup, apenas 36% dos entrevistados acreditam que as organizações noticiosas trazem corretamente os fatos ao público.
De acordo com Peter Johnson [USA Today, 28/5/03], o crédito na mídia caiu de 54% em 1989 ? período da queda do comunismo ? para 32% ao fim de 2000, durante a confusão na apuração de votos nas eleições presidenciais americanas.
O caso Jayson Blair, que abalou a reputação do New York Times ao fabricar a plagiar dezenas de reportagens, não parece ser um fato determinante na onda de descrédito. Segundo a pesquisa, o público parece desinteressado dessa saga. Cerca de duas em cada três pessoas entrevistadas disseram que não estão acompanhando o caso.
A pesquisa também indica que a imprensa dá atenção aos próprios erros: 63% disseram que os jornais costumam publicar correções quando seus artigos possuem erros.