A GÊNESE DA BOLHA
Alberto Dines
Mostruário das nossas mazelas, os dez primeiros dias de junho funcionaram como um compacto da última década:
** Demissões na Folha de S.Paulo, tentativa de demissões no Estado de S.Paulo (suspensas na última hora), demissões e abalo no Valor, demissões no Jornal do Brasil seguida de mais uma crise e do inevitável troca-troca de comando da redação.
** O patronato e os profissionais que contrataram para escapar das aflições estão tentando inventar um jornalismo sem jornalistas. Como o Brasil é a terra dos milagres, pode ser que consigam. Releases não faltam, os assessores de imprensa afirmam que nunca as redações foram tão acessíveis e generosas.
** O Globo e Folha, novamente associados, investiram bom dinheiro numa promoção destinada a aumentar a venda avulsa aos domingos. Se graças à Lolita gratuita conseguiram esgotar as respectivas edições do domingo passado (8/6), estão de parabéns. Dificilmente conseguirão recolher nos domingos seguintes alguma sobra com os outros romances, estes cobrados à vista. Os reflexos na inserção de anúncios, no domingo de lançamento, foram apenas discretos.
** A Folha, além disso, brindou-nos com o relançamento da Ilustrada domingueira. Só que, ao mesmo tempo, num passe de mágica, acabou com o caderno TV Folha, cujo conteúdo será transferido para a nova Ilustrada. Mágica marqueteira: apesar da aparência de vantagem o leitor saiu perdendo porque a revista televisiva era bem mais jeitosa do que o novo-velho cadernão.
** Ao explicar o relançamento da Ilustrada dominical, a Folha fez-nos o favor de relembrar que o caderno foi suspenso em 1992 e substituído pelo Mais!.
** O ano de 1992 marcou o início da bolha marqueteira que produziu a maior derrocada coletiva da história da imprensa brasileira.
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