PRAGA MUNDIAL
Chico Bruno (*)
Os grampos baianos permanecem na mídia graças à revista IstoÉ e ao jornal A Tarde, de Salvador. E o off, a informação confidencial passada por fontes sigilosas, continua na ordem do dia. Em Portugal, as "fugas", como são chamadas tais fontes, vem sendo questionadas pela própria imprensa portuguesa, após os casos de pedofília da Casa Pia, que envolve personalidades do meio artístico e político portugueses, e nos Estados Unidos, a partir das matérias forjadas pelo repórter Jayson Blair no New York Times. O escândalo do jornalão americano mereceu neste domingo, 8 de junho, entrevista de mais de meia página na Folha com o jornalista Gay Talese, autor do mais famoso livro sobre a história do NYT.
Na entrevista, Gay Talese prega o fim do anonimato das fontes jornalísticas. Segundo o velho jornalista americano, é chegada a hora de dar fim ao que ele classifica de "praga". Talese está com razão. Os repórteres estão preguiçosos. Fazem das tais fontes a argamassa da apuração. Acomodados em suas poltronas, a bordo de telefones fixos e móveis, removem montanhas de informação para se apegar ao off. Recusam-se a fixar o olho no olho das fontes, e perversamente as omitem dos leitores. É preciso acabar com a infestação perniciosa do off, que permeia o jornalismo lá, aqui e alhures.
Os recentes acontecimentos que maculam o jornalismo em Nova Iorque, em Portugal e em nosso país precisam ser pensados com muita isenção pelos jornalistas, pois estão jogando no lixo sua credibilidade. A hora é oportuna. Não é problema paroquial de país subdesenvolvido ou emergente, é problema de escala, que assola também o Primeiro Mundo.
A oportunidade dessa discussão precisa aflorar em nossa mídia. O momento é ideal para este debate.
(*) Jornalista