Até que ponto cercear o direito de acesso à informação é concebível? Durante as Olimpíadas em Beijing, na China, os atletas – e, conseqüentemente, quem participa do processo – terão que se curvar ao rigor da lei chinesa. A fim de garantir a segurança do todo. O acesso à rede mundial de computadores foi limitado. Os internautas que estão lá, e quem estivesse interessado em conhecer sobre assuntos diversos da cultura chinesa, tiveram a oportunidade de pesquisar enquanto não puseram os pés no país.
O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos na China (COC) teme que informações ilegais venham a público. Que informações seriam estas? Talvez revelações sobre as ações do governo chinês durante o massacre na Praça da Paz Celestial em 1989, quando manifestantes pacíficos protestaram contra o governo comunista na ocasião. De acordo com os jornais da época, cerca de 400 civis morreram e 7 mil pessoas ficaram feridas.
Isto foi o que se soube até então, já que ao que se sabe a imprensa internacional foi convidada a se retirar do país. Ou por que não relembrar outras manifestações travadas em 1945,no Tibete, quando se descobriu a figura do Dalai-lama, Tenzin Gyatso? Saber o que tem feito o povo tibetano 49 anos após a ocupação militar chinesa na região renderia boas matérias. Os ‘oprimidos’ seriam oportunistas a ponto de aproveitar o momento de visibilidade da nação. Perante o mundo, emergiriam com força total, com o objetivo de impulsionar uma revolução contra o regime vigente…
Confiar na criatividade
Imaginação ou não, o presidente da China, Hu Jintao, prefere não arriscar. Em todo lugar, a imprensa é sempre bem vinda, desde que se comporte. O Comitê Olímpico Internacional (COI) está triste com o comportamento da organização do evento. Antes das preparações oficiais para as Olimpíadas, acordos foram fechados com o COC e, conseqüentemente, com o governo chinês. Foi prometido o acesso livre da internet à imprensa.
Agora, véspera dos jogos, das transmissões dos veículos de comunicação dos países participantes para todo o mundo, parece não haver tempo para reivindicar. Resta confiar na criatividade dos profissionais que são o fio condutor da notícia. De modo que, ao publicitar o evento os jornalistas não caiam na rotina, já que os mesmos não poderão utilizar todos os recursos diante da restrição na busca pela informação em Beijing. A 29ª Olimpíada poderia começar de maneira diferente. Espera-se que termine com êxito.
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Estudante do 7º período de Jornalismo da Uni-BH, Belo Horizonte, MG