Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Judith Miller na mira do Post

ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA

Um artigo do Washington Post [25/6/03] levanta sérias dúvidas com relação ao papel de Judith Miller na cobertura da invasão anglo-americana do Iraque junto ao Time de Exploração Móvel Alfa (MET Alpha, sigla em inglês), unidade designada para localizar armas de destruição em massa. Um oficial ligado ao caso disse que a equipe se transformou no "Time Judith Miller", dado que ela interferiu sobremaneira em sua atuação. A jornalista acompanhava o MET Alpha dentro do programa de repórteres "embedded" criado pelo Pentágono.

O Post afirma ter conversado com mais de meia-dúzia de oficiais que alegam que Judith funcionou como intermediária entre a unidade e o líder do Congresso iraquiano Ahmed Chalabi, com quem tem antigo contato. Ela teria acompanhado o Exército numa incursão ao quartel-general de Chalabi, quando foi preso o genro de Saddam Hussein, Jamal Sultan Tikriti. A correspondente teria ainda presenciado seu primeiro interrogatório.

Em abril, ela enviou carta a um comandante contestando ordem de retirada da cidade de Talil para o MET Alpha. Classificou o recuo da unidade como "uma perda de tempo" e ameaçou cobrir isso negativamente no Times. Quando a questão chegou a um general de duas estrelas, a ordem foi suspensa. Andrew Rosenthal, subeditor administrativo do diário nova-iorquino, negou as acusações contra Judith e disse que a carta foi algo rotineiro, cujo conteúdo se distorceu. "Ela não conduziu o MET Alpha. Ela é civil. Judith Miller é uma repórter e não integrante das forças armadas americanas. Ela os acompanhou até o ponto em que permitiram".

Antes mesmo da suspeita com relação à atuação duvidosa da repórter junto ao MET Alpha, críticos já apontavam excesso de otimismo de suas matérias sobre o time. Judith escreveu matérias com chamadas como "Analistas americanos relacionam laboratórios iraquianos a armas biológicas", "Experts encontram material radioativo no Iraque" e "Forças lideradas pelos EUA ocupam complexo em Bagdá repleto de agentes químicos". Essas histórias, no entanto, acabaram por não ter desenlaces de fato incriminatórios ao Iraque.