Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Milton Coelho da Graça

MÍDIA EM CRISE

Diversidade e qualidade em perigo”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 13/6/03

“Nunca as grandes empresas americanas de comunicação fizeram um lobby tão forte como agora, ?empurrando? a FCC (a agência federal reguladora) para a mudança que permitirá maior concentração de propriedade de jornais, rádios e tevês – tanto horizontal (número de regiões atingidas pelo mesmo grupo) como vertical (número de meios na mesma região).

Essa decisão poderá vir a ter inclusive enorme influência no futuro da legislação e do controle da mídia no Brasil. O presidente da FCC é filho do Secretário de Estado, Colin Powell, mas suas opiniões até agora parecem mais afinadas com as do magnata Rupert Murdoch, comprovadamente adepto de um catecismo superconservador em seus jornais e emissoras, além de ser francamente defensor da concentração empresarial ilimitada.

Felizmente tem sido também forte a resistência – política e, agora, jurídica – às mudanças desejadas por Powell, tanto por uma boa parte da mídia (onde se destaca o New York Times) até um bom número de ONGs alinhadas com a defesa dos interesses e direitos da cidadania. No site da Common Cause, além de muito material sobre o assunto, podem ser encontrados os sites de muitas outras organizações empenhadas nessa luta.

Errar é mais fácil do que acertar

A IBM nasceu e cresceu com a invenção do computador, mas até hoje não se recuperou de ter duvidado do futuro do computador pessoal. Tenho procurado identificar momentos e decisões que produziram a situação atual da Rede Globo, depois das seis décadas de ascensão contínua sob o comando de Roberto Marinho.

Previsões equivocadas na área financeira e sobre a evolução da economia brasileira foram naturalmente o fator mais relevante no atual endividamento das Organizações Globo. Mas algumas frases, pronunciadas em reuniões e entrevistas por executivos e consultores do grupo, ajudam a entender as teorias administrativas que substituíram a sabedoria intuitiva e o bom senso do ?dr. Roberto?: ?Talento às vezes atrapalha? e ?Primeiro aluno sempre cria mais problemas? (estas são de autoria de um especialista em recursos humanos, definindo critérios para seleção de pessoal); ?Importante é a marca, não o produto? (de um consultor supercaro, explicando por que, no mundo globalizado, até 2005 só iriam sobreviver três marcas de cerveja em todo o mundo – acabei de tomar uma Lokal bem geladinha); ?O objetivo mais importante é sempre o market share? (esta provavelmente convenceu o comando das Organizações a lançar o Diário de São Paulo para ser o jornal paulista de maior circulação, a revista Época para desbancar Veja, e Valor, com o objetivo de se tornar o principal jornal econômico do país.

Adolfo Bloch tinha uma teoria – que também contribuiu para o fim de seu império de mídia: ?Nenhuma de minhas revistas dá lucro, o que dá lucro é o conjunto?.

Conto com a colaboração dos leitores que tenham testemunhado outras preciosidades como essas.”

Folha de S. Paulo acaba com regional”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 13/6/03

“A última edição do caderno Folha Vale, da Folha de S. Paulo, vai circular no próximo domingo (15/06). O jornal decidiu descontinuar o caderno e acabar com a regional de São José dos Campos. ?Essa decisão complementa o ciclo de cortes que a Folha estava fazendo?, explica Raimundo Cunha, gerente administrativo das redações do Grupo Folha.

A Folha Vale traz matérias de cidades e material do caderno Cotidiano do diário. O caderno circula no litoral Norte de São Paulo e na região do Vale do Paraíba. Das quatro pessoas que trabalham na regional só Eliane Mendonça continuará fazendo matérias para a Folha, como correspondente. O editor José Bonifácio da Silva vai trabalhar na sede, em São Paulo, e Keila Ribeiro e Maria Teresa Moraes foram demitidas.

As regionais de Campinas e Ribeirão Preto serão mantidas.”