Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A guerra, a verdade e a imprensa

THE WASHINGTON POST

"Quando começa uma guerra, a primeira vítima é a verdade". A frase do senador californiano Hiram Johnson, criada na época da 1a Guerra Mundial, voltou à tona este ano, com as informações desencontradas que surgiram durante a invasão anglo-americana do Iraque. O ombudsman do Washington Post, Michael Getler, em coluna de 15/6/03, destaca a necessidade de se saber se a verdade esteve mesmo entre as baixas deste conflito. Há sinais de que a administração Bush usou falsos pretextos para atacar Saddam Hussein. A evidência mais forte é que, até agora, não foram encontradas as armas de destruição em massa que o ditador estaria escondendo.

A tarefa de esclarecer o que aconteceu é necessária, mas muito difícil, observa o ombudsman. O congresso americano, que deveria investigar o caso, não tem feito muito neste sentido. Sobrou para a imprensa este delicado assunto, que, além de ter implicações políticas, lida com informações muitas sigilosas. Getler tem recebido reclamações de leitores que acreditam que a mídia não está fazendo seu papel. Ele cita algumas reportagens do Post em que o governo é questionado e chama atenção para o problema das fontes não-identificadas. Será difícil que alguém por dentro da estratégia da equipe de Bush queira falar "on the record". Ao mesmo tempo, basear reportagens em fontes anônimas, mesmo que sejam confiáveis e tudo seja checado com outras pessoas, é algo que suscita dúvidas no leitorado.

Getler conclui que "os veículos de comunicação devem sair atrás de todas as respostas, tomar cuidado para não serem usados, checar suas informações com múltiplas fontes e conseguir o máximo possível com fontes identificadas. Os leitores têm de ser mais abertos a não rejeitarem automaticamente reportagens que usam fontes anônimas".