Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fernando Canzian

VIVENDI À VENDA

“Vivendi coloca seu ?império? à venda”, copyright Folha de S. Paulo, 8/07/03

“A segunda maior empresa de mídia do mundo, a Vivendi Universal, deve ser vendida até o final de julho em um negócio que valeria um roteiro de cinema à altura de ?Wall Street? e de seu Gorgon Gecko, protagonizado por Michael Douglas nos anos 80.

Um dos principais atores da negociação é o ambicioso herdeiro de uma empresa de bebidas que já escreveu músicas para Celine Dion e que sonha recuperar o que já lhe pertenceu -a própria Universal e o dinheiro da família.

A Vivendi Universal está à venda por causa de dívidas pesadas, de mais de US$ 30 bilhões, que o seu controlador, um grupo francês, contraiu durante a febre da expansão dos negócios de mídia e internet há três anos. A Vivendi francesa não tinha nada a ver com o ramo. Estava no negócio de tratamento de água. Na onda da diversificação, adquiriu em 2000, por US$ 34 bilhões e de uma vez só, a Universal e a companhia de bebidas Seagram do norte-americano Edgar Bronfman.

Bronfman herdou a Seagram da família há vários anos e havia comprado a Universal em 1995, em um dos piores momentos da história da companhia. Em pouco mais de três anos, ele recolocou a Universal no topo dos estúdios de Hollywood, ressuscitou a MCA Records e consegui encher novamente de gente e de dólares os parques temáticos da empresa.

Acabou indo longe demais.

Estimulado pela ?exuberância irracional? recente na economia americana, Bronfman vendeu a companhia para a Vivendi. A idéia era continuar no ?board? da empresa como o maior acionista individual e ampliar seus tentáculos, adquirindo outros negócios para superar seu maior concorrente, a AOL Time Warner.

Quando a chamada ?bolha financeira? que estimulava os negócios estourou no final do ano 2000, a Vivendi Universal tinha muito mais empresas e muito menos público do que antes.

Afundada em dívidas, decidiu colocar à venda toda a sua área de entretenimento -que Bronfman pretende agora recomprar para readquirir o controle total.

Além dele, outros grandes grupos de mídia, principalmente americanos, entregaram ofertas para o negócio, que deve ser fechado acima dos US$ 11 bilhões.

Entre os interessados com chance, além de Bronfman, estão os grupos Liberty Media, a General Electric, dona da rede NBC nos EUA, a Metro-Goldwyn-Mayer e a Viacom. Em um primeiro momento, a Vivendi pretendia se desfazer também da área musical da empresa, mas optou por deixar o negócio mais para a frente.”

 

NEW YORK TIMES

?New York Times? escolhe seu novo editor-executivo”, Folha de S. Paulo, 15/07/03

“O jornal ?The New York Times? anunciou que Bill Keller será seu novo editor-executivo. Ele assume o lugar ocupado até o mês passado por Howell Raines, que saiu em meio à mais dramática crise da história do diário.
Keller, 54, é colunista do ?Times?, onde foi secretário de Redação. Chega agora ao cargo que disputou há dois anos, quando perdeu a corrida para Raines.
?Essa organização é um patrimônio nacional. Farei tudo que estiver a meu alcance para melhorar seus altos padrões, preservar sua integridade e alcançar novas conquistas?, disse ele.
Seu nome foi anunciado pelo publisher, Arthur Sulzberger Jr., em cerimônia feita na Redação e marcada por nova rodada de lágrimas entre os jornalistas.
Keller terá pela frente o desafio de superar a crise iniciada com a divulgação de que um repórter do jornal, Jayson Blair, havia inventado informações e plagiado textos de outras publicações.
A correção dos erros detectados pelo ?Times? inflou o racha interno que derrubou Raines.
Em sua primeira entrevista após sair do diário, à rede pública PBS, Raines revelou que só se demitiu após pedido de Sulzberger. ?Arthur disse: ?Não penso que podemos acalmar esse lugar?.?
Raines disse ainda que queria ser ?um agente de mudança, levar uma equipe talentosa que estava retida numa cultura de complacência a uma cultura de desempenho?. Sulzberger rebateu ontem a afirmação em referência indireta: ?Não há complacência aqui. Nunca houve. Nunca haverá?.
O novo editor-executivo -que assume no próximo dia 30 o posto ocupado interinamente por Joseph Lelyveld- tem perfil bem distinto do de seu antecessor.
Enquanto Raines era conhecido pelo ?gatilho rápido? para as notícias e pela relação de amor e ódio com a equipe do jornal, Keller é visto como frio e controlado, além de ser mais popular entre seus novos subordinados.
Ele disse não achar que o jornalismo seja ?uma missão de combate sem fim?. Afirmou que atuará para que os jornalistas do diário ?aproveitem um pouco mais? a vida. ?Isso melhorará seu trabalho tanto quanto uma cobrança de competitividade.?
Keller chegou ao jornal em 1984. Trabalhou como correspondente em Moscou e em Johannesburgo. Em 1989, ganhou um prêmio Pulitzer -o principal do jornalismo americano- por sua cobertura da União Soviética.
Ele se torna editor-executivo após se posicionar contrário ao próprio ?Times? em relação à Guerra do Iraque -enquanto o jornal criticou a ação dos EUA, Keller a apoiou em sua coluna.
A escolha de um nome interno para o cargo após a crise confirma previsão feita por estudiosos do ?Times?. Após a divulgação do nome de Keller, a cotação da empresa subiu na Bolsa. Mas o movimento foi revertido à tarde, e as ações fecharam em baixa de 0,3%. A variação foi afetada também pela expectativa de divulgação, hoje, dos resultados do segundo trimestre. A previsão é que os ganhos por ação caiam 12% em relação ao mesmo período de 2002.”

 

JORNAL GRATUITO / EUA

“Washington Post lançará tablóide gratuito”, copyright O Estado de S.Paulo, 11/7/03

“A Washington Post Corp., a empresa que edita o Washington Post, um dos mais respeitados jornais dos Estados Unidos, lançará um tablóide gratuito, no início de agosto. Será semanal, distribuído pela manhã, na hora do rush, nas estações do metrô, como parte de um esforço para atrair jovens leitores e enfrentar competidores potenciais.

O jornal, com uma seção apenas, se chamará Express, e incluirá notícias do serviço online e sumários de matérias de entretenimento e será produzido por um pequeno grupo de funcionários da redação do washingtonpost.com.”

 

SHARON vs. BBC

“Sharon boicotará BBC na visita a Londres”, copyright O Estado de S.Paulo, 11/7/03

“JERUSALÉM – Durante sua visita à Grã-Bretanha, na semana que vem, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, vai boicotar a emissora britânica de televisão BBC por causa de sua cobertura sobre Israel, informou ontem o diário local Haaretz. A BBC não foi convidada para a entrevista coletiva que Sharon dará em Londres aos jornalistas britânicos. Além disso, ele recusou um pedido de entrevista da emissora.

O governo israelense decidiu, há duas semanas, boicotar a BBC por causa do documentário retransmitido duas vezes no fim de semana retrasado pela rede mundial de TV a cabo da emissora, intitulado A Arma Secreta de Israel.

Sua intenção era expor, com a ajuda de câmeras escondidas, o programa secreto israelense de armas nucleares. O documentário, exibido pela primeira vez em março na Grã-Bretanha, criticou o que caracterizou de hipocrisia do Ocidente em permitir que Israel supostamente desenvolva armas de destruição em massa enquanto exige, sob ameaça da força, que outros países na região ponham fim a essa atividade. Israel se nega a admitir que tem armas nucleares, apesar de especialistas ocidentais terem certeza disso.

Funcionários israelenses reagiram com firmeza, barrando na prática todos os contatos oficiais com a TV, que tem espectadores em 256 milhões de lares ao redor do mundo. O escritório do primeiro-ministro israelense está proibindo que assessores do governo, porta-vozes e ministros sejam entrevistados pela BBC.

O principal representante do governo para o contato com a imprensa estrangeira disse que a punição irá além do boicote: os repórteres da rede terão dificuldade de renovar vistos, cruzar a fronteira de Israel e superar a burocracia do país, às vezes confusa, na hora de lidar com permissões e outras questões.

?Nossa sensação é a de que eles têm uma política preconceituosa contra Israel?, afirmou Dan Seaman, chefe do Escritório de Imprensa do governo, reclamando que reportagens ?tendenciosas? da BBC alimentam o anti-semitismo na Europa. (DPA e The Baltimore Sun)”